Incas
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De acordo com os cronistas espanhóis, as populações andinas conquistadas afirmavam pertencer ao poderoso império de Tahuantinsuyu, ao qual atribuíam uma origem lendária. Esta contava que quatro jovens e suas esposas abandonaram um dia as suas quatro cavernas, em Pacari-tampu. Um deles, Ayar Manco, fixou-se, com sua mulher, Mama Ocllo, na região de Cuzco, aí começando uma civilização, a dos Incas. Ayar Manco, ou Manco Cápac, era considerado como o primeiro soberano da dinastia Inca, tendo reinado no século XII da era cristã. A arqueologia tem dados algumas bases verídicas a esta obra civilizadora dos habitantes de Cuzco sobre a região circundante. No entanto, apontam-se três povos como estando na base da civilização Inca: os aimarás, a sul de Cuzco; os quechuas, provavelmente os fundadores do império I.; os yungas, do litoral.
Há também uma outra hipótese para a génese dos Incas: uma procedência marítima, apoiada em similitudes antropológicas e culturais entre eles e povos do México e até da Ásia. No entanto, Manco Cápac, é, sem dúvida, uma figura histórica concreta, tendo estado na origem do império (ou dinastia) Inca, tendo vivido no século XIII. Mas a hegemonia inca só advém com Yáhuar Huárac, que domina efetivamente o vale de Cuzco e submete os povos vizinhos. A ele sucedeu Viracocha, que sofreu ameaças de povos do litoral e de outras regiões andinas, tendo seu filho Inca Yupánqui, todavia, repelido essas ameaças exteriores, reformado o estado inca e criado bases políticas para a sua expansão territorial. Adotou o nome de Pachacútec, "o reformador do mundo". Seu filho, Tupac Yupánqui será o grande obreiro da expansão inca, a partir de 1471. Atingiu a atual Quito, a norte, e a sul, o noroeste daquilo que é hoje a Argentina, o norte do Chile e grande parte da Bolívia. No entanto, com a sua morte, em 1527, sobreveio a divisão entre os Incas, graças à luta pelo poder sobre o grande império entre os seus filhos, Atahualpa e Huáscar. Esta guerra civil enfraqueceu o país e abriu brechas que facilitaram a conquista do território por Francisco Pizarro. Prisioneiro dos espanhóis, Atahualpa foi por eles executado em 1533, sendo substituído por Manco Inca, um soberano fantoche, que morre em 1537. Ainda que tenha subsistido uma guerrilha contra o poder espanhol, este acabou por se consolidar e fazer desaparecer politicamente o império dos Incas.
Existia uma linhagem imperial, formada pelos descendentes da linha masculina do imperador, tendo como função primordial preservar a memória e a múmia do seu antepassado. O herdeiro era o filho do Inca e da Coya, a rainha (sua irmã). Existia depois uma "nobreza" inca, parte vivendo em Cuzco e sendo da família do imperador, a restante vivendo nas terras do Império. Depois, e em parte ainda englobado na nobreza (ou dela oriundo), surgia o clero, seguido dos artesãos especializados (arquitetos, escultores, oleiros, entre outros, e principalmente, os metalurgistas, protegidos do Inca). Abaixo destes grupos, que compreendiam também os guerreiros, estavam os camponeses e, depois, os servos, ou Yana. Existia também um grupo de mulheres que eram encerradas em comunidades do tipo "conventual", outras consagradas como virgens ao Sol, outras obrigadas a tecer e costurar toda a vida a lã dos rebanhos imperiais.
Vasto e multiétnico, o império inca era fortemente centralizado na pessoa do soberano, de origem divina e com autoridade absoluta. Era assistido por um conselho; em cada província tinha um governador, que exercia o poder em seu nome; depois, vinham os funcionários, que faziam respeitar a autoridade do Inca e recolhiam os impostos. Como forma de união das etnias subjugadas pelo império Inca, o soberano impunha-lhes o uso do quechua (ou runa-sumi) e o culto ao deus Sol, sendo estes os dois maiores instrumentos de coesão imperial. Uma rede de vias cobrindo todo o império, secundada por "correios" rápidos e por um exército móvel e eficaz, era também um fator de unidade nacional, para além da educação em Cuzco de muitos filhos da nobreza provincial.
