Guerras com Castela e Guerra da Independência (1383-85)
Depois da amizade luso-castelhana selada com a batalha do Salado, em 1340, uma série de casamentos entre figuras das respetivas casas reais se desenharam. Mas em Castela outros ventos começaram a soprar, trazidos por uma nova dinastia reinante, os Trastâmaras, à frente da qual estava Henrique II. Em Portugal, D. Fernando começou então a alegar direitos à coroa de Espanha, apresentando como argumento o facto de ser descendente de D. Manuel, segundo filho de Fernando II, e da princesa portuguesa D. Urraca, filha de D. Afonso Henriques. Consegue-se a paz de Alcoutim em 1371, mas entretanto nova guerra se levantou entre os dois reinos, que esta terminaria em 1373 com a paz de Santarém, depois da derrota e humilhação de D. Fernando. Em 1378, recorde-se, dá-se o Cisma do Ocidente, com D. Fernando a apoiar, depois de várias hesitações, o papa de Roma e Castela a seguir o partido de Avinhão, dito dos antipapas. Portugal consolidava também a sua aliança com a Inglaterra, tendo-se previsto mesmo o casamento de D. Beatriz, filha e herdeira de D. Fernando, com um membro da família real inglesa.
Este projeto de D. Fernando foi abortado com uma invasão de Portugal por D. João I de Castela em 1381-82, iniciando-se assim a terceira guerra fernandina. D. João, filho de D. Pedro e de D. Inês de Castro, refugiado em Castela, acompanhou o monarca castelhano nesta guerra. Apesar do apoio de 2000 mercenários ingleses, Portugal sofreu várias derrotas, até que foi definitivamente vencido em Saltes, em 1382, com Lisboa a ser cercada, mas resistindo. Só a paz de Elvas, em agosto de 1382, resolveria o impasse político-militar de mais esta guerra com Castela; esta paz seria consolidada no tratado de Salvaterra de Magos, assinado a 2 de abril de 1383, no qual ficou decidido que a Infanta D. Beatriz, então com 11 anos de idade, se casaria com o herdeiro de Castela, filho de D. João I. Este acabaria, porém, por se tornar ele próprio o marido da jovem princesa portuguesa, pois a sua mulher, a rainha de Castela, faleceu precocemente sem deixar herdeiros. D. Fernando faleceu também nesse ano, a 22 de outubro, igualmente de forma precoce, com 38 anos, o que acionou uma cláusula do acordo de Salvaterra: a sua mulher, a rainha D. Leonor Teles, assumia a regência de Portugal, em nome de D. João I de Castela e de D. Beatriz, sua filha.
No entanto, se muitos aceitaram este cenário, muitos outros o contestaram, como D. João, Mestre de Avis, e muitos outros filhos segundos e membros da burguesia portuguesa, que a 6 de dezembro, em Lisboa, mataram o conde de Andeiro, principal conselheiro de D. Leonor e pró-castelhano. Depois foi assassinado o bispo de Lisboa, acusado de apoiar D. Leonor e os castelhanos. Perante esta situação, D. João I de Castela invade Portugal, cercando Lisboa em 1384. Começavam então as guerras pela independência do País. No Alentejo operava D. Nuno Álvares Pereira, estratega da confiança de D. João de Portugal, que venceu os castelhanos em Atoleiros, uma vitória, como dizia o Prof. José Mattoso, dos archeiros, besteiros e da cavalaria ligeira contra a rigidez convencional dos esquemas de guerra feudais dos castelhanos. Noutro "campo de batalha", nas Cortes de Coimbra, entretanto, e já em 1385, D. João, Mestre de Avis, bem escudado nas teses de Fr. João das Regras, um canonista e legista dominicano português, conseguiu afastar os outros pretendentes à coroa portuguesa – D. Beatriz, D. João e D. Dinis, estes dois últimos filhos de D. Pedro e de D. Inês de Castro, e fazer-se aclamar rei de Portugal, sob o nome de João I, fundando uma nova dinastia, a dinastia de Avis. Nas refregas por esse País fora, os Portugueses somaram também vitórias ao longo de 1385, em Aljubarrota, Trancoso e Valverde, comandados pelo agora condestável D. Nuno Álvares Pereira, apoiados por efetivos ingleses e peões plebeus nacionais. Foram então expulsos os exércitos castelhanos do País.
