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Igrejas Caeiro
Ator, encenador e locutor português, Francisco de Igrejas Caeiro, nasceu a 15 de agosto de 1917, em Castanheira do Ribatejo, e faleceu a 19 de fevereiro de 2012.
Dada a multiplicidade de profissões que exerceu, pode denominar-se "homem dos sete ofícios" - ator, encenador, realizador de teatro e cinema, empresário, locutor e produtor de rádio e televisão. Simultaneamente trabalhador e estudante desde os 10 anos, completou o Curso Complementar do Comércio na Escola Comercial de Rodrigues Sampaio e cursou no Instituto Comercial de Lisboa e no Conservatório Nacional. Como prémio do concurso "À procura de um ator", organizado pelo Teatro Nacional de D.Maria II, pelo "Diário de Lisboa" e pela Emissora Nacional, onde obteve o 1.o lugar, Igrejas Caeiro estreou-se em 1940 no referido teatro, na peça de Ramada Curto, "Caso do Dia". No mesmo ano, interpretou o seu primeiro filme e, em agosto, é admitido como locutor da Emissora Nacional (E. N.). É chamado a interpretar, como primeira figura, centenas de obras de teatro nas principais companhias de teatro portuguesas e a desempenhar papéis de relevo em mais de uma dezena de filmes, entre eles, Porto de Abrigo (1941), Amor de Perdição (1943), Fátima, Terra de Fé (1943), Camões (1946), Três Espelhos (1947) O Comissário da Polícia (1953) e O Trigo e o Joio (1965). Após concurso em junho de 1945, é promovido a locutor de 1.a classe, preenchendo, com João da Câmara, os dois primeiros lugares criados com essa categoria. Em agosto de 1948, com mais de uma dezena de trabalhadores da Emissora Nacional, Igrejas Caeiro é alvo de um saneamento político que resulta na sua demissão. Desde a Escola Comercial de Rodrigues Sampaio e ao longo de toda a vigência do Estado Novo, sempre se afirmou pela democracia e pelos direitos fundamentais, lutando contra a opressão ou qualquer outra forma de tirania instituída. Daí, as constantes perseguições de que foi vítima, desde a demissão da E. N., passando pela rigorosa vigilância sobre a sua ação profissional através da censura discriminatória exercida pela Comissão de Exame e Classificação de Espetáculos, anuladora de numerosos trabalhos radiofónicos e teatrais, culminando, em 1954, na total proibição de todas as suas atividades ligadas ao espetáculo. Do recurso à rádio comercial resultou, em 1951, a produção do programa "Os Companheiros da Alegria" - organização teatral, radiofónica, artística e publicitária de carácter e auditório itinerantes - marcando, na década de 50, invulgar mobilização da audiência radiofónica. O êxito desta iniciativa tornou-se incómodo para o governo e, assim, o Ministro da Presidência, em 1954, a pretexto de um elogio tecido por Igrejas Caeiro ao estadista Nehru, decretou a suspensão de todos os seus espetáculos públicos. O programa, em moldes mais reduzidos, continuou aos microfones do Rádio Clube Português, onde Igrejas Caeiro criou, em 1954, a rubrica "Perfil de Um Artista", que, através de centenas de entrevistas a intelectuais progressistas portugueses e brasileiros, marcou um espaço de reflexão e defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. Levantada a suspensão, Igrejas Caeiro regressa às lides teatrais em 1969, assumindo a direção do Teatro Maria Matos, onde apresentou a peça A Relíquia, considerada um dos mais representativos espetáculos teatrais portugueses da década de 60. Em 1974, ingressa na televisão onde apresenta "TV Palco", programa que durante cinco anos levou ao pequeno ecrã a notícia das atividades teatrais mais significativas de profissionais e amadores. Nesse mesmo ano, em junho, e como corolário do 25 de abril, reentra na Emissora Nacional. Igrejas Caeiro é eleito deputado pelo Partido Socialista à Assembleia Constituinte e de novo eleito para a Assembleia da República, onde integra a Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias. A sua principal ação como deputado visou os problemas da comunicação social, com particular incidência na radiodifusão, Em outubro de 1976, é nomeado Diretor de Programas da R.D.P, funções de que é exonerado em 1979, devido a atritos com a Comissão Administrativa. Um indefectível apoiante do Sport Lisboa e Benfica, Igrejas Caeiro, retirado da vida artística, vive nas proximidades do forte de Caxias, em Lisboa.
