História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses
Fernão Lopes de Castanheda desejou escrever uma obra que fosse a primeira a historiar a presença dos portugueses na Índia, assim como a sua descoberta. A este projeto dedicou ele toda a sua vida com um fervor e esforço admiráveis, que levou a que a sua História seja, ainda hoje, uma obra muito importante e reveladora devido à historiografia direta que apresenta, elaborada por um homem que conheceu pessoalmente os locais e factos que relata.
A sua paciência de investigador e a sua larga observação levada a efeito no Oriente estão manifestas no prólogo, onde escreve o autor: "E a riqueza que lá trabalhei por alcançar foi saber muito particularmente o que àquele tempo fizeram os Portugueses no descobrimento e conquista da Índia e isto não de pessoas quaisquer, senão de capitães e Fidalgos que o sabiam muito bem por serem presentes nos conselhos das coisas e na execução delas... E assim vi os lugares em que se fizeram as coisas que havia de escrever... E não somente fiz esta diligência na Índia, mas ainda depois em Portugal..."Como consequência deste desejo de veracidade e recolha de factos, a sua obra é cheia de interesse que resulta da riqueza de pormenores de toda a espécie, muito embora lhe falte a visão de conjunto. A descrição que o autor nos oferece dos primeiros contactos de Portugal com a terra e as gentes da Índia vem despojada da aura heroica que se encontra, por exemplo, num João de Barros, o cronista oficial destes acontecimentos. A sua objetividade e crueza no relato dos factos não agradou, todavia, a alguns nobres que, recorrendo aos seus contactos com a rainha, anularam a impressão dos dois últimos volumes constantes desta obra. Há, no entanto, uma terceira edição da obra, anotada por Pedro de Azevedo e Laranjo Coelho, publicada em Coimbra, entre 1924 e 1933, em quatro volumes. É também manifesto em Castanheda o desapego pelo arrebique literário, substituído pela minuciosidade narrativa, pela objetividade descritiva, pelo rigor do registo factual e pela preocupação com o pormenor. O volume I da História de 1551, cuja edição é hoje muito rara, dá-nos uma visão muito mais crua e direta da nossa chegada e presença no Oriente, do choque, da surpresa e até do pasmo dos portugueses, vindos de uma Europa pobre, ante o esplendor e a riqueza da Índia, do que a versão de 1554, refundida no sentido de se acomodar à ideia oficial que dessa descoberta desejava apresentar a corte.
Em suma, podemos dizer que o estilo de Castanheda é desadornado e incisivo, mais empenhado em registar os sucessos e as condutas dos homens tais quais eles foram do que em dignificar as situações ou glorificar as pessoas nelas envolvidas. Esta obra, pela importância e relevo que conheceu na época, foi traduzida para francês e italiano e, mais tarde, para castelhano e inglês. É uma das principais fontes históricas de Os Lusíadas.
A sua paciência de investigador e a sua larga observação levada a efeito no Oriente estão manifestas no prólogo, onde escreve o autor: "E a riqueza que lá trabalhei por alcançar foi saber muito particularmente o que àquele tempo fizeram os Portugueses no descobrimento e conquista da Índia e isto não de pessoas quaisquer, senão de capitães e Fidalgos que o sabiam muito bem por serem presentes nos conselhos das coisas e na execução delas... E assim vi os lugares em que se fizeram as coisas que havia de escrever... E não somente fiz esta diligência na Índia, mas ainda depois em Portugal..."Como consequência deste desejo de veracidade e recolha de factos, a sua obra é cheia de interesse que resulta da riqueza de pormenores de toda a espécie, muito embora lhe falte a visão de conjunto. A descrição que o autor nos oferece dos primeiros contactos de Portugal com a terra e as gentes da Índia vem despojada da aura heroica que se encontra, por exemplo, num João de Barros, o cronista oficial destes acontecimentos. A sua objetividade e crueza no relato dos factos não agradou, todavia, a alguns nobres que, recorrendo aos seus contactos com a rainha, anularam a impressão dos dois últimos volumes constantes desta obra. Há, no entanto, uma terceira edição da obra, anotada por Pedro de Azevedo e Laranjo Coelho, publicada em Coimbra, entre 1924 e 1933, em quatro volumes. É também manifesto em Castanheda o desapego pelo arrebique literário, substituído pela minuciosidade narrativa, pela objetividade descritiva, pelo rigor do registo factual e pela preocupação com o pormenor. O volume I da História de 1551, cuja edição é hoje muito rara, dá-nos uma visão muito mais crua e direta da nossa chegada e presença no Oriente, do choque, da surpresa e até do pasmo dos portugueses, vindos de uma Europa pobre, ante o esplendor e a riqueza da Índia, do que a versão de 1554, refundida no sentido de se acomodar à ideia oficial que dessa descoberta desejava apresentar a corte.
Em suma, podemos dizer que o estilo de Castanheda é desadornado e incisivo, mais empenhado em registar os sucessos e as condutas dos homens tais quais eles foram do que em dignificar as situações ou glorificar as pessoas nelas envolvidas. Esta obra, pela importância e relevo que conheceu na época, foi traduzida para francês e italiano e, mais tarde, para castelhano e inglês. É uma das principais fontes históricas de Os Lusíadas.
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Como referenciar
Porto Editora – História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-17 21:52:28]. Disponível em
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