China entre os Ming e os Manchus (1368-1800)
A dinastia Ming foi fundada em 1368 por um monge budista itinerante tornado soldado. Foi a última dinastia nativa a governar a China. Sob a ocupação mongol, a China conheceu inúmeras rebeliões e tumultos, principalmente no ano de 1350. Os mongóis nunca deixaram de ser para os chineses uma minoria estrangeira.
Deste modo, uma revolta nacional eclodiu nas províncias do Sul, sob a liderança de um homem de origem humilde, camponesa, Tchu Yuan-Tchang, que se apoderou de Nanquim (1356), Cantão e Pequim (1368).
Os mongóis foram expulsos da China e Tchu Yuan-Tchang tornou-se imperador com o nome de Hong-Wu, fundando a dinastia Ming (1368-1644).
Esta dinastia representou um intervalo de governo nativo ou autóctone entre as eras mongol e manchu.
Os Ming estenderam o seu império até à Coreia, Mongólia e Turquestão, no Norte, e ao Vietname e Birmânia (atual Myanmar), no Sul. Tornaram-se uma das mais estáveis e também mais autocráticas dinastias chinesas.
O primeiro imperador estabeleceu um regime imperial despótico que permaneceu quase três séculos até ao aparecimento dos Manchus, outro povo do Norte que ocupou Pequim, em 1644, capital dos Ming, e estabeleceu a dinastia Ching (1644-1911).
A estrutura básica do governo estabelecida pelos Ming foi, assim, continuada pela dinastia sucessora dos Ching e durou até à abolição da instituição imperial em 1912.
O imperador Hong-Wu reconquistou o território aos mongóis, assegurando a prosperidade com a adoção de uma política de grandes obras de irrigação, barragens, florestação, ao mesmo tempo que instaurou um sistema de enquadramento da população, acompanhado de grandes deslocações da população para reordenamento do território. Assim, a China estende-se sobre a Mongólia, a Manchúria e o Vietname. O sistema do serviço civil era perfeito. Todos os altos funcionários Ming entravam para a máquina burocrática mediante a realização de um exame. O órgão censor, departamento criado para investigar as condutas pouco recomendáveis dos oficiais e a corrupção, tornou-se um organismo separado do Governo. O cargo de primeiro-ministro foi abolido. O Governo assumiu o controlo pessoal da administração, governando com o auxílio do especialmente nomeado Nei-Ko ou secretário-geral.
A dinastia Ming atingiu o seu apogeu com o imperador Yong-Lo (1403-24).
Realizaram-se muitas expedições marítimas com objetivos comerciais e diplomáticos.
Porém, o governo Ming foi enfraquecendo gradualmente por divisões entre os funcionários civis, pela interferência dos eunucos palacianos, pelo peso da crescente população e pela sucessão de imperadores fracos e descuidados.
Além disto, a política externa, pacifista, e a enorme influência dos letrados confucionistas deram azo ao aparecimento de uma inércia bastante perigosa que acabou por levar a China a fechar-se sobre si própria, no momento em que os europeus entram, pela primeira vez, em território chinês, como é o caso dos Portugueses, em 1557, em Macau, e, mais tarde, com os Holandeses, e também numa altura em que os missionários, como o Pe. Matteo Ricci, jesuíta que chega à China em 1582, tentam adaptar o Cristianismo à cultura chinesa.
Preocupados com as investidas audaciosas dos piratas japoneses e com as investidas dos mongóis atrás da Grande Muralha, os Chineses deram pouca importância à chegada dos ocidentais.
A grande prosperidade alcançada pelo Império Ming impediu, ao mesmo tempo, a solidificação das bases autocráticas e agrárias, uma vez que o desenvolvimento industrial começou a ameaçar os privilégios estatais e burocráticos.
O século XVI marcou o desenvolvimento da economia mercantil e urbana, ao mesmo tempo que a região do rio Azul assumiu a sua preponderância, isto é, as culturas industriais como o algodão e o chá desenvolvem-se grandemente nesta zona. Porém, a cultura do arroz desloca-se para Fujian e Guangzhou (Sul da China), que se transforma no celeiro do país.
Assim, dá-se o empobrecimento dos camponeses, sujeitos agora aos grandes domínios, o descontentamento da população das cidades, devido às regulamentações impostas pelo Estado, o que levou à insatisfação e perturbações graves, como é o caso das insurreições camponesas de 1627-30.
A juntar a isto, a constante ameaça Manchu acabará por minar a dinastia Ming.
Confinados a Pequim, onde os eunucos do palácio governavam, os Ming iriam capitular frente aos ataques dos Manchús, povo da Sibéria meridional que já se tinha infiltrado na Manchúria nos finais do século XVI.
Embora tivessem sido derrotados em Pequim em 1627, graças às armas fabricadas pelos Jesuítas, os manchus tomaram a capital, em 1644, quando a rebelião sob o comando de Li Zicheng pôs termo à dinastia Ming e fundou a dinastia Manchu, Ts'ing ou Qing, que, em 1651, conquistou toda a China.
Esta nova dinastia manchu (1644-1912) rapidamente aderiu ao confucionismo e à restauração do mandarinato, uma vez que necessitava da ajuda da mais alta sociedade chinesa.
O imperador Kang-Hi (1662-1722) e o seu neto Kien-Long (1736-1799) foram dois dos grandes imperadores chineses.
Durante a sua governação, os primeiros manchus deram à China um vasto território e uma excelente organização guerreira.
A China pôde, assim, concretizar a sua expansão na Ásia Central e impor o seu protetorado à Mongólia, ao Tibete e à Coreia, ao mesmo tempo que conseguiu afastar a pretensão russa da Manchúria pelo Tratado de Nertchinsk (1689).
Ao princípio, os manchus mostraram-se liberais com os missionários, principalmente os jesuítas, que chegaram a desempenhar cargos de conselheiros na corte, em áreas como a astronomia, artilharia e cartografia.
Porém, como Roma não compreendia os ritos chineses ou a adaptação do Cristianismo às tradições chinesas, os imperadores proibiram os sermões cristãos, em 1717, e mais tarde, em 1724, expulsaram a maior parte dos missionários.
Sob a dinastia Manchu, a China conheceu uma grande prosperidade. Após a definição das suas fronteiras e possuidora de vastas zonas-tampão, a China manchu apostou fortemente na valorização dos solos e na introdução de novos cultivos vindos, essencialmente, da América, como o amendoim, o milho e a batata-doce.
Contudo, esta prosperidade foi agravada pelo excessivo crescimento demográfico e pela ganância que acabou por corromper as instituições, gerando crises sociais.
Aos problemas internos junta-se a ameaça vinda do exterior, isto é, desde o fim do século XVIII que a expansão russa e japonesa, a norte e a leste, e a ascensão dos países ocidentais ao longo da costa agravavam a situação.
No final do reinado do imperador manchú Kien-Long, a China fecha-se ao mundo, mais do que no tempo dos Ming.
Em 1799, Kien-Long morre deixando a sociedade imperial chinesa numa situação bastante insegura, uma vez que a periferia era ameaçada pelos imperialismos ocidentais e também porque a inadaptação do mandarinato e da administração central à sociedade pré-industrial e a própria expansão chinesa que, nos séculos XVII e XVIII, com os seus progressos agrícolas e industriais que produziram um aumento demográfico, acabou por prejudicar a industrialização, na medida que tornou a mecanização inútil face à grande quantidade de mão de obra disponível e também levou ao empobrecimento da sociedade, já que a produção estagnou.
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