encruzilhada
A tradição das várias civilizações reconhece as encruzilhadas como locais de encontro com o mundo dos espíritos e das assombrações e, por isso, foram edificados nestes locais toda uma grande variedade de monumentos, tais como pedras, menires, obeliscos, altares ou capelas.
Os astecas acreditavam que as encruzilhadas eram locais assombrados pelas mulheres mortas de parto. Em África, o cruzamento de caminhos é um local sagrado quando ritualizado pelas tribos, servindo quer de ponto de contacto com os deuses através dos feiticeiros quer de local de homenagem, onde são colocadas oferendas, comida e mesmo sacrificados animais. Algumas tribos africanas consideram as encruzilhadas como sítios onde se podem ver livres das más energias que possam assolar a aldeia e os seus habitantes. A terra das encruzilhadas é utilizada como ingrediente de mezinhas e amuletos de sorte.
A encruzilhada tem ainda uma grande conotação com os rituais de fecundação da Natureza e da mulher, sendo nestes locais colocadas as primeiras colheitas e também onde as mulheres terminam o período de aleitamento dos seus filhos e a respetiva proibição de atividade sexual. Esta tradição dos espíritos das encruzilhadas foi levada pelos negros africanos para as Américas, onde ainda hoje subsistem em rituais de vodu, candomblé, umbanda, em Cuba, no Haiti ou no Brasil, tendo como espírito das encruzilhadas Ellegua, Legba, Esu Elegbara ou Exu.
Na mitologia ocidental, a encruzilhada é também um ponto de encontro com o destino, simbolizado no mito de Édipo. Foi numa encruzilhada que Édipo inadvertidamente matou o seu verdadeiro pai, Laio, determinando toda a sua vida futura e a sua desgraça. A encruzilhada existe também simbolicamente no íntimo dos seres humanos, no cruzamento de emoções e sentimentos díspares e nas decisões a tomar. Este aspeto está patente na personalidade tripla de Afrodite, a deusa que é simultaneamente casta, fecunda e lúbrica, sendo esta sua última faceta revelada nas encruzilhadas onde ela protege os amores impuros.
Na Grécia, Hécate era a deusa das três cabeças protetora das encruzilhadas por ser a senhora do céu, da terra e do inferno, comandando o nascimento, a vida e a morte. Os romanos prestavam homenagem aos Lares nas encruzilhadas, onde se levantavam altares e outros monumentos de adoração, bem como bancos para que as pessoas pudessem parar e refletir. Das tradições da Europa medieval ficaram as crenças das encruzilhadas como locais onde se encontram as bruxas e os espíritos malignos e daí a construção de capelas, oratórios, alminhas, estátuas de santos e da Virgem e cruzes.
Em resumo, todas as crenças associadas com as encruzilhadas exprimem o medo humano pelo desconhecido tanto exterior, do mundo dos infernos, da terra e do céu, como do interior da alma humana, onde a encruzilhada nunca é um fim mas um novo ponto de partida para um novo desconhecido.
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