Economia
Assentava na repartição tripartida das terras. A primeira parte, atribuída ao Sol, era cultivada para suprir as necessidades do clero; a segunda pertencia ao Inca, mas servia muitas vezes de reserva; a terceira, era a do ayllu (grupo de famílias unidas por parentesco ou aliança e habitando na mesma terra). As terras e os pastos eram divididos em parcelas e explorados pelas famílias. O ayllu, enorme reserva de trabalho (não só agropastoril mas também mineira e das grandes obras públicas), estava devidamente recenseado e controlado pelo Inca e seus funcionários (os quipu-camayoc).
Religião
O culto primacial e imperial era o do Sol (Inti), embora se adorasse também, por exemplo, a Lua (Killa) e o Relâmpago (Illapa). Toleravam-se também os cultos regionais, das etnias subjugadas, ainda que fossem secundários.
Arquitetura e artesanato
Construíram uma imponente arquitetura de pendor "megalítico", amplamente pragmática e severa, fosse em palácios, templos ou residências. De planta quase sempre retangular, os edifícios eram feitos através do ajustamento de blocos de pedra irregulares ou de tipo "almofadado" no exterior. As aberturas eram trapezoidais, surgindo nichos abertos nas paredes. Raramente a escultura aparece associada à arquitetura, da qual se destacam as fortalezas, vias, templos, canais ou as cidades, como Machu Picchu ou Cuzco.
Produziam cerâmica, alguma com grandes primores artísticos, obedecendo a decorações geométricas e policromáticas. Celebrizaram-se mais nos tecidos (principalmente em lã) e na metalurgia e ourivesaria, na qual criaram magníficas obras de arte em ouro, prata, platina e cobre (que ligaram ao estanho para obter bronze). Faziam não só ornamentos, mas também armas e instrumentos utilitários.
Ciências
Devido à ausência de escrita, é impossível avaliar o avanço científico dos Incas, que deve ter sido notável, pelo menos em relação à astronomia, à metalurgia e à "engenharia civil". Eram dotados de um calendário.
Literatura
Devido à insuficiência de fontes, a literatura dos incas é bem menos conhecida do que a dos Maias ou dos Astecas. Os incas não desenvolveram um sistema de representação gráfica que se pudesse considerar escrita, persistindo na literatura exclusivamente oral. A repressão colonial espanhola sobre a cultura inca foi também responsável pelo apagar de muitas tradições literárias daquele povo. Todavia, os cronistas espanhóis, como Cieza de León e Cristóbal de Molina deram a conhecer as expressões poéticas e seus temas, para além de hinos. Pode-se, a partir desses testemunhos e da tradição oral que se manteve durante muito tempo, denotar um carácter oficial da literatura inca, muito ligada ao cerimonial litúrgico e à perpetuação das tradições e lendas desse povo. Havia pois uma função pública e ritual, que se manifesta também nas criações líricas ou dramáticas do povo. A produção literária inca estava a cargo de dois tipos de criadores (com estatuto oficial), o amauta, filósofo e historiador, e o arawicus, poeta e músico.
O teatro era muito apreciado e de grande importância, embora também impregnado de um carácter institucional e patriótico, principalmente no género dramático, pois também existiam "comédias", com mais música instrumental e canto. Uma das peças que chegou aos nossos dias é o Ollantay, drama de cerca de 2 000 versos sobre uma paixão contrariada pela religião e pelo sentido de estado, elementos muito fortes no quotidiano e cultura incas. A poesia era igualmente difundida e apreciada, fosse de carácter sacro (em hinos) ou profano, como o arawi, poema lírico centrado no sofrimento do amor. Os contos maravilhosos e as narrativas mitológicas eram também comuns e importantes elementos da literatura e cultura do povo inca.
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