Cantiga
Composição medieval galego-portuguesa de tema religioso, como no cancioneiro de Alfonso X, Cantigas de Santa Maria, ou profano, como nos cerca de 1680 textos compostos entre finais do século XII e meados do século XIV reproduzidos nos cancioneiros da Ajuda, da Vaticana e da Biblioteca Nacional.
Destinada a ser cantada, a cantiga conjuga as palavras e a música, pelo que nos remete para um contexto em que o poema, enquanto forma literária, não possui autonomia relativamente ao canto e até à dança. Embora só se conheça o texto melódico das cantigas de Santa Maria, de seis cantigas de amigo de Martin Codax (Pergaminho Vindel) e de sete cantigas de D. Dinis (fragmento Sharrer), a presença de um texto musical é revelada no próprio texto poético por um investimento em estruturas rítmicas como o paralelismo, o refrão, a rima, o dobre, o mordobre, etc.
Na poesia lírica galego-portuguesa, a cantiga podia assumir, de acordo com a "Arte de Trovar", incluída no Cancioneiro da Biblioteca Nacional, os géneros de cantiga de amigo, cantiga de amor, cantiga de escárnio e maldizer e, formalmente, as variantes de cantiga de refrão ou cantiga de mestria. Ao lado destas formas, consideram-se ainda cantigas certos subgéneros como as cantigas de vilão, cantigas de seguir, a tenção, o descordo, o lais, a pastorela, etc.
No contexto do Cancioneiro Geral, a cantiga corresponde a uma composição poética composta por um mote de quatro ou cinco versos e de uma glosa de oito, nove ou dez versos, que retoma no final, total ou parcialmente, os versos do mote. Uma das cantigas mais conhecidas de Joham Rodriguez de Castel Branco é a seguinte:
Senhora, partem tam tristes meus olhos por vós, meu bem, que nunca tam tristes vistes outros nenhûs por ninguem. Tam tristes, tam saudosos, tam doentes da partida, tam cansados, tam chorosos, da morte mais desejosos cem mil vezes que da vida. Partem tam tristes os tristes, tam fora d'esperar bem que nunca tam tristes vistes outros nenhûs por ninguem.
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