Cruz
As representações gráficas da cruz são muitas e variadas, assim como a sua simbologia. A Crux Dissimulata, semelhante à cruz gamada ou suástica, mas com os braços no sentido contrário aos dos ponteiros do relógio, dizia-se ter sido criada para disfarçar o seu simbolismo religioso cristão dos perseguidores fiéis de Cristo. Mas tal não poderia ter sido verdade, dado que os primeiros cristãos simbolizavam Cristo com o cordeiro do sacrifício e só no século VII a cruz foi admitida e generalizada como símbolo dos cristãos. Passagens da Bíblia diziam que Jesus tinha sido pendurado numa árvore e não numa cruz.
A cruz que no Ocidente era conhecida por Celta, e que também foi usada pelos cristãos, era já utilizada na antiga Índia como um símbolo de união sexual, a kiakra, e ainda hoje é usada com esse sentido pelas comunidades ciganas. A cruz copta tinha na sua forma original o símbolo do Sol, a roda, à qual foram associados os quatro pilares que sustinham o céu nos quatro cantos do Mundo e, mais tarde, os quatro pregos de Cristo que espalharam o seu sangue pelo mundo. Na Idade Média, o facto de as representações de Cristo passarem a ter só três pregos, suscitou na tradição cigana a crença de que o quarto prego teria sido roubado aos carrascos de Cristo por um cigano e que, como agradecimento, Cristo teria autorizado os ciganos a roubar aos que não pertencessem à sua etnia.
A cruz das cruzetas termina cada um dos seus braços com uma nova cruz e foi usada por cristãos e não-cristãos como um amuleto de boa sorte. A cruz estrela é uma variante da cruz grega de braços iguais, era representativa dos oito pontos cardeais nas bússolas e era usada como um símbolo sagrado. A cruz de forquilha, com as suas pontas fendidas, foi muito usada na heráldica medieval e associa a simbologia da cruz com a magia pagã da forquilha.
Inicialmente dedicada a Hecate, a deusa grega das encruzilhadas, símbolo do infinito e da união dos elementos feminino e masculino, a cruz grega precedeu a cruz latina como símbolo cristão e hoje é utilizada como símbolo mundial da Cruz Vermelha. A cruz latina, inicialmente rejeitada pelos padres cristãos por ser um símbolo pagão usado por gregos e egípcios, só começou a ser usada pelos cristãos a partir do século VII, constituindo a sua representação formal a partir do século XIX.
A cruz entrelaçada simboliza a união entre o mundo terreno e o mundo espiritual que se encontram interligados e interdependentes. A cruz gamada, semelhante à cruz suástica, deve o seu nome ao facto de a representação gráfica da cruz utilizar quatro vezes a letra grega gama. Amplamente utilizada pelos cristãos em túmulos e catacumbas, a cruz gamada foi um dos símbolos sagrados mais importantes e difundidos em toda a Antiguidade, fazendo parte de grande parte das moedas. Acompanhava as representações da Deusa (considerada a primeira mãe) na Grécia e Médio Oriente.
A cruz de Jerusalém, composta por quatro cruzes mais pequenas dentro de uma grande cruz, era a antiga cruz do centro da Terra que a tradição judaico-cristã ligou a Jerusalém por considerar ser esta cidade o centro religioso do Mundo. A cruz de Malta era representada nos antigos templos da Deusa antes de fazer parte da iconografia cristã, enquanto que uma sua variante, a cruz templária, também denominada de cruz da Ordem de Cristo, foi o símbolo das descobertas portuguesas figurando nos panos das velas das primeiras caravelas lusas.