Guerra na Somália
A Somália foi uma antiga colónia italiana, independente em 1960, altura em que se uniu à Somalilândia (Somália Britânica). Tornou-se um estado socialista na órbita soviética, a partir de 1970, e foi teatro de conflitos sucessivos e disputas com países vizinhos, sendo também atingida por secas e fomes, num panorama humanitário aterrador.
Durante muitos anos (1969-1991), a Somália esteve sob o domínio nepótico e ditatorial de Siyad Barre que, reeleito em 1986, começou nesse ano a ver o seu poder debilitado, com o malogro do nacionalismo pan-somali (união de todos os somalis no Corno de África, dentro e fora da Somália) e a rebelião armada do Congresso da Somália unificada (CSU). O conflito entre senhores de clãs ("senhores da guerra", como lhes chamaram os media) era cada vez maior: de um lado os Darod e Barre; do outro, os Hawiye e a CSU.
Em 1991, Barre foge para o Sul do país. Outro clã, o Issaq, oriundo do Norte, aí instaura uma República da Somalilândia.
A CSU dividia-se, entretanto: em novembro de 1991, Ali Mahdi Mohammed, sucessor de Barre, é derrubado por Mohammed Farah Aidid, oriundo duma fação rival no seio dos Hawye.
Os combates entre fações assolam o país que se debate também com fomes.
Em agosto de 1992, George Bush (então presidente dos EUA) desencadeia uma operação humanitária ("Provide Relief") a partir do seu país.
Em setembro, um contingente paquistanês da ONU é mandatado para proteger um plano de ajuda alimentar ("Operação ONUSOM"). Depois, a ONU invoca o "direito de ingerência", criando um precedente, para intervir na Somália em força e restabelecer a segurança no país. Desencadeada em dezembro de 1992, sob supervisão dos EUA, participam na operação "Restaurar a Esperança" 36 000 homens de vários países.
Em 1993 inicia-se a "Operação ONUSOM II" para desarmar milícias em guerra. Em junho do mesmo ano, morrem 24 capacetes-azuis paquistaneses. A operação passa a ser de "caça ao homem", ou melhor, ao general Aidid. Em outubro morrem 18 rangers. Receando uma intervenção em maior escala, traumática e devastadora, o presidente Clinton recua perante Aidid. Em dezembro, falha também a mediação eritreu-etíope para o conflito, proposta pelo Governo dos EUA. Só em março de 1994 se chega a um entendimento entre os somalis, num frágil acordo. Os EUA abandonam o país e a ONU coloca-se à margem das negociações. A ONUSOM parte da Somália. Contudo, os conflitos no país continuam até hoje, mesmo contra a ONU, com os clãs a digladiarem-se. A ONU conseguiu, apesar de tudo, evitar a morte pela fome a cerca de um milhão de somalis.
Durante muitos anos (1969-1991), a Somália esteve sob o domínio nepótico e ditatorial de Siyad Barre que, reeleito em 1986, começou nesse ano a ver o seu poder debilitado, com o malogro do nacionalismo pan-somali (união de todos os somalis no Corno de África, dentro e fora da Somália) e a rebelião armada do Congresso da Somália unificada (CSU). O conflito entre senhores de clãs ("senhores da guerra", como lhes chamaram os media) era cada vez maior: de um lado os Darod e Barre; do outro, os Hawiye e a CSU.
Em 1991, Barre foge para o Sul do país. Outro clã, o Issaq, oriundo do Norte, aí instaura uma República da Somalilândia.
A CSU dividia-se, entretanto: em novembro de 1991, Ali Mahdi Mohammed, sucessor de Barre, é derrubado por Mohammed Farah Aidid, oriundo duma fação rival no seio dos Hawye.
Os combates entre fações assolam o país que se debate também com fomes.
Em agosto de 1992, George Bush (então presidente dos EUA) desencadeia uma operação humanitária ("Provide Relief") a partir do seu país.
Em setembro, um contingente paquistanês da ONU é mandatado para proteger um plano de ajuda alimentar ("Operação ONUSOM"). Depois, a ONU invoca o "direito de ingerência", criando um precedente, para intervir na Somália em força e restabelecer a segurança no país. Desencadeada em dezembro de 1992, sob supervisão dos EUA, participam na operação "Restaurar a Esperança" 36 000 homens de vários países.
Em 1993 inicia-se a "Operação ONUSOM II" para desarmar milícias em guerra. Em junho do mesmo ano, morrem 24 capacetes-azuis paquistaneses. A operação passa a ser de "caça ao homem", ou melhor, ao general Aidid. Em outubro morrem 18 rangers. Receando uma intervenção em maior escala, traumática e devastadora, o presidente Clinton recua perante Aidid. Em dezembro, falha também a mediação eritreu-etíope para o conflito, proposta pelo Governo dos EUA. Só em março de 1994 se chega a um entendimento entre os somalis, num frágil acordo. Os EUA abandonam o país e a ONU coloca-se à margem das negociações. A ONUSOM parte da Somália. Contudo, os conflitos no país continuam até hoje, mesmo contra a ONU, com os clãs a digladiarem-se. A ONU conseguiu, apesar de tudo, evitar a morte pela fome a cerca de um milhão de somalis.
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Como referenciar
Porto Editora – Guerra na Somália na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-05-23 22:18:03]. Disponível em
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