Maçonaria
A primeira loja maçónica portuguesa estabeleceu-se em Lisboa, em 1735, graças à ação de João Custon (francês) e de Jacques Mouton (suíço). Nove anos depois, os primeiros maçons portugueses foram condenados pela Inquisição. A perseguição às lojas maçónicas fez-se de forma mais ou menos declarada ao longo dos tempos. Em 1801 haveria cinco lojas em Lisboa pertencentes a indivíduos de classes abastadas e intelectuais, entre os quais se contavam alguns eclesiásticos. O ano de 1804 ficaria marcado pela eleição do primeiro grão-mestre português, Sebastião José de Sampaio e Melo Castro e Luzignano.
Na época das invasões francesas (1807-1810), existiam condições propícias ao engrossamento dos quadros maçónicos. À maçonaria estiveram então ligadas algumas personagens do liberalismo e do anti-clericalismo português, como Almeida Garrett, Gomes Freire de Andrade, Manuel Fernandes Tomás, Saldanha e o próprio D. Pedro, entre outros. Torna-se visível o contributo da ideologia maçónica para a instauração do liberalismo. Em 1821, é eleito grão-mestre João da Cunha Souto Maior, homem que havia pertencido ao núcleo portuense dos conspiradores liberais.
A Maçonaria encontrou-se desde cedo associada também ao Republicanismo. Após um período de crise, em 1869 passa a existir um organismo central chamado Grande Oriente Lusitano Unido. Entre 1911 e 1926 a organização abarcava figuras de vulto como Costa Cabral, António Augusto de Aguiar, Elias Garcia, Bernardino Machado, António José de Almeida e Norton de Matos. Em 1935 foram proibidas as sociedades secretas pelo Estado Novo, o que constituiu um golpe difícil para a organização, embora se saiba que as atividades maçónicas não cessaram totalmente.
A Maçonaria divide-se em regular (que aceita a transcendência) e irregular (laicista). Em ambos os casos, o seu funcionamento interno é altamente ritualizado, dependente de símbolos e comportamentos rigorosamente estabelecidos e de feição iniciática. A hierarquia maçónica é constituída por três graus simbólicos: aprendiz, oficia ou companheiro, e mestre. Em algumas lojas, as mulheres são também admitidas (foi recentemente criada em Portugal, aliás, uma instituição maçónica feminina autónoma).