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Fausto
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Fausto é o nome do herói lendário de várias obras literárias de nacionalidades e épocas diferentes, que tem vindo também a servir de inspiração a músicos e pintores. Na origem da lenda terá havido um «Fausto» alemão, nascido em Krittlingen, no Würtemberg, entre 1480 e 1500, e que, depois de vários anos de vida errante, morreu em Staufen, no Breisgau. A primeira versão literária deste tema é o poema História do Doutor João Fausto, de autor desconhecido, vinda a lume em 1587, em Frankfurt: o mágico Fausto vende a alma ao Diabo em troca de regalias e bens terrenos. No fim do prazo do contrato, Fausto é estrangulado pelo Diabo.
 

Christopher Marlowe (1564-1593), poeta inglês e autor de várias peças teatrais, faz a primeira dramatização do tema numa obra a que deu o título A Trágica História do Dr. Fausto, publicada em 1589, de cuja ação consta também a venda da alma ao Diabo em troca de privilégios e bens terrenos: Fausto usufrui das regalias prometidas pelo Diabo, e a sua alma é condenada para sempre. Mais tarde, o grande poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) apaixona-se pelo tema da vida e morte do Dr. Fausto e escreve a sua obra-prima, talvez a maior obra que a lenda jamais produziu: Doktor Faust, drama em duas partes - a última delas só foi concluída vinte e quatro anos depois da primeira e poucos dias antes da morte do autor -, em que o poeta quis simbolizar as suas conceções da Natureza e do Homem. Na primeira parte, o Doutor Fausto, rejuvenescido pelo Diabo, a quem havia prometido vender a alma em troca de determinados privilégios e regalias que a vida lhe iria proporcionar, seduz a bela e inocente Margarida, para depois a abandonar. Margarida, em momento de extremo desespero, mata o filho e é presa. Fausto vai visitá-la ao cárcere e tenta convencê-la a fugir com ele, mas ela morre-lhe nos braços. O Diabo apressa-se a afirmar a sua condenação, mas uma voz do alto clama que o arrependimento a salvou.

Na segunda parte, também chamada Segundo Fausto, em que o poeta faz intenso uso da alegoria e do símbolo - a ligação de Fausto com Helena simboliza a complementaridade entre o Romantismo e o Classicismo -, o desenvolvimento do drama como que se interrompe aqui e além para ter novo começo em cada uma das situações novas e diferentes que se vão proporcionando, com o objetivo de mostrar que nem o amor nem a ciência conseguem prender a alma do homem nos seus anseios: a salvação do homem está na ação. É a ação justa que fortifica o espírito de Fausto e o leva a triunfar da tentação. Fausto é também o título de uma obra do dramaturgo alemão Friedrich Klinger (1752-1831), publicada em 1791, de importância secundária, em que o pessimismo acompanha e domina toda a ação. Fausto é ainda um poema épico-dramático da autoria do poeta austríaco Nikolaus Lenau (1802-1850), publicado em 1836, obra de real importância pela profundidade de pensamento.

Doktor Faustus é também o título de um romance da autoria do escritor alemão Thomas Mann (1875-1955), publicado em 1947. O autor volta-se para o tema da «discórdia» entre o espírito e a vida e faz desembocar esta luta na catástrofe do herói do romance, em paralelo com a tragédia que antes se abatera sobre o povo alemão. Condenação de Fausto é o título de uma lenda dramática em quatro partes, com música do compositor francês Louis-Hector Berlioz (1803-1859), estreada em 1846, geralmente considerada a obra-prima deste ilustre compositor. Fausto é o nome de uma sinfonia para orquestra e vozes de homem, em três partes - Faust, Gretchen e Mephistopheles - da autoria do compositor húngaro Franz Liszt (1811-1886), estreada em 1854. Fausto é também uma ópera em cinco atos, da autoria dos dramaturgos franceses Michel Carré (1819-1872) e Jules Barbier (1825-1901) e de cuja música é autor o célebre compositor francês Charles Gounod (1818-1893), cuja estreia teve lugar em 1859, e considerada uma das obras-primas da música francesa. A história de Fausto foi também adaptada ao cinema pela mão de F.W. Murnau em 1926, numa adaptação do romance de Goethe protagonizada por Emil Jannings e William Dieterle.

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Como referenciar
Porto Editora – Fausto na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-03-19 05:08:27]. Disponível em

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