adivinha
Termo que designa um enunciado breve (sobre algo conhecido) que apela a uma resposta, contida no enunciado de forma enigmática e cifrada, de modo a não possibilitar ao destinatário a identificação rápida do referente. A adivinha, proveniente da literatura de transmissão oral, é transmitida, geralmente, pela fala e a sua autoria é anónima, pertencendo assim ao património coletivo.
A adivinha portuguesa apresenta uma estrutura tripartida: fórmula de introdução, corpo central; fórmula de conclusão.
As fórmulas introdutórias e conclusivas exercem, geralmente, uma função acessória e correspondem a expressões estabelecidas, com o objetivo do destinatário reconhecer o jogo da adivinha. Como fórmulas introdutórias destacamos "O que é, o que é" ou "Qual é a coisa, qual é ela" e como fórmulas conclusivas, de menor ocorrência, "Não adivinhas/ nem daqui a um mês" ou "Adivinha, se conseguires", cujo propósito é desestabilizar a confiança psicológica do interrogado, submetendo-se este a uma ridicularização pública caso falhe a resposta. De salientar que a ausência destas fórmulas não impede de reconhecer o enunciado como adivinha, dado que é no corpo central que se apresenta o enigma.
No corpo central do enunciado, são utilizados vários recursos que numa sugestão de facilidade, procuram enganar e iludir o recetor da adivinha. Assim, pode empregar-se, entre outros recursos:
- o clássico jogo de palavras ou o uso das potencialidades fónico-semânticas da língua (Uma meia meia feita, outra meia por fazer; diga-me lá, ó menina, quantas meias vêm a ser?);
- a resposta integrada na pergunta (Quanto pesa um quilo de algodão?);
- o jogo do género gramatical (Fêmea sou de nascimento, macho me fizeram ser; hei de morrer afogado, para fêmea tornar a ser);
- uma estrutura narrativa, apresentando um argumento logicamente encadeado (Uma casa edifiquei onde viver cuidei. Cuidando que era segura, foi tal a minha ventura; numa donzela me formei, saí por uma janela, à morte me entreguei).
A maior parte dos enunciados apresenta uma estrutura versificada, na qual se constatam as preocupações com a métrica, ritmo e rima. Verifica-se a presença de vários recursos estilísticos a nível semântico, como metáforas, comparações, antíteses, paradoxos, entre outros; a nível fónico, como aliterações, assonâncias; a nível morfossintático, como repetições, arcaísmos, parataxe.
Relativamente à classificação das adivinhas, os tratadistas propõem dois métodos: a ordenação alfabética, a partir das respostas das adivinhas compiladas, ou a organização segundo as relações do homem com o meio circundante.
Das várias coleções de adivinhas portuguesas salientamos algumas obras como Passatempo Honesto de Enigmas e Adivinhações (1603) de Francisco Lopes, As Adivinhas Populares (1881) de Teófilo Braga, Cal é Coisa? Cal é Ela? (1920) de Maria Valverde, Adivinhas Portuguesas (1957) de Manuel Viegas Tomás Pires, Adivinhas Populares Portuguesas (1988) de Viale Moutinho.
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