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Hilda Hilst
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Poetisa, dramaturga e ficcionista brasileira nascida a 21 de abril de 1930, em Jaú, no Estado de São Paulo (Brasil).
Os pais separaram-se quando ainda era pequena. A mãe mudou-se com os filhos para Santos (Estado de São Paulo) e o pai, o poeta e ensaísta Apolónio Prado Hilst, que sofria de esquizofrenia, foi internado num sanatório em Campinas (Estado de São Paulo).
Em 1937, ingressou no colégio interno Santa Marcelina, da cidade paulista e, em 1945, matriculou-se no curso clássico da Escola Mackenzie, onde conheceu Gisela Magalhães, futura arquiteta e amiga de toda a vida. Por conselho da mãe, inscreveu-se na Faculdade de Direito de São Paulo (1948-1952) e, durante esse período estudantil, levou uma vida boémia e amorosa intensa. De grande beleza física, a escritora despertou várias paixões, como a de Vinicius de Moraes, e escandalizou a alta sociedade pelo seu comportamento arrojado.
Concluído o curso, começou a trabalhar num escritório de advocacia, mas cedo se percebeu de que a carreira profissional seria inconciliável com a de escritora. Viajou então para a Argentina e Chile e, em 1957, partiu para a Europa, residindo seis meses em Paris.
De regresso ao Brasil, conheceu o escultor Dante Casarini, com quem se casou alguns anos depois (1968), e estabeleceu-se na Fazenda S. José de Campinas, onde iniciou a construção da Casa do Sol, na qual permaneceu até ao resto da sua vida. Depois da morte do pai, em 1966, dedicou-se inteiramente à escrita, começando a sua produção teatral, um ano depois. Apesar de se ter divorciado em 1985, Casarini continuou a viver, como amigo, na Casa do Sol, assim como o escritor e crítico literário Edson Costa Duarte. Hilda Hilst, que bebia muito, passou a escrever e a publicar a um ritmo intenso. Desde 1982, fez parte do Programa do Artista Residente da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e, em 1995, foi-lhe comprado uma primeira parte do acervo pessoal pelo Centro de Documentação Alexandre Eulálio, pelo Instituto de Estudos de Linguagem (IEL) e pelo UNICAMP, tornando assim acessível a sua consulta. Em setembro de 2002, o Centro de Documentação da Unicamp comprou a segunda parte do acervo da escritora, que incluía originais, diários, fotografia e cadernos de anotações. A partir de 1995, a escritora passou a sofrer de isquemia cerebral.
Da sua obra destaca-se os primeiros livros Presságio (1950) e Balada de Alzira (1951), como também Sete Cantos do Poeta para o Anjo (1962), que ganhou o Prémio Pen Club de São Paulo, O Verdugo (1969) que recebeu o Prémio Anchieta, um dos mais prestigiantes da altura, Ficções (1977), com o qual obteve o prémio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), na categoria de "Melhor Livro do Ano", Cantares de Perda e Predileção (1983), que recebeu o prémio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro (1984) e o prémio Cassiano Ricardo do Clube de Poesia de São Paulo (1985), e Rútilo Nada (1993), com o qual obteve o Prémio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, em 1994. Para além desses prémios, a escritora foi ainda agraciada, em 2002, com o Prémio Moinho Santista, na categoria de poesia, e com o Grande Prémio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2003, pela reedição de das suas Obras Completas. Saliente-se ainda o conjunto de obras pornográficas de Hilda Hilst, iniciada com A Obscena Senhora D (1982) e continuada com livros como O Caderno Rosa de Lori Lamby (1990) ou Cartas de um Sedutor (1991), que tinham como objetivo aumentar o número de vendas e conquistar o reconhecimento do público. No entanto, elas provocaram reações de espanto e de indignação por parte crítica e dos amigos.
Quanto à sua literatura, ela transparece as preocupações essenciais da escritora, como as problemáticas filosóficas sobre o tempo, a morte, o amor, o medo e a angústia, que Hilda Hilst encontrou em James Joyce, Franz Kafka e em Jorge Luis Borges. Interessada também pela imortalidade da alma, a nível científico, a escritora realizou algumas experiências e leu as obras do físico Stephane Lupasco e as pesquisas do cientista sueco Friederich Yuergenson.
Hilda Hilst faleceu a 4 de fevereiro de 2004, na cidade de Campinas, no Estado de São Paulo, em consequência de uma queda no dia 2 de janeiro e da qual resultou uma fratura no fémur e posteriores complicações hospitalares.
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Como referenciar
Porto Editora – Hilda Hilst na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-03-27 00:30:32]. Disponível em

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