Aquilino Ribeiro
Ficcionista, autor dramático, cronista e ensaísta português, nasceu em Sernancelhe, na Beira Alta, a 13 de setembro de 1885, e faleceu em Lisboa, a 27 de maio de 1963. Os seus restos mortais foram trasladados para o Panteão Nacional em setembro de 2007, 44 anos após a sua morte.
Estudou em Lamego e Viseu, e em 1901 foi para Lisboa. Ex-seminarista, dedicou-se ao jornalismo, tendo colaborado, entre outras publicações, com o Jornal do Comércio, O Século, A Pátria, Ilustração Portuguesa, Diário de Lisboa, República, e pertencido ao grupo que, em 1921, fundou Seara Nova.
Ligou-se ao movimento republicano e interveio ativamente na revolução, chegando mesmo a ser preso. Fugiu para Paris, frequentou a Sorbonne e escreveu o seu primeiro livro, intitulado Jardim das Tormentas (1913).
Regressado a Portugal depois da eclosão da Grande Guerra em 1914, exerceu a carreira de professor e foi conservador na Biblioteca Nacional até 1927. Obrigado de novo, por razões políticas, a sair do País, só regressou definitivamente em 1933.
A evocação de peripécias da sua existência em algumas das obras ficcionais impõe, na análise da novelística de Aquilino, a apreensão de uma inspiração autobiográfica (nomeadamente em volumes como Cinco Réis de Gente, Uma Luz ao Longe, Lápides Partidas, O Homem que Matou o Diabo, entre outros), ao mesmo tempo que os seus escritos de índole memorialista (É a Guerra, Alemanha Ensanguentada, Um Escritor Confessa-se), no registo impressivo de décadas durante as quais o país e a Europa sofrem profundas convulsões, constituem um testemunho histórico precioso no esboço da história de uma metade de século tragicamente protagonizada por "guerras, ditaduras, revoluções, morticínios, [...] inocências e desenganos, bateladas de mortos" (cf. "Nota preliminar a O Malhadinhas, Amadora, 1958).(...)
Foi, em 1956, eleito o primeiro presidente da Associação Portuguesa de Escritores, como prova do reconhecimento de que a sua obra gozava, mas também do consenso reunido à volta de uma figura tornada carismática pela sua postura cívica quase heroica.
Em 1963, no momento em que se preparava para ser alvo de uma homenagem pública nacional, promovida por várias cidades e sugerida pelo cinquentenário da publicação de O Jardim das Tormentas, morreu subitamente.
A vastíssima obra de Aquilino Ribeiro abrange domínios variados que vão do romance, da novela e do conto às memórias, aos estudos etnográfico e histórico, à biografia, à polémica ou à literatura infantil.
Vários caracteres distinguiram, desde o momento da sua estreia e ao longo de mais de seis dezenas de volumes, o lugar singular que Aquilino veio ocupar na narrativa contemporânea; desses traços, o mais evidente seria, ao nível do estilo, a tendência para a integração de um manancial vocabular regional na sua própria escrita, efeito que, conjugado com a erudição e atravessando coloquialmente todos os níveis de discurso (direto, indireto, indireto livre), se é certo que levantava certos obstáculos de legibilidade - em 1988, o Centro de Estudos Aquilinianos editou um Glossário Aquiliniano -, dotava também os seus romances e narrativas curtas de certo casticismo linguisticamente sugestivo, na evocação do ambiente da Beira serrana nas primeiras décadas do século.
Indiferente aos contextos histórico-literários que foram seus contemporâneos (modernismo e, posteriormente, presencismo e neorrealismo), a obra de Aquilino foi recebida quer com entusiasmo pelos leitores que nela auscultavam a imagem de um Portugal ancestral, perdido num tempo e num espaço genesíacos, não propriamente utópicos, mas onde a ação do homem dependia da natureza, dos instintos, de uma religiosidade popular próxima da crendice e da superstição, em suma, da sua integração no cosmos, anterior à fratura com a civilização e com a entrada na época contemporânea; quer de forma redutora pelos que acusariam a sua falta de universalismo, o carácter pouco espontâneo e barroco da sua expressão linguística, a sua oposição à modernidade na manutenção dos moldes de composição tradicionais.
De entre os numerosos títulos que Aquilino publicou, merecem especial destaque Terras do Demo (1919), O Malhadinhas (primeira versão em 1922), Andam Faunos pelos Bosques (1926), O Romance da Raposa (1929), Cinco Réis de Gente (1948), A Casa Grande de Romarigães (1957) e Quando os Lobos Uivam (1959).
