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individualismo
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Corrente da filosofia ocidental que se desenvolveu a partir da Renascença, da Escola Histórica do século XIX e do protestantismo, segundo a qual o ser humano se define pela sua singularidade, a sua historicidade, a sua existência pessoal. Defende, igualmente, a autonomia como princípio ético e de ação: as decisões éticas deverão ser tomadas pelo indivíduo, fundamentado na sua racionalidade individual.

Filho da modernidade e do seu antropocentrismo, o individualismo cristaliza o percurso de emancipação relativamente a instâncias superiores/ /transcendentes de enunciação do comportamento religioso, político, cultural e moral, no Ocidente, colocando as questões da liberdade, da responsabilidade e do sujeito como parâmetros de conduta e de raciocínio ético.

A radicalização do individualismo é apresentada pela Filosofia como a característica principal da pós-modernidade, que se traduz pela afirmação do indivíduo como único princípio sustentável, no momento em que são postos em causa todos os meta-relatos (portanto, também os princípios éticos universais). Alguns autores (por exemplo, Vattimo, Lipovetsky) caracterizam o individualismo pós-moderno como a afirmação da diferença, de uma identidade constituída a partir da rutura ou da distinção.

O individualismo constitui, assim, a matriz do estilo de vida do mundo ocidental, com todas as consequências éticas daí resultantes. Num estudo sobre os Valores nas sociedades ocidentais, L. Harman e T. Petterson concluem o seguinte: "A fragmentação dos valores é assumida teoricamente como um traço importante dos processos de diferenciação e individualização". Este estudo procurou medir a relação estabelecida pelos Europeus entre o valor da liberdade individual e da igualdade, tendo apurado o seguinte: apesar de, entre 1981 e 1990, ter ocorrido uma evolução na importância concedida pelos Europeus à igualdade, nomeadamente na Bélgica, França, Inglaterra, Irlanda e Holanda, a liberdade continua a ter mais peso, sendo preferida, em 1990, por 48,1% dos inquiridos na Bélgica, por 47,7% na França, por 59,3% na Alemanha, por 62,6% na Grã-Bretanha, por 55,4% na Holanda e por 43,2% em Espanha. A igualdade é considerada mais importante do que a liberdade apenas na Irlanda (com 52,1%), na Itália (com 43,6%) e em Espanha (com 43,2%).

O elogio do individualismo coincide exatamente com a crescente globalização económica, política, comunicacional e cultural, traduzindo-se, assim, num fenómeno aparentemente contraditório e paradoxal, no qual estão em jogo, simultaneamente, a atomização radical e a uniformização à escala universal. Corrente filosófica, mas também fenómeno sociocultural cheio de ambiguidade, o individualismo é questionado pelas correntes filosóficas que problematizam a ideia do indivíduo como horizonte último de referência ética e sociopolítica, levantando, assim, questões como a da relação do indivíduo com a sociedade, da existência de valores éticos universais ou dos limites do tolerável (colocados pela referência à tolerância como respeito inquestionável pela diferença).

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Como referenciar
Porto Editora – individualismo na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-09-09 09:42:23]. Disponível em

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