atomismo
Este termo está ligado a duas conceções muito diferentes, e separadas por mais de dois mil anos, que muitas vezes têm sido confundidas ao serem relacionadas.
A primeira conceção refere-se ao atomismo grego (é para ele que remete normalmente o uso do termo atomismo sem mais), é uma conceção estritamente filosófica e devemo-la a Leucipo e a Demócrito, em meados do século V a. C., em Abdera.
As raízes do atomismo podem ser encontradas na escola pitagórica e na escola eleática. Esta doutrina durou até ao final do século IV a. C.
"Átomo", do grego, atomos, significa indivisível, é uma partícula ínfima, eterna, a última componente de todos os corpos do universo. Estas partículas agregam-se e desagregam-se segundo a lei da necessidade que impõe o seu destino. A desagregação destas partículas provoca a morte do ser que por elas era constituído, enquanto que a sua agregação provoca o nascimento de um ser. As almas também são constituídas por átomos, mas são mais subtis do que aqueles que formam os corpos. O atomismo, como se pode verificar, postula um materialismo integral.
Os átomos variam entre si, mas apenas quantitativamente, em termos de forma e de grandeza, e circulam no vazio; como os átomos são indivisíveis, os atomistas tiveram de encontrar uma solução para o facto de os corpos se poderem dividir: entre os átomos há um espaço ínfimo que é vazio e que permite que se possa dividir esse corpo. O vazio e o cheio são os dois princípios que constituem toda a realidade.
Há outra lei que rege o universo que é a de o semelhante atrair o semelhante, quer dizer, os elementos de uma espécie tenderem, impelidos por esta lei, a procurar outros elementos da mesma espécie; como diz Demócrito no fragmento 164: "os pombos aos pombos, as aves às aves".
Deste sistema cosmológico resulta uma doutrina gnoseológica relativista, fala-se em cores, gostos ou sons por mera convenção, pois nenhum deles pertence à matéria, são antes o resultado de uma determinada agregação de átomos que resulta nesse particular efeito que a nossa sensação apreende como tal. Mas um ser dotado de uma composição atómica diferente verá o mundo de um modo diferente. Por isso, a via dos sentidos, à maneira da escola eleática, aparece como falsa para encontrar o caminho da verdade.
Há ainda outra conceção que surge sob a denominação de atomismo, e que é propriamente o atomismo científico moderno. Autores há, como Carl Sagan, que procuraram estabelecer uma relação entre este e o atomismo grego, mas uma tal posição serve mais para confundir do que para esclarecer as posições dos respetivos movimentos que assentam em pressupostos e paradigmas absolutamente diferentes, não podendo ser de nenhum modo relacionados.
O atomismo científico moderno é a hipótese avançada por Dalton, no domínio da química, relativamente à composição dos corpos. O desenvolvimento e aprofundamento desta teoria, por parte de Mendeleiev e Mayer, deu origem à bem conhecida tabela periódica dos elementos. É no início do século XX que a Física, assumindo para si esta doutrina, começa a falar na decomposição do átomo em partículas mais pequenas. Aliás, já no domínio da Química se começara a levantar este problema, sem que contudo se pudesse provar.
O atomismo antigo não se baseia na observação da natureza, mas numa dedução ontológica, ao contrário do atomismo moderno.
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