Mas Castela reivindicava ainda a coroa portuguesa, de que os seus monarcas se afirmavam como reis. Depois de várias escaramuças e tréguas, acordou-se, em 1389, uma troca de localidades entre os dois reinos: Portugal devolvia Tui e Salvatierra e recebia Noudar, Olivença, Mértola, Castelo Rodrigo, Castelo Mendo, Castelo Melhor e Castelo Bom. Nova trégua foi assinada em 1393, no Sabugal, ficando acordado que os monarcas, ou eventuais herdeiros das coroas de ambos os países, não poderiam usurpar o trono de um e de outro ou ajudar alguém a fazê-lo. Em 1411, no tratado de Segóvia, finalmente, repuseram-se as antigas fronteiras castelhano-portuguesas e encerrou-se o longo conflito entre Portugal e Castela.
Este projeto de D. Fernando foi abortado com uma invasão de Portugal por D. João I de Castela em 1381-82, iniciando-se assim a terceira guerra fernandina. D. João, filho de D. Pedro e de D. Inês de Castro, refugiado em Castela, acompanhou o monarca castelhano nesta guerra. Apesar do apoio de 2000 mercenários ingleses, Portugal sofreu várias derrotas, até que foi definitivamente vencido em Saltes, em 1382, com Lisboa a ser cercada, mas resistindo. Só a paz de Elvas, em agosto de 1382, resolveria o impasse político-militar de mais esta guerra com Castela; esta paz seria consolidada no tratado de Salvaterra de Magos, assinado a 2 de abril de 1383, no qual ficou decidido que a Infanta D. Beatriz, então com 11 anos de idade, se casaria com o herdeiro de Castela, filho de D. João I. Este acabaria, porém, por se tornar ele próprio o marido da jovem princesa portuguesa, pois a sua mulher, a rainha de Castela, faleceu precocemente sem deixar herdeiros. D. Fernando faleceu também nesse ano, a 22 de outubro, igualmente de forma precoce, com 38 anos, o que acionou uma cláusula do acordo de Salvaterra: a sua mulher, a rainha D. Leonor Teles, assumia a regência de Portugal, em nome de D. João I de Castela e de D. Beatriz, sua filha.
No entanto, se muitos aceitaram este cenário, muitos outros o contestaram, como D. João, Mestre de Avis, e muitos outros filhos segundos e membros da burguesia portuguesa, que a 6 de dezembro, em Lisboa, mataram o conde de Andeiro, principal conselheiro de D. Leonor e pró-castelhano. Depois foi assassinado o bispo de Lisboa, acusado de apoiar D. Leonor e os castelhanos. Perante esta situação, D. João I de Castela invade Portugal, cercando Lisboa em 1384. Começavam então as guerras pela independência do País. No Alentejo operava D. Nuno Álvares Pereira, estratega da confiança de D. João de Portugal, que venceu os castelhanos em Atoleiros, uma vitória, como dizia o Prof. José Mattoso, dos archeiros, besteiros e da cavalaria ligeira contra a rigidez convencional dos esquemas de guerra feudais dos castelhanos. Noutro "campo de batalha", nas Cortes de Coimbra, entretanto, e já em 1385, D. João, Mestre de Avis, bem escudado nas teses de Fr. João das Regras, um canonista e legista dominicano português, conseguiu afastar os outros pretendentes à coroa portuguesa – D. Beatriz, D. João e D. Dinis, estes dois últimos filhos de D. Pedro e de D. Inês de Castro, e fazer-se aclamar rei de Portugal, sob o nome de João I, fundando uma nova dinastia, a dinastia de Avis. Nas refregas por esse País fora, os Portugueses somaram também vitórias ao longo de 1385, em Aljubarrota, Trancoso e Valverde, comandados pelo agora condestável D. Nuno Álvares Pereira, apoiados por efetivos ingleses e peões plebeus nacionais. Foram então expulsos os exércitos castelhanos do País.
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Como referenciar
Porto Editora – Guerras com Castela e Guerra da Independência (1383-85) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-02-19 11:15:03]. Disponível em
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