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Língua Portuguesa
Padre Manuel Bernardes
Após ter aprendido as primeiras letras no Colégio de Santo Antão, em Lisboa, Manuel Bernardes estudou Filosofia e Direito Canónico em Coimbra. Ordenou-se sacerdote, chegando a ser confessor do bispo de Viseu, D. João de Melo, e professou aos trinta anos na Congregação do Oratório de S. Filipe de Néri. Nesta instituição, onde viveu trinta e seis anos de clausura, dedicou-se ao aperfeiçoamento moral dos alunos, à composição das suas obras, na área da teologia ascético-mística.
Assim como o Padre António Vieira, este clérigo foi modelo da oratória sagrada. Considerava que o orador devia empregar todos os seus esforços na sua função, aconselhando-o à revisão em três exames dos sermões e ao uso de algumas virtudes na construção textual: a castidade, a humildade e a verdade. Repreendia os pregadores do seu tempo que eram de palavras e de pensamentos e não de palavras e de obras. Desejava ver no pregador verdade e simplicidade:
Que importa que o pregador escolha por matéria tratar da paixão de Cristo, se a trata com estilo tão brilhante e frase tão ostentosa e erudições tão das letras humanas, que sai um Cristo todo doirado e uma cruz de filigrana? Mostráreis vós um cruxifixo com sangue e chagas, nódoas e vergões e veríeis que diferente emoção havia no auditório!...Bernardes tinha como objetivo pescar almas para Deus, compondo, para o efeito, textos claros, simples, breves, sérios no tratamento das escrituras e nunca fastidiosos, por cautela com as motivações do público.
Cultivou o estilo religioso e espiritual, místico e narrativo. A linguagem das suas composições é emotiva, carregada de adjetivos e substantivos abstratos, lírica e afetiva, musical e harmoniosa. Usa de frase elegante, de variedade de construção e de naturalidade de diálogos. Possuidor de um ânimo pacífico e inocente, este padre foi um contemplativo que, durante longo tempo atrás das grades de um convento, rezou e burilou frases simples, claras e cheias de uma credulidade simplista a contrastar, por vezes, com um sorriso de malícia ingénua. Opõe-se, pela sua simplicidade, ao estilo de Frei António das Chagas que prima pelo brilho da retórica e dos floreados. Estava absorto no Criador e este amor verdadeiro que por ele nutria levou a geniais composições em que a poesia o procurava espontaneamente, sem grandes fulgores de arte retórica e galanterias à maneira barroca. Foi, por conseguinte, não só admirado, mas também amado.
Das suas obras, destaca-se Exercícios Espirituais e Meditações da Via Purgativa (1686), Luz e Calor: Obra Espiritual para os que Tratam do Exercício de Virtudes e Caminhos da Perfeição (1696), Armas de Castidade (1699), Nova Floresta ou Silva de Vários Apotegmas (cinco volumes publicados entre 1706 e 1728), Estímulo Prático para Seguir o Bem e Fugir do Mal (1730).