Festas de Santo António e São João
Junho é, por excelência, o mês dos santos populares e os bairros mais típicos e antigos das cidades transfiguram-se em enfeites de cor e ambiente de intensa alegria. É nestes locais tão genuínos que se celebram as festas populares que têm origem nos antigos rituais pagãos do solstício de verão, que a cristianização abençoou através de dois dos seus mais distintos filhos, António e João.
Estes santos pertencem ao povo e concedem-lhe, num acordo tácito e anualmente renovado, que viva a sua natureza por uma noite e um dia. As ruas enchem-se do cheiro de sardinhas assadas, o vinho canta nos copos, a música e os folguedos invadem as cidades em romarias e marchas povoadas de arcos e balões. Benze-se o povo com o alho-porro, salta-se a fogueira para dar sorte, compra-se o manjerico que se cheira com a mão para que não seque. Segundo a tradição, que nos nossos dias se vai perdendo, as crianças armam à porta de casa o trono do santo e pedem um tostãozinho por Santo António ou São João.
Nos tempos antigos tudo começava com a expulsão do inverno pela primavera, por excelência o ciclo natural da fecundidade dos solos e da aproximação das colheitas. Era então necessário afastar as secas, as doenças e a esterilidade com rituais e sacrifícios. O homem e a mulher tinham uma relação mais direta e íntima com a Natureza, um respeito e adoração místicas por um universo comum no qual se reviam. Por esta razão, não espanta que ainda hoje Santo António e São João tenham a grande responsabilidade de serem os santos casamenteiros.
Diz a tradição que a água das orvalhadas da madrugada de São João tem poderes excecionais de purificação, regeneração e proteção, garantindo amores felizes e casamento próximo, para além de proporcionar vigor aos idosos e beleza aos jovens. Este simbolismo universal das águas também se observa nos poderes místicos de certas plantas, como o alho-porro, o manjerico, a alcachofra, o cardo ou a cidreira. A alcachofra tem o poder de adivinhar a realização do casamento, devendo para isso ser queimada ou chamuscada na véspera do dia 24, à meia-noite, na fogueira de São João - "Em louvor de São João, para ver se fulano me quer bem ou não" - e deixada ao relento, enterrada num vaso. O casamento está garantido se a planta reflorir no dia seguinte.
A tradição das fogueiras de São João está relacionada com o ancestral culto do Sol, em que o fogo simboliza o poder purificador e fertilizante. O saltar da fogueira está estreitamente ligado à saúde, ao acasalamento e à fecundação.
Santo António é o primeiro a inaugurar os festejos, no dia 13, e Lisboa viria a elegê-lo seu patrono. Protetor dos marinheiros e das raparigas casadoiras nasceu Fernando de Bulhões em Lisboa, a 15 de agosto de 1195, e morreu António em Pádua, com 36 anos. Desassossegado e suportando a custo os constrangimentos das leis dos homens, não conhecia outra vontade senão a de Deus. Pregador exímio, a sua missão evangelizadora e os seus muitos milagres valeram-lhe um culto popular que se intensificou nos séculos XV e XVI. O povo trata-o por tu e põe-lhe o Menino ao colo. Quanto mais o venera mais dele espera e por isso as raparigas castigam-no, mergulhando-o de cabeça na água ou voltando-o contra a parede, se os seus pedidos de casamento e namoro não são atendidos. É famoso o responso ao Santo António por objetos perdidos ou pessoas sem paradeiro. Segundo Teófilo Braga "é adorado como um feitiço contra todos os males, e como tal também amarrado, exposto ao relento ou deitado num poço para satisfazer o que se lhe pede".
São João Batista, o "apóstolo do amor", terá nascido a 24 de junho, anunciado pelo anjo Gabriel, e foi o precursor do Messias, a quem batizou como estava determinado. Morreu a pedido de Salomé, que exigiu a sua cabeça por indicação de sua mãe Herodíades, com quem Herodes mantinha uma relação ilícita. A festa de São João tem no Porto o seu maior expoente e dimensão, assumindo quase um carácter mágico pela forma como os seus habitantes vivem a festa. É como se tudo acabasse nesse dia, celebrando a chegada de um novo ciclo de renovação com liberdade e desprendimento. Nessa véspera de 24 de junho, festejam-se rituais antigos como se a vida e o Mundo não tivessem um início ou um fim.
