individualismo metodológico
Relacionado com a RCT (Teoria das Escolhas Racionais) e com a Escola da Análise Estratégica, diz respeito a uma corrente de análise social que se desenvolve nos anos 70 do século XX, cujos autores principais são Raymond Boudon e Paul Lazarsfeld. Pretende-se que seja a metodologia, por excelência, da Sociologia, de forma especial no que respeita ao tratamento dos temas relativos à dificuldade da mudança social.
A esse nível, assume-se como crítica das metodologias até então dominadas pelos pressupostos estrutural-funcionalistas. De facto, os seus postulados, que traduzem a multidisciplinaridade das Ciências Sociais, um projeto de Boudon, convergem numa ideia fundamental: o foco da análise sociológica é o indivíduo (toda a unidade munida de poder de ação coletiva) e, por isso, a realidade social é o resultado compósito da justaposição de ações individuais.
As razões para este facto derivam da capacidade estratégica do indivíduo, entendido como um ator mas sobretudo como um agente, consciente e responsável, portador de racionalidade, ainda que limitada. Isto quer dizer que, mesmo sujeito a constrangimentos institucionais, presentes em qualquer ação, o indivíduo é detentor de uma certa margem de autonomia que lhe permite estabelecer táticas no sentido da satisfação dos seus interesses.
O dilema do prisioneiro e a parábola do burro, de Buridan, servem como metáforas explicativas para o facto de se considerar que não existem verdadeiramente ações não lógicas, irracionais e absurdas: dentro de um determinado sistema de interação funcional, referente à margem de liberdade deixada ao ator no desempenho do seu papel social, e de um sistema de interdependência, referente aos jogos estratégicos, as ações dos atores-agentes são sempre explicáveis mediante a intenção que preside à sua realização, mesmo que impregnadas de crença e superstição.
Desse modo, cabe ao cientista social descobrir quais são as boas razões que estão por detrás das ações, mesmo que elas resultem em fenómenos coletivos não esperados, ou seja, em efeitos perversos. Grande parte dos postulados do individualismo metodológico são resultado da interpretação de fenómenos aparentemente contraditórios, entre os quais o insucesso de campanhas de planeamento familiar, na Índia, e a relativa ineficácia de várias medidas de redução da desigualdade social. O individualismo metodológico, apesar de se ter imposto na análise sociológica e de ter tido bastante eco na teoria dos grupos e da ação coletiva, foi bastante criticado pelas perspetivas estruturalistas e culturalistas, que, além de outras críticas, o acusaram de reduzir a sociedade aos indivíduos. Além disso, outros autores acusam-no de conservadorismo e de tautologia no que respeita à interpretação dos fenómenos de mudança.
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