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Exílio. Revista mensal. Artes, letras e sciencias
Revista surgida em abril de 1916, entre Orpheu (1915) e Portugal Futurista (1917), fundada por Augusto Santa-Rita, Pedro Meneses (pseudónimo de Alfredo Guisado), António Ferro e Cortes-Rodrigues, e que compreende as rubricas de Literatura, Música e "Sciencia, Philologia e Critica". No âmbito da história do primeiro modernismo, esta revista corresponde a um momento de retração e de tentativa de criação de um espaço eclético que acolheria tendências literárias e ideológicas diversas. É assim que vemos no primeiro e único número, ao lado de Augusto Santa-Rita e de Pedro Menezes, de Fernando Pessoa ou de Cortes-
-Rodrigues, a colaboração de Teófilo Braga ou de António Sardinha. Com efeito, para Teresa Almeida, a revista tenta conciliar um decadentismo esteticizante com tendências ideológicas nacionalistas, num ano marcado pelo "diálogo frustrado entre Modernismo e Integralismo" (ALMEIDA, Teresa - "Nacionalismo e Modernismo: O Projeto Exílio", pref. a Exílio, ed. fac-sim., Lisboa, Contexto, 1982). O texto que abre a publicação, "Exílio - Sua Justificação", de Augusto Santa-Rita, contempla já esta dualidade de intenções da revista, identificando-a simultaneamente como um local de desterro e de Beleza onde se exilará a nova geração literária, reconhecendo que a novidade da sua arte, o "novo credo", será incompreendida pela "massa amorpha de um povo de inconscientes emotivos"; mas também como espaço que acolherá "todos os que, independentemente de côr politica, confiam ainda no ressurgimento de Portugal pelos novos." No artigo "Bibliographia - Movimento Sensacionista", a propósito de uma recensão ao livro de Pedro Menezes, Elogio da Paisagem, de 1915, Fernando Pessoa faz um balanço dessa tarefa geracional de "reconstrucção da literatura e mentalidade nacionaes", designada como "movimento sensacionista", cujo marco inaugural fora Orpheu. Trata-se de um movimento "Synthetico", nascido de uma "instancia de Hora da Raça", primeira manifestação de um "Portugal-Europa", realizada por homens de génio que triunfaram pelo escândalo no meio jornalístico e literário. Quanto à sua poética, é da crítica aos poemas de Pedro de Menezes que se depreende quais são os recursos que a integram: Pessoa enaltece nas suas composições "a exuberância abstrato-concreta das imagens", a "riqueza de sugestão na associação dellas", a "profunda intuição metaphysica", apontando a Pedro de Menezes, como únicas deficiências para a realização de poemas perfeitamente integrados no movimento, a ausência de uma "sugestão puramente silábica", de uma "sedução métrica pura" consubstanciada em acréscimo de musicalidade, e o "desconhecimento de leis exotericas e esotericas da associação de ideias desconexas que se fundem em beleza."
-Rodrigues, a colaboração de Teófilo Braga ou de António Sardinha. Com efeito, para Teresa Almeida, a revista tenta conciliar um decadentismo esteticizante com tendências ideológicas nacionalistas, num ano marcado pelo "diálogo frustrado entre Modernismo e Integralismo" (ALMEIDA, Teresa - "Nacionalismo e Modernismo: O Projeto Exílio", pref. a Exílio, ed. fac-sim., Lisboa, Contexto, 1982). O texto que abre a publicação, "Exílio - Sua Justificação", de Augusto Santa-Rita, contempla já esta dualidade de intenções da revista, identificando-a simultaneamente como um local de desterro e de Beleza onde se exilará a nova geração literária, reconhecendo que a novidade da sua arte, o "novo credo", será incompreendida pela "massa amorpha de um povo de inconscientes emotivos"; mas também como espaço que acolherá "todos os que, independentemente de côr politica, confiam ainda no ressurgimento de Portugal pelos novos." No artigo "Bibliographia - Movimento Sensacionista", a propósito de uma recensão ao livro de Pedro Menezes, Elogio da Paisagem, de 1915, Fernando Pessoa faz um balanço dessa tarefa geracional de "reconstrucção da literatura e mentalidade nacionaes", designada como "movimento sensacionista", cujo marco inaugural fora Orpheu. Trata-se de um movimento "Synthetico", nascido de uma "instancia de Hora da Raça", primeira manifestação de um "Portugal-Europa", realizada por homens de génio que triunfaram pelo escândalo no meio jornalístico e literário. Quanto à sua poética, é da crítica aos poemas de Pedro de Menezes que se depreende quais são os recursos que a integram: Pessoa enaltece nas suas composições "a exuberância abstrato-concreta das imagens", a "riqueza de sugestão na associação dellas", a "profunda intuição metaphysica", apontando a Pedro de Menezes, como únicas deficiências para a realização de poemas perfeitamente integrados no movimento, a ausência de uma "sugestão puramente silábica", de uma "sedução métrica pura" consubstanciada em acréscimo de musicalidade, e o "desconhecimento de leis exotericas e esotericas da associação de ideias desconexas que se fundem em beleza."
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Como referenciar
Porto Editora – Exílio. Revista mensal. Artes, letras e sciencias na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-09-14 06:13:18]. Disponível em
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