Dada a multiplicidade de profissões que exerceu, pode denominar-se "homem dos sete ofícios" - ator, encenador, realizador de teatro e cinema, empresário, locutor e produtor de rádio e televisão. Simultaneamente trabalhador e estudante desde os 10 anos, completou o Curso Complementar do Comércio na Escola Comercial de Rodrigues Sampaio e cursou no Instituto Comercial de Lisboa e no Conservatório Nacional. Como prémio do concurso "À procura de um ator", organizado pelo Teatro Nacional de D.Maria II, pelo "Diário de Lisboa" e pela Emissora Nacional, onde obteve o 1.o lugar, Igrejas Caeiro estreou-se em 1940 no referido teatro, na peça de Ramada Curto, "Caso do Dia". No mesmo ano, interpretou o seu primeiro filme e, em agosto, é admitido como locutor da Emissora Nacional (E. N.). É chamado a interpretar, como primeira figura, centenas de obras de teatro nas principais companhias de teatro portuguesas e a desempenhar papéis de relevo em mais de uma dezena de filmes, entre eles, Porto de Abrigo (1941), Amor de Perdição (1943), Fátima, Terra de Fé (1943), Camões (1946), Três Espelhos (1947) O Comissário da Polícia (1953) e O Trigo e o Joio (1965). Após concurso em junho de 1945, é promovido a locutor de 1.a classe, preenchendo, com João da Câmara, os dois primeiros lugares criados com essa categoria. Em agosto de 1948, com mais de uma dezena de trabalhadores da Emissora Nacional, Igrejas Caeiro é alvo de um saneamento político que resulta na sua demissão. Desde a Escola Comercial de Rodrigues Sampaio e ao longo de toda a vigência do Estado Novo, sempre se afirmou pela democracia e pelos direitos fundamentais, lutando contra a opressão ou qualquer outra forma de tirania instituída. Daí, as constantes perseguições de que foi vítima, desde a demissão da E. N., passando pela rigorosa vigilância sobre a sua ação profissional através da censura discriminatória exercida pela Comissão de Exame e Classificação de Espetáculos, anuladora de numerosos trabalhos radiofónicos e teatrais, culminando, em 1954, na total proibição de todas as suas atividades ligadas ao espetáculo. Do recurso à rádio comercial resultou, em 1951, a produção do programa "Os Companheiros da Alegria" - organização teatral, radiofónica, artística e publicitária de carácter e auditório itinerantes - marcando, na década de 50, invulgar mobilização da audiência radiofónica. O êxito desta iniciativa tornou-se incómodo para o governo e, assim, o Ministro da Presidência, em 1954, a pretexto de um elogio tecido por Igrejas Caeiro ao estadista Nehru, decretou a suspensão de todos os seus espetáculos públicos. O programa, em moldes mais reduzidos, continuou aos microfones do Rádio Clube Português, onde Igrejas Caeiro criou, em 1954, a rubrica "Perfil de Um Artista", que, através de centenas de entrevistas a intelectuais progressistas portugueses e brasileiros, marcou um espaço de reflexão e defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. Levantada a suspensão, Igrejas Caeiro regressa às lides teatrais em 1969, assumindo a direção do Teatro Maria Matos, onde apresentou a peça A Relíquia, considerada um dos mais representativos espetáculos teatrais portugueses da década de 60. Em 1974, ingressa na televisão onde apresenta "TV Palco", programa que durante cinco anos levou ao pequeno ecrã a notícia das atividades teatrais mais significativas de profissionais e amadores. Nesse mesmo ano, em junho, e como corolário do 25 de abril, reentra na Emissora Nacional. Igrejas Caeiro é eleito deputado pelo Partido Socialista à Assembleia Constituinte e de novo eleito para a Assembleia da República, onde integra a Comissão de Direitos, Liberdades e Garantias. A sua principal ação como deputado visou os problemas da comunicação social, com particular incidência na radiodifusão, Em outubro de 1976, é nomeado Diretor de Programas da R.D.P, funções de que é exonerado em 1979, devido a atritos com a Comissão Administrativa. Um indefectível apoiante do Sport Lisboa e Benfica, Igrejas Caeiro, retirado da vida artística, vive nas proximidades do forte de Caxias, em Lisboa.
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Como referenciar
Porto Editora – Igrejas Caeiro na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-10-15 14:06:18]. Disponível em
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