fontes (história)
As fontes compreendem todo e qualquer documento, dos mais diversos tipos, que detenha algum valor para a reconstituição do passado e dos modos de vida das várias culturas, povos e civilizações. Estes documentos ou fontes podem estar sobre diversos suportes, desde o iconográfico (mapas, desenhos, pinturas, esculturas) ao oral (lendas, cantigas), ao escrito (livros, cartas, diários, epigrafia), ao monumental (monumentos) e ao natural e paisagístico. As fontes dividem-se em primárias, que são testemunhos em primeira-mão - contados pelo próprio e legados de forma intencional ou não - e secundárias, que derivam da observação e estudo das fontes primárias e são portanto menos autênticas, uma vez que comportam um juízo elaborado por um ou mais intermediários.
Um dos repositórios mais importantes de fontes escritas e iconográficas são os arquivos, apesar da organização de muitos deles se ter prendido com os conceitos que a época de estruturação dos mesmos preconizava, verificando-se casos em que documentos atualmente considerados importantes foram relegados. Estes arquivos compreendem testemunhos tão variados como documentos demográficos, económicos e fiscais, cartulários, autos notariais, índices estatísticos e muitos outros.
No âmbito da iconografia, podemos identificar sumariamente duas vertentes: a pagã/profana/civil, que trata dos mais variados assuntos, desde temas mitológicos (A fonte da juventude, de Lucas Cranach, o Velho, O triunfo de Vénus, de Francesco del Cossa) a retratos de personagens marcantes e de cenas históricas (A coroação de Napoleão I, de Jacques-Louis David, O massacre de Taillebourg, de Eugène Delacroix, O cardeal Guido Bentivoglio, de Anthonis van Dyck); a religiosa, que abarca uma variedade imensa de temas, desde a criação do mundo a retratos de personagens de alguma forma relevantes.
Reveste-se de grande importância o legado oral, que costuma referir-se a um círculo mais tradicional e menos elitista, onde a maioria das pessoas não tinha instrução nem outra forma de transmitir conhecimentos. Em última instância, foi esta a forma de transmissão histórica até o ser humano o plasmar cada vez mais frequentemente em suportes físicos. Deste tipo de fonte, com representantes tão proeminentes como os aedos gregos, os jograis e os contadores de histórias, constam lendas e estórias (muitas delas mais tarde passadas a papel), assim como canções e outro tipo de música, geralmente de cariz popular.
São ainda de extrema importância os monumentos de toda a classe, desde mono e megálitos do início da história do Homem à arquitetura religiosa, dedicada às diversas divindades cultuadas pelos diferentes povos e civilizações e à civil, que compreende toda a construção efetuada para o serviço de um povo (aquedutos, canalizações, barragens, túneis, estradas, etc.) e homenagem àqueles que se destacaram entre ele (estátuas e construções de tributo a uma pessoa ou conjunto de pessoas).
Finalmente, e onde vivem e se implantam os homens e toda a produção de que temos vindo a falar, lembremos a Natureza e os seus componentes, que através do seu estado intocado ou pelas alterações nela efetuadas, são fortes indicadores das ações humanas. Assim, poder-se-á encontrar respostas para perguntas como: porque decidiu uma determinada comunidade construir um núcleo urbano junto a uma zona litoral ou a um eixo viário? Porque situar um castelo numa zona elevada? Porque ficaram intocadas algumas zonas paisagísticas? Qual a razão de escolha de um determinado padrão de cultura dos campos?
Existem estruturas museológicas, denominas ecomuseus, que visam, em última instância e com o objetivo de preservar a autenticidade do meio natural em que o Homem vive e de que forma vive, resguardar testemunhos da alteração e do avanço inexoráveis das civilizações.
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