Realizador, argumentista e produtor, Elia Kazan, cujo nome real é Elias Kazanjoglou, nasceu a 7 de setembro de 1909, em
Istambul, na
Turquia, de pais gregos que emigraram para os EUA quando era ainda uma criança. Kazan deixou-se seduzir pelo teatro ainda jovem e chegou a atuar num teatro de vanguarda, dirigindo depois peças da
Broadway de grande sucesso como, entre outras,
A Streetcar Named Desire (
Um Elétrico Chamado Desejo),
Gata em Telhado de Zinco Quente e
Morte de um Caixeiro Viajante. Conhecido por uma excelente e criativa direção de atores e seguidor do métodos de atuação de Konstantin Stanislavski, Elia Kazan foi um dos realizadores pioneiros de
Hollywood e utilizou o naturalismo como linguagem cinematográfica para criar alguns dos filmes mais memoráveis da
História do cinema. No cinema, Kazan iniciou-se como assistente do realizador de documentários, Ralph Steiner, e como ator em dois filmes,
City of Conquest (1940) e
Blues in the Night (1941), antes de ser contratado por Darryl Zanuck, da 20th Century Fox, em 1944. Um dos seus primeiros filmes,
A Tree Grows in Brooklyn (
Laços Humanos, 1945), arrebatou
Óscares especiais para melhores atores infantis atribuídos a
James Dunn e Peggy Ann Garner, o que evidenciou a sua grande habilidade para extrair dos atores com que trabalhava excelentes representações. O mesmo se passou com os filmes que se seguiram,
The Sea of Grass (
Terra de Ambições, 1947),
Boomerang (
Crime Sem Castigo, 1947) e
Gentleman's Agreement (
A Luz é Para Todos, 1947), com o qual ganhou o Óscar de Melhor Realizador.
Pinky (
Herança Cruel, 1949) aborda de forma pioneira o tema do racismo com a história de uma mulher negra de pele clara e
Panic in the Streets (
Pânico nas Ruas, 1950) é um policial que incide sobre o controlo de uma epidemia e que Kazan considerou como o seu primeiro filme "a sério". Mas a obra que ficou na
História do cinema foi a adaptação da peça de teatro de
Tennessee Williams com o mesmo nome
A Streetcar Named Desire (
Um Elétrico Chamado Desejo, 1951), que conquistou mais um Óscar para Elia Kazan e consagrou
Marlon Brando como uma grande estrela e expoente do "Método", uma técnica de representação ensinada no
Ator's Studio de Lee Strasberg, co-fundado por Kazan. Dois dos seus filmes seguintes contaram com a colaboração de
Marlon Brando, o que lhe valeu uma nomeação para o Óscar de Melhor Ator com a sua interpretação em
Viva Zapata! (1952), enquanto que
On the Waterfront (
Há Lodo no Cais, 1954) arrebatou oito Óscares da Academia, incluindo o de Melhor Filme, Realizador e Ator Principal. O seu filme
Man on a Tightrope (
Salto Mortal, 1953), sobre a história de um grupo de circo que foge do leste para o ocidente, leva-o a filmar no estrangeiro. Kazan iniciou-se como produtor em
East of Éden (
A Leste do Paraíso, 1955), acumulando esta função com a de realizador, trabalhando com grande mestria
James Dean como já o tinha feito antes com Brando. Esta adaptação da obra de
John Steinbeck obteve o Prémio de Cannes em 1955 e apresenta um grande domínio das técnicas de cinema. Os seus filmes seguintes,
Baby Doll (
A Voz do Desejo,1956),
A Face in the Crowd (
Um Homem na Multidão, 1957),
Wild River (
Quando o Rio se Enfurece, 1960),
Splendor in the Grass (
Esplendor na Relva, 1961), embora de grande qualidade, não conseguiram ombrear com os sucessos anteriores, enquanto que
America, America (
América, América, 1963), baseado nas experiências familiares de emigração de gregos para os EUA, obteve três nomeações para os Óscares de Melhor Filme, Realizador e Argumento, marcando a estreia de Elia Kazan como escritor e argumentista. Os três últimos filmes que dirigiu foram
The Arrangement (
O Compromisso, 1969), de que ele próprio escreveu o livro e o argumento,
The Visitors (1972) e a adaptação do livro de F. Scott Fitzgerald
The Last Tycoon (
O Grande Magnata, 1976). Afastado do cinema e do teatro, Elia Kazan publicou a sua autobiografia em 1988, com o título
A Life. Casado com as atrizes Molly Thatcher e, posteriormente, Barbara Loden, Kazan teve um filho, Nicholas Kazan, que é argumentista e realizador. A sua vida foi também marcada pela vergonha, ao ter denunciado muitos dos seus colegas como suspeitos de professarem o comunismo para a Lista Negra do Comité das Atividades Contra a
América, em 1952, arruinando muitas carreiras. Este facto fez com que a atribuição a Elia Kazan do Óscar Honorário em 1999 fosse extremamente contestada. Faleceu a 28 de setembro de 2003.