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Alcácer Quibir
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Praça marroquina onde, a 4 de agosto de 1578, o exército português, sob o comando de D. Sebastião, sofreu pesadíssima derrota. A batalha causou, entre muitas outras mortes, a do próprio rei português, que não deixou herdeiro. Assim, verificou-se uma crise dinástica que levou, em 1580, à perda da independência de Portugal com a subida ao trono de Filipe II de Espanha. D. Sebastião, desde novo influenciado pelas lutas que então se desenrolavam no Norte de África (como a defesa de Mazagão, em 1562), tem intenção de aí intervir, dado entender ser necessário reviver glórias passadas. Assim, desde que toma conta do governo, em 1568, vai começar a preparar a sua intervenção em África, que era como que um imperativo nacional, pois se pretendia beneficiar do comércio com esta zona, rico em ouro, gado, trigo, açúcar... Por outro lado, além de oferecer oportunidades à burguesia mercantil, era também um campo de atividade para a nobreza.
No Norte de África eram constantes as lutas entre várias fações marroquinas. O pretexto para a intervenção de D. Sebastião surge com a deposição, em 1576, do sultão Mulei Maamede pelo sultão Mulei Moluco, este auxiliado pelos Turcos. Ora, o auxílio dos Turcos era uma ameaça para a segurança das nossas costas e para o comércio com a Guiné, Brasil e Oriente. Por isso, D. Sebastião decide apoiar Mulei Maamede, que nos oferece Arzila, e procura apoio de outros reis. Filipe II vem a retirar-se. Da Alemanha, Flandres e Itália vêm soldados mercenários e auxílio em armas e munições. Faz-se o recrutamento do exército português, mas verifica-se muita corrupção, o que vai fazer com que o exército expedicionário, de cerca de 15 000 homens, seja pouco disciplinado, mal preparado, inexperiente e com pouca coesão.
D. Sebastião parte de Lisboa a 25 de junho de 1578, passa por Tânger, onde está Mulei Maamede, segue para Arzila e daqui para Larache, por terra, havendo quem preferisse que se fosse por mar, para permitir maior descanso às tropas. Seguem depois a caminho de Alcácer Quibir, onde encontram o exército de Mulei Moluco, muito superior em número. A 4 de agosto de 1578, com o exército esgotado pela fome, pelo cansaço e pelo calor, dá-se a batalha. Nestas condições, o exército português, pesem alguns atos de grande bravura, foi completamente dizimado, sendo muitos mortos, um dos quais o próprio rei D. Sebastião, que preferiu a morte à fuga, enquanto os sobreviventes foram feitos prisioneiros. Esta batalha é conhecida também pelo nome de "Batalha dos Três Reis", pois nela vieram a morrer, além de D. Sebastião, Mulei Maamede e Mulei Moluco.
Batalha de Alcácer Quibir - painel de João Cutileiro
O resultado e consequências desta batalha são catastróficos para Portugal. Morre o rei, D. Sebastião, não deixando sucessor, o que levanta uma crise dinástica e ameaça a independência de Portugal face a Castela, pois um dos candidatos à sucessão é Filipe II de Espanha. Filipe vem efetivamente a ascender ao trono em 1580, após a morte do Cardeal D. Henrique. A maioria da nobreza portuguesa que participara na batalha ou morreu ou foi aprisionada. Para pagar os elevados resgates exigidos pelos marroquinos, o país ficou enormemente endividado e depauperado nas suas finanças.
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Como referenciar
Porto Editora – Alcácer Quibir na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-18 02:39:29]. Disponível em

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