Igreja de Santa Cruz
A Igreja de Santa Cruz de Coimbra, do antigo mosteiro dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, foi implantada nos terrenos denominados, na Idade Média, por Banhos D'El Rei, e a sua fundação teve lugar em 1131, sob o patrocínio régio de D. Afonso Henriques. Teve como primeiros habitantes um grupo de doze eclesiásticos presididos pelo arcediago D. Telo. Logo no ano seguinte, a vida desta comunidade inicia-se sob a orientação do prior S. Teotónio.
Mestre Roberto, arquiteto de origem francesa, delineou e orientou o estaleiro das obras desta robusta igreja românica, concebendo uma frontaria idêntica à que seria erigida, alguns anos mais tarde, na Sé Velha de Coimbra - obra que contou, igualmente, com a participação deste arquiteto francês.
Profundamente modificada e renovada no século XVI por iniciativa de D. Manuel I, as obras prolongaram-se por meados do século. A fachada, construída entre 1507 e 1513, manteve parte da volumetria românica anterior, sendo coroada por motivos naturalistas manuelinos, obra com a marca do arquiteto Marcos Pires. Destaca-se o seu grandioso portal materializado no brando e branco calcário de Ançã, que lhe renova a austeridade e lhe confere maior graciosidade (infelizmente, a degradação da pedra acentuou-se irremediavelmente, apesar das importantes intervenções de conservação do portal, concluídas em 1997 pelo Instituto Português do Património Arquitetónico - IPPAR). A obra do belo portal manuelino decorreu entre 1523 e 1525 e deve-se ao risco de Diogo de Castilho, intervindo nas imagens de vulto, de Santos e Doutores da Igreja, o escultor renascentista de origem francesa Nicolau Chanterene. Cerca de 1540, outro escultor francês, João de Ruão, executará as estátuas da Virgem, Isaías e David, que se encontram abrigadas em nichos renascentistas, sob o janelão central da fachada. O vão da porta e o arco triunfal são já obra barroca do século XVIII, da autoria do arquiteto José do Couto.
O interior é constituído por nave única coberta por abóbada de nervuras, obra de mestre Boitaca. O coro alto, coberto por uma abóbada estrelada, foi edificado por Diogo de Castilho em 1530. Esta dependência alberga uma dos mais preciosos cadeirais portugueses, realizado em 1513 por mestre Machim, e acrescentado, cerca de vinte anos mais tarde, por Francisco Lorete. O cadeiral inscreve-se no labor artístico do gótico final e revela-se, todo ele, um trabalho de minúcia, equilíbrio de cor e desenho quase insuperável. Aborda uma temática ligada à expansão marítima.
Várias capelas laterais preenchem a nave da igreja, que apresenta um revestimento parietal de azulejos joaninos setecentistas da oficina de Lisboa, alusivos a episódios hagiográficos sobre a Santa Cruz e Santo Agostinho. Mas o destaque vai para uma das obras-primas da Renascença em Portugal, o pequeno púlpito esculpido por Nicolau Chanterene, em 1521, pleno de vigor plástico nas suas pequenas figuras de sibilas e profetas ou nas quatro imagens dos Doutores da Igreja, soberbas estátuas esculpidas em nichos profusamente decorados por temas renascentistas.
Na capela-mor reside outro dos pontos altos do cenóbio conimbricense. Referimo-nos aos túmulos dos primeiros reis de Portugal - D. Afonso Henriques e seu filho, D. Sancho I. Se a arquitetura tumulária se deve ao labor de Diogo de Castilho, a estatuária albergada por essas magníficas cenografias funerárias é obra conjunta de diversos artistas ainda não identificados. Os idealizados e tranquilos jacentes reais saíram da mão de Chanterene.
A ampla e decorada sacristia é obra do maneirismo tardio, delineada por Pedro Nunes de Tinoco entre 1622 e 1624. Aqui se encontram algumas das melhores tábuas da pintura portuguesa de Quinhentos, de autores como Cristóvão de Figueiredo ou Vasco Fernandes, mais conhecido por Grão Vasco. Contíguo à sacristia, estão guardadas, em relicários de prata, as relíquias de santos tão importantes como S. Teotónio ou os Mártires de Marrocos.
