capital cultural
Desenvolvido por Pierre Bourdieu, este conceito refere-se ao conjunto de recursos, competências e apetências disponíveis e mobilizáveis em matéria de cultura dominante ou legítima. Pode existir em dois estados: incorporado, quando faz parte das disposições, do habitus, dos agentes; e objetivado, quando é certificado através de provas, atributos ou títulos, designadamente escolares. Como qualquer capital, o capital cultural confere poderes que propiciam diversas probabilidades de lucro (económico, cultural, social ou simbólico) nos campos e mercados em que é eficiente. Todo o capital, seja qual for a sua espécie, subentende uma relação de dominação, de apropriação/desapropriação. Se, a priori, todos dispomos de competências e de saberes, o certo é que estes são valorizados de forma desigual. Um determinado saber, para ascender ao estatuto de capital cultural, carece ser reconhecido e legitimado como tal. Consoante o seu enraizamento social (por exemplo, popular ou burguês), assim as diferentes formas de saber se tornam dignas ou não de crédito, conferem ou não dividendos na bolsa dos valores sociais.
O capital não é, portanto, uma coisa, uma substância, mas uma relação (de poder) correspondente a um determinado estado de forças na luta de classes. Mudando este, altera-se também o valor das propriedades e dos atributos ditos culturais. A dita cultura dominante é um arbítrio cultural que, desconhecido na sua relatividade, passa por uma realidade absoluta. A família e a escola destacam-se como as principais instituições de transmissão e inculcação do capital cultural. No ambiente familiar adquirem-se competência linguística, esquemas de pensamento e eventual familiarização com os conteúdos e, sobretudo, as formas da cultura legítima. Consoante a distância ou a sintonia entre as culturas de classe (das famílias) e a cultura legítima, assim tenderá a ser mais ou menos bem sucedida a trajetória escolar e socioprofissional dos agentes. O funcionamento da escola e a sua articulação com a sociedade global confluem para que estes percursos não sejam percebidos como produtos dos efeitos conjugados de condições sociais discriminantes, mas como destinos pessoais ou fatalidades de índole diversa. Nesta lógica, a escola não se limita a inculcar um determinado saber, promove também uma visão do mundo. Para além de participar na distribuição dos agentes pelas várias posições sociais, a escola concorre ainda para conformar cada um com a sorte que lhe cabe. Na ótica de Bourdieu, a reprodução cultural é indissociável da reprodução social.
Dimensão crucial na configuração do espaço social, o capital cultural influi consideravelmente num amplo leque de práticas e representações sociais, papel este, aliás, cada vez mais reconhecido pelos sociólogos. Bourdieu releva-o, sobremaneira, no que se refere aos usos sociais da fotografia, ao apreço pela arte e aos gostos.
O capital não é, portanto, uma coisa, uma substância, mas uma relação (de poder) correspondente a um determinado estado de forças na luta de classes. Mudando este, altera-se também o valor das propriedades e dos atributos ditos culturais. A dita cultura dominante é um arbítrio cultural que, desconhecido na sua relatividade, passa por uma realidade absoluta. A família e a escola destacam-se como as principais instituições de transmissão e inculcação do capital cultural. No ambiente familiar adquirem-se competência linguística, esquemas de pensamento e eventual familiarização com os conteúdos e, sobretudo, as formas da cultura legítima. Consoante a distância ou a sintonia entre as culturas de classe (das famílias) e a cultura legítima, assim tenderá a ser mais ou menos bem sucedida a trajetória escolar e socioprofissional dos agentes. O funcionamento da escola e a sua articulação com a sociedade global confluem para que estes percursos não sejam percebidos como produtos dos efeitos conjugados de condições sociais discriminantes, mas como destinos pessoais ou fatalidades de índole diversa. Nesta lógica, a escola não se limita a inculcar um determinado saber, promove também uma visão do mundo. Para além de participar na distribuição dos agentes pelas várias posições sociais, a escola concorre ainda para conformar cada um com a sorte que lhe cabe. Na ótica de Bourdieu, a reprodução cultural é indissociável da reprodução social.
Dimensão crucial na configuração do espaço social, o capital cultural influi consideravelmente num amplo leque de práticas e representações sociais, papel este, aliás, cada vez mais reconhecido pelos sociólogos. Bourdieu releva-o, sobremaneira, no que se refere aos usos sociais da fotografia, ao apreço pela arte e aos gostos.
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Como referenciar
Porto Editora – capital cultural na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-05-23 06:01:56]. Disponível em
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