Alfredo Guisado
Poeta português, nascido a 30 de outubro de 1891, em Lisboa, e falecido a 30 de novembro de 1975, na mesma cidade. Assinou, entre 1915 e 1917, algumas obras com o nome Pedro de Meneses. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi deputado pelo Partido Republicano Português, tendo também desenvolvido a atividade de jornalista. Colaborou, entre outras publicações, nas revistas Renascença, Orpheu, Exílio e SW.
O essencial da sua atividade poética foi publicado na segunda década do século XX, no contexto da renovação poética do modernismo, produção que viria ser coligida ainda em vida do autor, em 1970, num volume designado Tempo de Orpheu. Se em Distância ecoa a estética sintetizada pelo poema-programa do paulismo Impressões de Crepúsculo de Fernando Pessoa, a publicação de 15 Sonetos no primeiro número de Orpheu, posteriormente coligidos em Ânfora, confirmam-no como um poeta na confluência de estesias várias como, além do paulismo, o simbolismo, o decadentismo e o saudosismo. No artigo "Bibliographia - Movimento Sensacionista", publicado em Exílio, em 1916, a propósito de uma recensão ao livro de Pedro Meneses, Elogio da Paisagem, Fernando Pessoa, ao fazer um balanço das atividades do grupo de Orpheu, insere o autor no "movimento sensacionista", enaltecendo, nas suas composições, "a exuberância abstrato-concreta das imagens", a "riqueza de sugestão na associação dellas", a "profunda intuição metaphysica".
Destas influências Alfredo Guisado cria uma arte poética original que tem como traços recorrentes: liberdades lexicais e sintáticas; regências insólitas; maiusculação de nomes; os compostos por justaposição; sinestesias; a alegorização e metaforização aristocrática, medievalista e exótica; num preciosismo que tende menos para a expressão de sentimentos do que para figurar como motivos do trabalho estético do poema. Óscar Lopes (Entre Fialho e Nemésio, II, Lisboa, 1987) ressalta a "inventividade da metáfora" e "equilíbrio de gosto", a "elegância do verso" deste autor que surpreende pela originalidade das imagens e alegorias, pelo ornamento do poema e pela expressão dramática da despersonalização: "Outrora alguém olhou com os meus olhos / E alguém sentiu também com os meus sentidos. / Alguém foi Eu em sonhos derruídos, / Alguém viveu de mim ante os teus olhos. // Por isso me vejo, me conheço / De me Ter visto outrora no meu Eu. / O meu passado é tudo que adormeço / Tudo o que envolvo em mim e me esqueceu. // E as minhas mãos que no teu sonho exaltas, / Outrora para Deus as elevei... / Não tocavam em Deus, eram mais altas. // Minha presença é alma que se ausenta / E o meu passado que ante mim deixei, / Uma cadeira onde ninguém se senta." («Outrora»)
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