contradição (sociologia)
Na dialética hegeliana encontramos já a ideia de contradição, entendida por Hegel como uma lei universal, elemento essencial da realidade e inseparável da dialética. Utilizada por Hegel para "compreender e exprimir a real situação do mundo" (Juan Manuel Navarro; MARTINEZ, Tomas Calvo (1984). História da Filosofia: Os filósofos, os textos. Lisboa: Edições 70), a dialética pretende superar a ordem existente, alienada e contraditória, ou seja, "exprime, por um lado, a contradição do mundo existente e, por outro lado, a "necessidade" de superar os limites presentes, movida essa exigência de superação pela necessidade de uma realização total e de um modo efetivo (numa organização e estruturação social e política) da liberdade e da infinitude" (Cordon e Martinez, 1984: 195).
É, porém, Marx quem, com base em pressupostos diferentes, lhe dá uma utilização concreta, colocando-a no centro das suas reflexões em torno do projeto para uma sociedade emancipada. Daí a sua enorme atenção para com as diversas contradições que perpassam a sociedade capitalista: contradição entre capital e trabalho, entre burguesia e proletariado, entre o carácter social da produção e o carácter privado da apropriação, entre a miséria das classes trabalhadoras e a produção superabundante, entre o trabalho disponível e a procura de emprego. Hoje, podem acrescentar-se outras, como a contradição entre a intensificação e a expansão da produção e os limites impostos pelos ecossistemas, entre os países centrais e os países periféricos. Para Marx, uma vez que, "em certo estádio de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade se encontram em contradição com as relações de produção existentes ou, o que é a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade no seio das quais se tinham movido até então" (1971, Marx - Contribuição para a crítica da Economia Política. Lisboa: Estampa), estão criadas as condições básicas para a emergência de um processo revolucionário que tem como objetivo resolver estas contradições, pela instauração de uma nova ordem económica e social.
Lenine e Mao Zedong atribuíram também, quer nas suas análises teóricas, quer na ação revolucionária, um papel decisivo às contradições.
As reflexões de Mao Zedong em torno do conceito permitiu-lhe argumentar no sentido da especificidade de cada contradição, considerando, nomeadamente, que, num dado momento e contexto, existe sempre uma contradição principal, com a qual se articulam diversas contradições secundárias, não determinantes. Assim, na sociedade capitalista a principal contradição é entre o capital e o trabalho, sendo todas as outras contradições - por exemplo, entre a burguesia liberal e a burguesia monopolista, entre a democracia e o fascismo, entre os países capitalistas - determinadas ou influenciadas pela principal (Mao Zedong). É, no entanto, necessário relevar que em determinadas conjunturas as contradições secundárias, tal como acontece com as formas ideológicas, podem ser dominantes.
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