Escola de Birmingham
Nos finais dos anos 50 do século XX, alguns pesquisadores britânicos congregaram-se em torno do que se haveria de tornar, em 1964, no Centre for Contemporary Cultural Studies da Universidade de Birmingham, para investigar questões culturais desde a perspetiva histórica, tendo fundado um novo campo de pesquisa sobre os fenómenos comunicacionais em sociedade.
Esse novo campo de pesquisa ficou conhecido pela denominação de Estudos Culturais, enquanto a nova escola de pensamento se denominava Escola de Birmingham.
Os trabalhos pioneiros em que se alicerçaram os estudos culturais talvez tenham sido The uses of literacy (1958), de Richard Hoggart, o fundador do Centro e seu primeiro diretor, Culture and society (1958), de Raymond Williams, e The making for the english working class (1963), de E. P. Thompson. Esses livros delimitaram um novo campo de estudos, que via a cultura como o conjunto intrincado de todas as práticas sociais e estas práticas como uma forma comum de atividade humana que molda o curso da História.
Do ponto de vista dos estudos culturais, a cultura é vista como um fenómeno que atravessa toda a sociedade e que está na base dos processos de produção e reprodução sociais. A indústria cultural seria uma espécie de indústria da consciência, capaz de configurar o conhecimento em conformidade com estruturas ideológicas que assegurariam a coesão social, a manutenção do statu quo e a subsistência da dominação. Os produtos culturais integrariam, assim, a estrutura de poder na sociedade, necessitando de ser estudados no seu contexto histórico, social, económico, cultural, etc.
Nos textos fundadores de Hoggart (1958) e de Williams (1958) podemos encontrar a ideia de que a cultura não se reduz à ideologia. Hoggart chegou mesmo a sugerir a substituição de uma noção de classe baseada em interesses económicos por uma baseada na cultura. Williams, por seu turno, via a comunicação como um elemento essencial de estudo, já que considerava a linguagem um elemento preponderante na definição do ser humano, enquanto indivíduo e enquanto ser social.
Estudar a comunicação significaria, deste modo, estudar as relações entre as pessoas e o meio social e estudar a própria sociedade. Mais tarde, Raymond Williams (1982, Communications, third edition. Harmondsworth: Penguin Books) pediu a reforma do sistema de ensino e da imprensa, entre outras instituições, tendo proposto a adoção de subsídios aos órgãos de comunicação social de maneira a torná-los independentes dos oligopólios.
Stuart Hall, um outro autor destacado na área dos estudos culturais, procurou mostrar a importância do estudo da ideologia para se compreender a estrutura social de poder, sustentando que a comunicação social era produtora e reprodutora de ideologias, por muito grande que fosse a sua pretensão de independência.
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