Estudou em Lamego e Viseu, e em 1901 foi para Lisboa. Ex-seminarista, dedicou-se ao jornalismo, tendo colaborado, entre outras publicações, com o Jornal do Comércio, O Século, A Pátria, Ilustração Portuguesa, Diário de Lisboa, República, e pertencido ao grupo que, em 1921, fundou Seara Nova.
Ligou-se ao movimento republicano e interveio ativamente na revolução, chegando mesmo a ser preso. Fugiu para Paris, frequentou a Sorbonne e escreveu o seu primeiro livro, intitulado Jardim das Tormentas (1913).
Regressado a Portugal depois da eclosão da Grande Guerra em 1914, exerceu a carreira de professor e foi conservador na Biblioteca Nacional até 1927. Obrigado de novo, por razões políticas, a sair do País, só regressou definitivamente em 1933.
A evocação de peripécias da sua existência em algumas das obras ficcionais impõe, na análise da novelística de Aquilino, a apreensão de uma inspiração autobiográfica (nomeadamente em volumes como Cinco Réis de Gente, Uma Luz ao Longe, Lápides Partidas, O Homem que Matou o Diabo, entre outros), ao mesmo tempo que os seus escritos de índole memorialista (É a Guerra, Alemanha Ensanguentada, Um Escritor Confessa-se), no registo impressivo de décadas durante as quais o país e a Europa sofrem profundas convulsões, constituem um testemunho histórico precioso no esboço da história de uma metade de século tragicamente protagonizada por "guerras, ditaduras, revoluções, morticínios, [...] inocências e desenganos, bateladas de mortos" (cf. "Nota preliminar a O Malhadinhas, Amadora, 1958).(...)
Foi, em 1956, eleito o primeiro presidente da Associação Portuguesa de Escritores, como prova do reconhecimento de que a sua obra gozava, mas também do consenso reunido à volta de uma figura tornada carismática pela sua postura cívica quase heroica.
Em 1963, no momento em que se preparava para ser alvo de uma homenagem pública nacional, promovida por várias cidades e sugerida pelo cinquentenário da publicação de O Jardim das Tormentas, morreu subitamente.
A vastíssima obra de Aquilino Ribeiro abrange domínios variados que vão do romance, da novela e do conto às memórias, aos estudos etnográfico e histórico, à biografia, à polémica ou à literatura infantil.
Vários caracteres distinguiram, desde o momento da sua estreia e ao longo de mais de seis dezenas de volumes, o lugar singular que Aquilino veio ocupar na narrativa contemporânea; desses traços, o mais evidente seria, ao nível do estilo, a tendência para a integração de um manancial vocabular regional na sua própria escrita, efeito que, conjugado com a erudição e atravessando coloquialmente todos os níveis de discurso (direto, indireto, indireto livre), se é certo que levantava certos obstáculos de legibilidade - em 1988, o Centro de Estudos Aquilinianos editou um Glossário Aquiliniano -, dotava também os seus romances e narrativas curtas de certo casticismo linguisticamente sugestivo, na evocação do ambiente da Beira serrana nas primeiras décadas do século.
Indiferente aos contextos histórico-literários que foram seus contemporâneos (modernismo e, posteriormente, presencismo e neorrealismo), a obra de Aquilino foi recebida quer com entusiasmo pelos leitores que nela auscultavam a imagem de um Portugal ancestral, perdido num tempo e num espaço genesíacos, não propriamente utópicos, mas onde a ação do homem dependia da natureza, dos instintos, de uma religiosidade popular próxima da crendice e da superstição, em suma, da sua integração no cosmos, anterior à fratura com a civilização e com a entrada na época contemporânea; quer de forma redutora pelos que acusariam a sua falta de universalismo, o carácter pouco espontâneo e barroco da sua expressão linguística, a sua oposição à modernidade na manutenção dos moldes de composição tradicionais.
De entre os numerosos títulos que Aquilino publicou, merecem especial destaque Terras do Demo (1919), O Malhadinhas (primeira versão em 1922), Andam Faunos pelos Bosques (1926), O Romance da Raposa (1929), Cinco Réis de Gente (1948), A Casa Grande de Romarigães (1957) e Quando os Lobos Uivam (1959).
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Como referenciar
Porto Editora – Aquilino Ribeiro na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2023-11-30 02:10:16]. Disponível em
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