Quarenta árvores em discurso directo

António Bagão Félix

As histórias que nos matam

Maria Isaac

O segredo de Tomar

Rui Miguel Pinto

2 min

Catedral de Notre-Dame
favoritos

A catedral de Notre-Dame de Paris (ou de Nossa Senhora de Paris), considerada por Victor Hugo como o paradigma das catedrais francesas, estabeleceu o modelo ideal do templo gótico, constituindo um dos exemplos mais equilibrados e coerentes deste período.

Foi erguida na Ile de la Cité, no centro do rio Sena, sobre os restos de duas antigas igrejas, por iniciativa do bispo Maurice de Sully.
Catedral de Notre-Dame (Paris) - fachada norte
Catedral de Notre-Dame (Paris) - fachada sul

À planta, inicialmente retangular e extremamente compacta, foi acrescentado o transepto que a tornou cruciforme. Apresenta cinco naves que se prolongam pela dupla charola da profunda cabeceira.

A forma final do templo resultou de um conjunto de modificações, ampliações e restauros que abrangem uma larga diacronia. Iniciada pelo coro em 1163 (no reinado de Luís VII, tendo o Papa Alexandre III, na altura refugiado em Paris, assistido à cerimónia), só na terceira década de duzentos se terminou a nave e grande parte das torres. Por volta de 1230 iniciou-se a construção das capelas entre os contrafortes das naves e aumentou-se a dimensão do transepto. Na mesma altura o alçado poente foi alterado para melhorar a iluminação da nave central.

O portal sul do transepto, consagrado a Santa Ana, data do século XII e o portal norte foi construído entre 1210 e 1220. Na primeira metade do século XIV foram concluídos os arcobotantes erguidos na cabeceira do templo.

A fachada principal apresenta o mesmo modelo da igreja de Saint-Denis, precursora da arquitetura gótica. Divide-se em três sectores por grandes contrafortes e é rematada lateralmente por duas torres de 70 metros de altura. No nível inferior tem três grandes pórticos profusamente esculpidos sobre os quais assenta a famosa galeria dos reis. Em cima, a grande rosácea é rematada por uma galeria de traçaria coroada balaustrada.

No interior, um vasto espaço com 130 metros de comprimento e 48 de largura, são ainda evidentes as ascendências românicas normandas deste edifício, denunciadas nomeadamente pelas grossas colunas das arcadas da nave e do coro.

Os pilares mais recentes, localizados junto da fachada poente e estruturados por colunelos, assim como as grandes janelas do clerestório e a verticalidade do espaço interior, acentuam o efeito gótico. Com 35 metros de altura, a relação entre a largura e altura da nave central é de 1 para 2,75.

A junção das nervuras e dos torais que reforçam as abóbadas e os seus prolongamentos pelos pilares, ligada à grande dimensão das naves assim como a difusão espacial da luz através das grandes rosáceas dos topos das naves, garantem a amplitude e nobreza do espaço interior do templo.

No exterior, a verticalidade da construção e aligeiramento dos suportes determinou a construção de contrafortes que se prolongam em arcobotantes por forma a receber os impulsos das abóbadas de pedra.

Bastante maltratada após a Revolução Francesa, foi reabilitada durante o século XIX através de uma grande campanha de trabalhos de restauro orientados pelos arquitetos Viollet-le-Duc e Lassus, que permitiram restituir a sua imagem gótica, dando-lhe o aspeto atual. Foram reconstruídas as esculturas destruídas pelos revolucionários e reintroduziram-se os quatro níveis do alçado. A agulha que coroa exteriormente o cruzeiro deve-se também a este restauro.

Ao final da tarde de 15 de abril de 2019 Notre-Dame foi atingida por um incêndio que lhe causou enormes danos, entre os quais a completa destruição do telhado e o colapso da agulha da catedral.

Partilhar
  • partilhar whatsapp
Como referenciar
Porto Editora – Catedral de Notre-Dame na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-27 17:55:52]. Disponível em
Partilhar
  • partilhar whatsapp
Como referenciar
Porto Editora – Catedral de Notre-Dame na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-27 17:55:52]. Disponível em

Quarenta árvores em discurso directo

António Bagão Félix

As histórias que nos matam

Maria Isaac

O segredo de Tomar

Rui Miguel Pinto