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Bristo
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Composta em 1553, a comédia Bristo de António Ferreira foi dedicada ao príncipe D. João, filho de D. João III e da rainha D. Catarina. No entanto, e embora remontando a 1553, foi editada apenas em 1622, juntamente com o Cioso, outra comédia da sua autoria, por António Álvares, no volume Comédias Famosas Portuguesas dos Doutores Francisco Sá de Miranda e António Ferreira.
Dividida em cinco atos, esta obra dramática desenvolve-se à volta de um plano matrimonial que teria como objetivo a união entre a casa do velho Roberto, através do filho varão Leonardo, e a filha do rico Calidónio.
Contudo, Alexandre, filho de Calidónio e amigo íntimo de Leonardo, sabe que este não ama a sua irmã, mas sim Camília, rapariga de origem humilde e recatada, que vive na companhia da sua mãe viúva, de nome Cornélia.
De entre este séquito de apaixonados, destaca-se o cavaleiro Aníbal, caracterizado por desvarios senis e fanfarronices e que anda sempre acompanhado pelo seu amigo Montalvão, que sofre dos mesmos "desvios".
Entretanto, Bristo, desempenhando o papel de alcoviteiro, conhecedor de tudo o que se passa, fia e desfia a meada que enreda os amores e desamores destas personagens tipicamente burguesas. Para retirar dividendos da sua "atividade", e fazendo "jus" ao seu carácter de tratante, Bristo tenta proteger a órfão, apoia o seu amor por Leonardo, chegando mesmo a planear o casamento secreto.
Sabedores desta artimanha, os cavaleiros Aníbal e Montalvão castigam-no com uma valente surra, anulando, assim, os seus projetos que entretanto se começam a complicar pelo facto de Alexandre se ter também apaixonado por Camília.
Desejosos de dotes chorudos, os pais procuram sempre fazer casamentos da conveniência de ambos os lados. Prepotentes e tiranos, não "olham" o coração dos filhos, mas apenas as suas "bolsas". Assim, tornam-se responsáveis por toda a tramoia sentimental que se vai tecendo à volta destas jovens paixões. Não pretendendo obedecer a seu pai Roberto, Leonardo é ameaçado de que será deserdado. Contudo, Roberto não resiste à ausência e ao desconhecimento do paradeiro do filho que se mostrou indiferente à ameaça paterna.
Então, e afastado um dos impedimentos de um desfecho feliz previsto na receita da comédia clássica, a obra termina com o regresso, da Índia, de Píndaro, pai de Camília, que se pensava morto. Acompanhado de um outro filho, Arnolfo, e cheio de dinheiro. Este regresso vai permitir reorganizar os pares conjugais: Alexandre com a irmã de Leonardo e Arnolfo com a irmã de Alexandre, para além de Leonardo e Camília, congratulando-se Bristo com o êxito da sua atividade.
A peça, totalmente decalcada nas figuras e situações típicas do teatro de Plauto e de Terêncio, assim como da comédia renascentista italiana, peca por falta de criatividade.
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Como referenciar
Porto Editora – Bristo na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-25 12:43:31]. Disponível em

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