Denominação dada ao autor desconhecido de uma série de pinturas do século XVI. Calcula-se que este mestre tenha estado profissionalmente ativo entre 1500 e 1540 e pela análise das suas obras chegaram certos historiadores, como Reynaldo dos Santos e Luís Reis-Santos, a colocar a hipótese de ser de origem flamenga, como foi o caso de bastantes outros artistas desta época. Luís Reis-Santos foi de facto o primeiro historiador a dedicar-se ao estudo das pinturas deste mestre (e o que propôs o nome que o identifica), a partir de duas chamadas
São João Batista no Deserto e
São João Evangelista em Patmos (c. 1515) que se encontram na Santa Casa da Misericórdia da Lourinhã. Estas duas pinturas tinham sido oferecidas pela segunda mulher do rei D. Manuel, a rainha D. Maria, a um mosteiro de monges jerónimos existente na ilha Berlenga, e quando este se extinguiu foram levadas para o Mosteiro de Vale Benfeito (
Peniche) e, posteriormente, para a dita Misericórdia. Algumas das demais obras atribuídas ao Mestre da Lourinhã encontram-se no
Museu Nacional de Arte Antiga (oito pinturas sobre madeira - entre as quais
Cristo envia S. João e S. Tiago em Missão Apostólica e
S. Tiago e Hermógenes -, que pertenceram presumivelmente ao Mosteiro de Palmela, o
Tríptico dos Infantes e o
Pentecostes), na Sé do Funchal (um retábulo datado de cerca de 1510/1515, encomendado por D. Manuel), na igreja do santuário do
Cabo Espichel, na igreja Matriz de Arruda dos Vinhos, na de
Cascais, na Fundação Ricardo Espírito Santo (
A Virgem e o Menino) e no Museu de Beja (
Martírio de Santa Bárbara). O conjunto das pinturas que lhe são atribuídas destacam-se pelo marcado estilo próprio do autor, que não se limitaria a copiar nem faria parte de uma oficina, e pelo avanço técnico e estilístico em relação à época perante o que se fazia em
Portugal. Entre várias hipóteses colocou-se a de este personagem ser o pintor Álvaro Pires, uma vez que também executava magistralmente obras encomendadas pelo rei e seus familiares e se encontram semelhanças no que se refere à execução pictórica.