Igreja e seita
A Igreja é uma instituição garante de um sistema de crenças religiosas, elaborando e reativando um conjunto de códigos e de normas que impõe aos seus fiéis, proclamando como heréticos aqueles que os não seguem. As instituições religiosas, para além das vias e caminhos espirituais, gerem todo um conjunto de bens e estratégias temporais que fazem com que o místico solitário se constitua como um marginal perante adeptos de uma mesma crença.
O nascimento e desenvolvimento dos Estados modernos fez com que o lugar da Igreja, dentro da sociedade, se tenha modificado, privando-a, em parte, do seu poder temporal bem como do monopólio da cultura.
A discussão situou-se, a dada altura, mais na distinção entre Igreja e seita religiosa. Hoje, essa reflexão faz-se numa tentativa de compreensão dos novos movimentos religiosos. Max Weber opôs Igreja a seita como uma instituição de salvação e um agrupamento voluntário de convertidos. Enquanto a Igreja privilegia a sua extensão, a seita coloca a sua tónica na intensidade de vida dos seus membros. Por sua vez, E. Troeltsch acrescenta um outro ponto: a seita opõe-se à Igreja e à rede mística, portadora da religiosidade livre, fora da instituição. A Igreja seria, desta forma, universal, preexistindo aos seus membros, aos quais se impõe. A Igreja, na sua vocação de extensividade, está pronta a compromissos com as instituições da vida pública em geral e com o Estado, interferindo na sociedade e nas culturas, e recebe no seu seio crentes oriundos dos vários estratos sociais e económicos. A seita nasce da decisão voluntária de adesão dos seus membros e do contrato que estabelecem entre eles e Deus. Por se retrair em relação à sociedade global e à sua cultura, a seita dá origem a uma subcultura própria.
Os grupos místicos, por serem fluidos e efémeros, expressam-se de uma forma extra-institucional, censurando tanto a Igreja como a seita nas suas intransigências e nos seus dogmatismos. De alguma forma falamos de tipos ideais. No entanto, qualquer um destes tipos - Igreja, seita ou rede mística - tem um grande número de traços comuns, dado que um agrupamento inicialmente muito próximo do tipo seita, e que dele conserva um grande número de traços, pode não perder alguns deles na sua evolução, indo buscar também um ou outro traço aos outros dois tipos. Numa sociedade secularizada, é cada vez mais difícil distinguir claramente estes três tipos, porque, apesar de insistirem cada vez mais no empenhamento dos seus membros, não há ainda uma renúncia em influenciar a cultura global, apesar de tal ser cada vez mais difícil. Há ainda um ressurgimento dos grupos de tipo místico, presente nos novos movimentos religiosos, mas também se nota uma penetração das perspetivas místico-espirituais nos setores do pensamento teológico no interior das diferentes igrejas.
O nascimento e desenvolvimento dos Estados modernos fez com que o lugar da Igreja, dentro da sociedade, se tenha modificado, privando-a, em parte, do seu poder temporal bem como do monopólio da cultura.
A discussão situou-se, a dada altura, mais na distinção entre Igreja e seita religiosa. Hoje, essa reflexão faz-se numa tentativa de compreensão dos novos movimentos religiosos. Max Weber opôs Igreja a seita como uma instituição de salvação e um agrupamento voluntário de convertidos. Enquanto a Igreja privilegia a sua extensão, a seita coloca a sua tónica na intensidade de vida dos seus membros. Por sua vez, E. Troeltsch acrescenta um outro ponto: a seita opõe-se à Igreja e à rede mística, portadora da religiosidade livre, fora da instituição. A Igreja seria, desta forma, universal, preexistindo aos seus membros, aos quais se impõe. A Igreja, na sua vocação de extensividade, está pronta a compromissos com as instituições da vida pública em geral e com o Estado, interferindo na sociedade e nas culturas, e recebe no seu seio crentes oriundos dos vários estratos sociais e económicos. A seita nasce da decisão voluntária de adesão dos seus membros e do contrato que estabelecem entre eles e Deus. Por se retrair em relação à sociedade global e à sua cultura, a seita dá origem a uma subcultura própria.
Os grupos místicos, por serem fluidos e efémeros, expressam-se de uma forma extra-institucional, censurando tanto a Igreja como a seita nas suas intransigências e nos seus dogmatismos. De alguma forma falamos de tipos ideais. No entanto, qualquer um destes tipos - Igreja, seita ou rede mística - tem um grande número de traços comuns, dado que um agrupamento inicialmente muito próximo do tipo seita, e que dele conserva um grande número de traços, pode não perder alguns deles na sua evolução, indo buscar também um ou outro traço aos outros dois tipos. Numa sociedade secularizada, é cada vez mais difícil distinguir claramente estes três tipos, porque, apesar de insistirem cada vez mais no empenhamento dos seus membros, não há ainda uma renúncia em influenciar a cultura global, apesar de tal ser cada vez mais difícil. Há ainda um ressurgimento dos grupos de tipo místico, presente nos novos movimentos religiosos, mas também se nota uma penetração das perspetivas místico-espirituais nos setores do pensamento teológico no interior das diferentes igrejas.
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Como referenciar
Porto Editora – Igreja e seita na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-05-18 08:49:52]. Disponível em
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