O claustro do silêncio, disposto em dois níveis, foi iniciado em 1517 por Marcos Pires. É um equilibrado exemplar da arquitetura manuelina - na sua sucessão de arcos ogivais combinados com os elementos decorativos complementares, de cariz vegetalista. Com diversas e interessantes capelas, o claustro é envolvido por luxuriante vegetação e fontes de belo recorte, destacando-se nas suas paredes três baixo-relevos de Chanterene, alusivos à Paixão de Cristo e inspirados em gravuras de Dürer.
Mestre Roberto, arquiteto de origem francesa, delineou e orientou o estaleiro das obras desta robusta igreja românica, concebendo uma frontaria idêntica à que seria erigida, alguns anos mais tarde, na Sé Velha de Coimbra - obra que contou, igualmente, com a participação deste arquiteto francês.
Profundamente modificada e renovada no século XVI por iniciativa de D. Manuel I, as obras prolongaram-se por meados do século. A fachada, construída entre 1507 e 1513, manteve parte da volumetria românica anterior, sendo coroada por motivos naturalistas manuelinos, obra com a marca do arquiteto Marcos Pires. Destaca-se o seu grandioso portal materializado no brando e branco calcário de Ançã, que lhe renova a austeridade e lhe confere maior graciosidade (infelizmente, a degradação da pedra acentuou-se irremediavelmente, apesar das importantes intervenções de conservação do portal, concluídas em 1997 pelo Instituto Português do Património Arquitetónico - IPPAR). A obra do belo portal manuelino decorreu entre 1523 e 1525 e deve-se ao risco de Diogo de Castilho, intervindo nas imagens de vulto, de Santos e Doutores da Igreja, o escultor renascentista de origem francesa Nicolau Chanterene. Cerca de 1540, outro escultor francês, João de Ruão, executará as estátuas da Virgem, Isaías e David, que se encontram abrigadas em nichos renascentistas, sob o janelão central da fachada. O vão da porta e o arco triunfal são já obra barroca do século XVIII, da autoria do arquiteto José do Couto.
Várias capelas laterais preenchem a nave da igreja, que apresenta um revestimento parietal de azulejos joaninos setecentistas da oficina de Lisboa, alusivos a episódios hagiográficos sobre a Santa Cruz e Santo Agostinho. Mas o destaque vai para uma das obras-primas da Renascença em Portugal, o pequeno púlpito esculpido por Nicolau Chanterene, em 1521, pleno de vigor plástico nas suas pequenas figuras de sibilas e profetas ou nas quatro imagens dos Doutores da Igreja, soberbas estátuas esculpidas em nichos profusamente decorados por temas renascentistas.
Na capela-mor reside outro dos pontos altos do cenóbio conimbricense. Referimo-nos aos túmulos dos primeiros reis de Portugal - D. Afonso Henriques e seu filho, D. Sancho I. Se a arquitetura tumulária se deve ao labor de Diogo de Castilho, a estatuária albergada por essas magníficas cenografias funerárias é obra conjunta de diversos artistas ainda não identificados. Os idealizados e tranquilos jacentes reais saíram da mão de Chanterene.
A ampla e decorada sacristia é obra do maneirismo tardio, delineada por Pedro Nunes de Tinoco entre 1622 e 1624. Aqui se encontram algumas das melhores tábuas da pintura portuguesa de Quinhentos, de autores como Cristóvão de Figueiredo ou Vasco Fernandes, mais conhecido por Grão Vasco. Contíguo à sacristia, estão guardadas, em relicários de prata, as relíquias de santos tão importantes como S. Teotónio ou os Mártires de Marrocos.
O claustro do silêncio, disposto em dois níveis, foi iniciado em 1517 por Marcos Pires. É um equilibrado exemplar da arquitetura manuelina - na sua sucessão de arcos ogivais combinados com os elementos decorativos complementares, de cariz vegetalista. Com diversas e interessantes capelas, o claustro é envolvido por luxuriante vegetação e fontes de belo recorte, destacando-se nas suas paredes três baixo-relevos de Chanterene, alusivos à Paixão de Cristo e inspirados em gravuras de Dürer.
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Como referenciar
Porto Editora – Igreja de Santa Cruz na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-03-27 04:31:33]. Disponível em
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