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Dimitri Shostakovich
Compositor russo, nasceu a 25 de setembro de 1906, em São Petersburgo, na Rússia, e morreu a 9 de outubro de 1975, em Moscovo. Ficou conhecido pelas suas 15 sinfonias, por vários trabalhos de câmara e por concertos, grande parte deles escritos segundo os padrões de arte soviética impostos pelo Governo. A sua formação aconteceu no Conservatório de Petrogrado. O seu percurso musical acusa dois estilos diferentes, um com um cariz mais experimental, condimentado com um humor corrosivo, bem patente nos seus primeiros trabalhos, e outro, mais introspetivo e melancólico, de cariz nacionalista, como nas sinfonias n.º 5 e n.º 7, também chamada Leninegrado. Estudou piano com Leonid Nikolaiev e composição com Aleksandr Glazunov e com Maksimilian Steinberg, na altura, no Conservatório de Petrogrado e rapidamente chamou a atenção dos seus professores. Influenciado por Tchaikovski e por Hindemith, compôs a Sinfonia n.º 1 (1924-25). Obteve imediatamente um enorme sucesso mundial. Pouco tempo depois, a primeira ópera satírica, The Nose, baseada numa história de Nikolai Gogol, conseguiu introduzir a novidade na música ocidental. A segunda ópera que compôs, Lady Macbeth of the Mtsensk District (1936), acabou por ser proibida na Rússia, depois de ter alcançado um enorme sucesso na Europa e, principalmente, na América do Norte. A partir daí, Shostakovich começou a sofrer pressões, no sentido de maior moderação e acessibilidade de linguagem, segundo os padrões estéticos do chamado "realismo socialista".
O estilo ácido dos primeiros trabalhos de Shostakovich não agradou a Estaline, figura proeminente do regime soviético de então, e o compositor foi atacado pela imprensa. Em consequência disso, temendo o cárcere, Shostakovich retirou a sua Quarta Sinfonia, já ensaiada e pronta para apresentação pública. A sua Quinta Sinfonia, de 1937, era acompanhada por um subtítulo sugestivo: "a resposta de um artista soviético à crítica simples".
De qualquer forma, o músico parece ter conseguido agradar a uma franja maior de público, granjeando alguma simpatia mesmo entre os seus críticos. O estilo musical de Shostakovich começou por ser influenciado pelo cromatismo de Scriabine, passando depois pelo expressionismo. Com a composição da Sinfonia nº 4, fixou-se no realismo de tendência mais moderna. A invasão alemã da Rússia, em 1941, inspirou Shostakovich para a composição da Sétima Sinfonia. Esta peça tornar-se-ia um grande sucesso por todo o mundo, ainda que tivesse caído na obscuridade. Ainda assim, o compositor tinha-se tornado uma celebridade, figurando na capa da revista Time.
Os problemas de índole política do compositor agravaram-se em 1948, quando o Partido Comunista Soviético emitiu um documento acusando Shostakovich, Prokofiev e outros nomes sonantes da música soviética, de perversões formalistas. Este facto acabou por conduzi-lo à segunda fase estilística da sua carreira, de glorificação da história e da vida soviética. A hostilidade abrandou na era pós-Estaline, mas a inovação de Shostakovich, nomeadamente na introdução dos instrumentos de sopro, como a corneta e a tuba, foi presença notória até à Sinfonia n.º 13, apelidada de Babi Yar, um trabalho de 1962, baseado em poemas de Yevgeny Yevtushenko. Esta peça estava recheada de polémica, especialmente no primeiro andamento, dedicado à operação soviética sobre o povo judeu. Em 1966, Shostakovich escreveu o Concerto de Violoncelo n.º 2, um trabalho mais sólido do que o primeiro, mas que não conseguiu captar a atenção do público. Nesse ano é-lhe diagnosticado um problema cardíaco e os trabalhos que se seguiram têm a morte como pano de fundo. A Sinfonia n.º 14 (1969), na prática uma coleção de canções com textos de Llorca, Apollinaire, Kuchelbecker e Rilke, é um trabalho que marca uma certa obsessão pela morte, com uma dissonância considerável, esquecendo a rigidez do "realismo socialista". Morreu a 9 de agosto de 1975.
De qualquer forma, o músico parece ter conseguido agradar a uma franja maior de público, granjeando alguma simpatia mesmo entre os seus críticos. O estilo musical de Shostakovich começou por ser influenciado pelo cromatismo de Scriabine, passando depois pelo expressionismo. Com a composição da Sinfonia nº 4, fixou-se no realismo de tendência mais moderna. A invasão alemã da Rússia, em 1941, inspirou Shostakovich para a composição da Sétima Sinfonia. Esta peça tornar-se-ia um grande sucesso por todo o mundo, ainda que tivesse caído na obscuridade. Ainda assim, o compositor tinha-se tornado uma celebridade, figurando na capa da revista Time.
Os problemas de índole política do compositor agravaram-se em 1948, quando o Partido Comunista Soviético emitiu um documento acusando Shostakovich, Prokofiev e outros nomes sonantes da música soviética, de perversões formalistas. Este facto acabou por conduzi-lo à segunda fase estilística da sua carreira, de glorificação da história e da vida soviética. A hostilidade abrandou na era pós-Estaline, mas a inovação de Shostakovich, nomeadamente na introdução dos instrumentos de sopro, como a corneta e a tuba, foi presença notória até à Sinfonia n.º 13, apelidada de Babi Yar, um trabalho de 1962, baseado em poemas de Yevgeny Yevtushenko. Esta peça estava recheada de polémica, especialmente no primeiro andamento, dedicado à operação soviética sobre o povo judeu. Em 1966, Shostakovich escreveu o Concerto de Violoncelo n.º 2, um trabalho mais sólido do que o primeiro, mas que não conseguiu captar a atenção do público. Nesse ano é-lhe diagnosticado um problema cardíaco e os trabalhos que se seguiram têm a morte como pano de fundo. A Sinfonia n.º 14 (1969), na prática uma coleção de canções com textos de Llorca, Apollinaire, Kuchelbecker e Rilke, é um trabalho que marca uma certa obsessão pela morte, com uma dissonância considerável, esquecendo a rigidez do "realismo socialista". Morreu a 9 de agosto de 1975.
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Como referenciar
Porto Editora – Dimitri Shostakovich na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-12 19:52:43]. Disponível em
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