Estes santos pertencem ao povo e concedem-lhe, num acordo tácito e anualmente renovado, que viva a sua natureza por uma noite e um dia. As ruas enchem-se do cheiro de sardinhas assadas, o vinho canta nos copos, a música e os folguedos invadem as cidades em romarias e marchas povoadas de arcos e balões. Benze-se o povo com o alho-porro, salta-se a fogueira para dar sorte, compra-se o manjerico que se cheira com a mão para que não seque. Segundo a tradição, que nos nossos dias se vai perdendo, as crianças armam à porta de casa o trono do santo e pedem um tostãozinho por Santo António ou São João.
Nos tempos antigos tudo começava com a expulsão do inverno pela primavera, por excelência o ciclo natural da fecundidade dos solos e da aproximação das colheitas. Era então necessário afastar as secas, as doenças e a esterilidade com rituais e sacrifícios. O homem e a mulher tinham uma relação mais direta e íntima com a Natureza, um respeito e adoração místicas por um universo comum no qual se reviam. Por esta razão, não espanta que ainda hoje Santo António e São João tenham a grande responsabilidade de serem os santos casamenteiros.
Diz a tradição que a água das orvalhadas da madrugada de São João tem poderes excecionais de purificação, regeneração e proteção, garantindo amores felizes e casamento próximo, para além de proporcionar vigor aos idosos e beleza aos jovens. Este simbolismo universal das águas também se observa nos poderes místicos de certas plantas, como o alho-porro, o manjerico, a alcachofra, o cardo ou a cidreira. A alcachofra tem o poder de adivinhar a realização do casamento, devendo para isso ser queimada ou chamuscada na véspera do dia 24, à meia-noite, na fogueira de São João - "Em louvor de São João, para ver se fulano me quer bem ou não" - e deixada ao relento, enterrada num vaso. O casamento está garantido se a planta reflorir no dia seguinte.
Santo António é o primeiro a inaugurar os festejos, no dia 13, e Lisboa viria a elegê-lo seu patrono. Protetor dos marinheiros e das raparigas casadoiras nasceu Fernando de Bulhões em Lisboa, a 15 de agosto de 1195, e morreu António em Pádua, com 36 anos. Desassossegado e suportando a custo os constrangimentos das leis dos homens, não conhecia outra vontade senão a de Deus. Pregador exímio, a sua missão evangelizadora e os seus muitos milagres valeram-lhe um culto popular que se intensificou nos séculos XV e XVI. O povo trata-o por tu e põe-lhe o Menino ao colo. Quanto mais o venera mais dele espera e por isso as raparigas castigam-no, mergulhando-o de cabeça na água ou voltando-o contra a parede, se os seus pedidos de casamento e namoro não são atendidos. É famoso o responso ao Santo António por objetos perdidos ou pessoas sem paradeiro. Segundo Teófilo Braga "é adorado como um feitiço contra todos os males, e como tal também amarrado, exposto ao relento ou deitado num poço para satisfazer o que se lhe pede".
São João Batista, o "apóstolo do amor", terá nascido a 24 de junho, anunciado pelo anjo Gabriel, e foi o precursor do Messias, a quem batizou como estava determinado. Morreu a pedido de Salomé, que exigiu a sua cabeça por indicação de sua mãe Herodíades, com quem Herodes mantinha uma relação ilícita. A festa de São João tem no Porto o seu maior expoente e dimensão, assumindo quase um carácter mágico pela forma como os seus habitantes vivem a festa. É como se tudo acabasse nesse dia, celebrando a chegada de um novo ciclo de renovação com liberdade e desprendimento. Nessa véspera de 24 de junho, festejam-se rituais antigos como se a vida e o Mundo não tivessem um início ou um fim.
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Como referenciar
Porto Editora – Festas de Santo António e São João na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-03-22 15:41:31]. Disponível em
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