Cultura, arte e ensino no Estado Novo
Em 1933, data fundamental para a consolidação do Estado Novo, foi instituído (25 de setembro) o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN), chefiado por António Ferro, uma das figuras centrais do regime salazarista, com funções de "direção e superintendência da propaganda nacional interna" (Decreto-lei nº 23 054, de 15 de setembro); mais tarde, em 1944, o SPN é transformado em Secretariado Nacional da Informação Cultural Popular e Turismo (SNI). António Ferro (1895-1956), prestigiado intelectual, foi jornalista e escritor, conferencista e diretor da Emissora Nacional (a partir de 1941).
Com apenas 20 anos era já diretor do Orpheu, conviveu com a primeira geração do modernismo e entrevistou grandes personalidades do seu tempo como Pio XI, Unamuno, Clemenceau, Marinetti, Mussolini e Salazar. Em 1921 dirigiu a Ilustração Portuguesa, em 1922 realizou conferências no Brasil e em 1925 criou o "Teatro Novo ", em Lisboa.
A sua entrevista a Salazar, em dezembro de 1932, terá impressionado o líder político, que o colocou à frente de um departamento oficial fundamental na reforma de mentalidade pretendida pelo poder. Ferro, apesar da inveja dos seus inimigos, foi encarregado da Propaganda Nacional, uma das maiores preocupações do regime, pois, como dizia Salazar, "a arte, a literatura e a Ciência constituem a grande fachada duma nacionalidade, o que se vê lá de fora". Os anos 30, em Portugal, foram marcados, no plano artístico, pelas exposições organizadas pelo Secretariado de Propaganda Nacional, que instituiu vários prémios. Até 1951 a SPN/SNI realizou quatorze exposições anuais de "Arte Moderna " (Escultura e Pintura) e outros concursos menos numerosos e menos regulares de desenho e aguarela de ilustrações, de arte cenográfica e figurinos, de arte sacra moderna, de artes decorativas, de cerâmica, ou dos "artistas do Norte ". Na pintura, os prémios mais famosos foram os de "Columbano " e de "Souza Cardoso " ganhos por nomes como Eduardo Viana e Soares; na escultura o de "Manuel Pereira " arrebatado por figuras como Barata Feyo e Martins Correia. Numa terceira geração, entre os anos 40 e 50, foram premiados no Porto, entre outros, Barbosa da Fonseca, Fernando Lanhas e Júlio Resende. Na década de 40, em plena febre comemorativa, destacou-se a ação da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, responsável pelo restauro e conservação de inúmero património histórico espalhado por todo o Portugal. A confiança do chefe de Governo em Ferro foi quebrada em 1945, quando, por influências externas, as instituições do Estado Novo foram abaladas, sobretudo por alguns dos autores que, tendo sido protegidos ou lançados nos Salões do SNI, assinaram documentos da oposição. No ensino, o Estado Novo apostou na criação de escolas primárias de arquitetura característica em todas as províncias de Portugal; adotou manuais de aprendizagem que veiculavam a ideologia dominante, considerada a única aceitável pelo regime. Nestes estabelecimentos de ensino estava separada a educação masculina da feminina e encontravam-se bem definidos os papéis a representar por cada um dos sexos na sociedade portuguesa. A Exposição do Mundo Português de 1940, comemorativa dos centenários da Independência e da Restauração, marcou o auge da política cultural do Novo Regime, que, através da propaganda e do ensino, veiculava os ideais nacionalistas num momento em que o resto do mundo vivia a Segunda Guerra Mundial.
Com apenas 20 anos era já diretor do Orpheu, conviveu com a primeira geração do modernismo e entrevistou grandes personalidades do seu tempo como Pio XI, Unamuno, Clemenceau, Marinetti, Mussolini e Salazar. Em 1921 dirigiu a Ilustração Portuguesa, em 1922 realizou conferências no Brasil e em 1925 criou o "Teatro Novo ", em Lisboa.
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Porto Editora – Cultura, arte e ensino no Estado Novo na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-28 06:37:52]. Disponível em
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