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dependência (sociologia)
A abordagem da dependência abarca perspetivas diversas, e inclusivamente divergentes, sobre o desenvolvimento. Em comum, as diversas teorias agregadas sob esta designação possuem o facto de terem sido desenvolvidas com base na realidade dos países da América do Sul, da África e da Ásia, sendo os seus autores daí originários, o que lhe valeu o epíteto de "crítica externa" ao desenvolvimento, na medida em que não é desenvolvida a partir do sistema dominante. De entre os autores mais conhecidos destacam-se Gunder Frank, Samir Amin e Paulo Baran, englobados na linha mais "clássica" da abordagem dependentista, bem como Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso, responsáveis por algumas das suas reformulações. A abordagem dependentista desenvolve-se, fundamentalmente, nos anos 60 e 70 do século XX, considerando que os países subdesenvolvidos se encontrariam numa situação de dependência política e económica face aos países que os colonizaram, quer por via da colonização propriamente dita, quer por via do imperialismo. A situação de dependência seria o resultado de um processo histórico e político de relacionamento do mundo industrializado com o mundo não industrializado, que teria tido como consequência o desenvolvimento do primeiro à custa do subdesenvolvimento do segundo. A abordagem dependentista, sobretudo na sua vertente clássica, possui um forte cunho ideológico de pendor marxista e preconiza que o desenvolvimento dos países "dependentes" só pode ser conseguido através do corte de relações com os países industrializados e da procura de um percurso próprio de desenvolvimento. Algumas posteriores reformulações das teses dependentistas "clássicas" consideram, todavia, que a noção de dependência deveria ser substituída pela noção de interdependência assimétrica, na medida em que os países industrializados também necessitam das condições de produção encontradas nos países não industrializados, embora o capital financeiro e a dinâmica produtiva mundial continuem a ser controlados por e a partir daqueles. Considera-se, nesta segunda perspetiva, que seria inviável uma rutura total com os países industrializados e que os países "dependentes" teriam possibilidades de se integrarem no sistema económico mundial, tendo o seu desenvolvimento que passar por percursos diferentes dos dos países ocidentais industrializados (tidos durante muito tempo como o modelo de desenvolvimento), e não se limitando a uma situação de dependência passiva.
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Como referenciar
Porto Editora – dependência (sociologia) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-09 11:50:20]. Disponível em
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