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A 10.ª Turista
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Peça censurada e representada clandestinamente, A 10.ª Turista, da autoria de Mendes de Carvalho, datada de 1972, apresenta uma crítica à urgência em criar no "País das Maravilhas" "uma infraestrutura turística, uma mentalidade turística, uma dinâmica turística, uma política turística" que suprisse a decadência de uma economia falida. A 10.ª Turista compõe uma sátira corrosiva a um país reduzido à escala decimal (os dias têm dez horas, o ano tem dez meses, recebe dez turistas que assistem a dez inaugurações, onde são proferidos dez discursos, etc.), onde tudo é regido por uma escala menor e onde "a redução das formas de consciência causa a morte da própria consciência (SOARES, Fernando Luso, prefácio à 1.ª edição de A 10.ª Turista). Na denúncia de uma sociedade povoada de seres fantoches suspensos por discursos ocos, a linguagem teatral assume-se como recusa de uma literatura para consumo burguês (cf. epígrafe de Vsevolod Meyerhold, a que é subordinada a coleção "Teatro Vivo", em que foi editada a segunda edição: "Os homens de teatro não devem atuar para os burgueses. Se os burgueses têm necessidade de ir ao teatro só para acompanhar as peripécias de um adultério ou só para ouvir ou ver, através do buraco da fechadura, como os atores se agarram, lutam, quebram a cabeça por insignificâncias, podemos declarar que não trabalhamos para esses consumidores."), incorporando as ruturas da vanguarda surrealista e do teatro do absurdo na desmontagem da encenação política e social de um país sob um regime ditatorial.
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Como referenciar
Porto Editora – A 10.ª Turista na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-15 22:01:21]. Disponível em

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