Iniciação Estética Seguida de Críticas e Crónicas
Publicada em 1958, na coleção "Saber", num momento de intenso debate sobre a teoria e prática de diversas correntes e tendências estéticas, Iniciação Estética é uma tentativa de resposta, entre outras, às questões: "O que é a arte? A que necessidade humana corresponde?
De onde lhe vem uma validade que desafia épocas e civilizações, sociedades e culturas, gostos e escolas, mentalidades e ideologias, antagonismos e interesses? Porque é ela irredutível a outras formas de expressão?". Compulsando filosofias e exemplos numa busca de definição universal do belo, conclui que "a arte consiste em objetos criados pela sensibilidade cultivada, nas circunstâncias da prática social, que diretamente se oferecem à sensibilidade, proporcionando uma comunicabilidade direta, sem conceito". Da intervenção crítica e teórica veiculada pelos artigos e crónicas coligidos neste volume, um deles merece destaque pela polémica que desencadeou, nas páginas de Vértice, com António José Saraiva, e pelo seu carácter representativo relativamente à conceção da prática artística neorrealista para Cochofel: o artigo "Notas Soltas acerca da Arte, dos Artistas e do Público". Depois de criticar o amadorismo de certos escritores e um tipo de arte que não serve as funções de conhecimento e transformação, defende que "para que a arte ganhe a têmpera de um verdadeiro gládio [...] e não resulte numa ridícula espada de papelão [...], necessário se torna que o artista esteja de posse dos segredos do respetivo fabrico. Em suma: é preciso que o artista tenha meditado os meios ao seu dispor, a forma eficiente de dar corpo ao que quer exprimir". Sem cair no formalismo, a missão social do artista consistiria, assim, em estudar a forma específica de que a expressão artística se reveste, a fim de torná-la eficiente e a fim de poder elucidar o público para que este a possa compreender. A solução, pois, para a comunicação com o público, para o seu esclarecimento, para a sua consciencialização, não reside em baixar o nível da expressão facilitando a acessibilidade da arte, o que redundaria em "lisonjear aquilo mesmo que se pretende combater, ou seja, a alienação do grande público", mas, pelo contrário, em prepará-lo para aceitar, sentir e entender a expressão artística.
De onde lhe vem uma validade que desafia épocas e civilizações, sociedades e culturas, gostos e escolas, mentalidades e ideologias, antagonismos e interesses? Porque é ela irredutível a outras formas de expressão?". Compulsando filosofias e exemplos numa busca de definição universal do belo, conclui que "a arte consiste em objetos criados pela sensibilidade cultivada, nas circunstâncias da prática social, que diretamente se oferecem à sensibilidade, proporcionando uma comunicabilidade direta, sem conceito". Da intervenção crítica e teórica veiculada pelos artigos e crónicas coligidos neste volume, um deles merece destaque pela polémica que desencadeou, nas páginas de Vértice, com António José Saraiva, e pelo seu carácter representativo relativamente à conceção da prática artística neorrealista para Cochofel: o artigo "Notas Soltas acerca da Arte, dos Artistas e do Público". Depois de criticar o amadorismo de certos escritores e um tipo de arte que não serve as funções de conhecimento e transformação, defende que "para que a arte ganhe a têmpera de um verdadeiro gládio [...] e não resulte numa ridícula espada de papelão [...], necessário se torna que o artista esteja de posse dos segredos do respetivo fabrico. Em suma: é preciso que o artista tenha meditado os meios ao seu dispor, a forma eficiente de dar corpo ao que quer exprimir". Sem cair no formalismo, a missão social do artista consistiria, assim, em estudar a forma específica de que a expressão artística se reveste, a fim de torná-la eficiente e a fim de poder elucidar o público para que este a possa compreender. A solução, pois, para a comunicação com o público, para o seu esclarecimento, para a sua consciencialização, não reside em baixar o nível da expressão facilitando a acessibilidade da arte, o que redundaria em "lisonjear aquilo mesmo que se pretende combater, ou seja, a alienação do grande público", mas, pelo contrário, em prepará-lo para aceitar, sentir e entender a expressão artística.
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Porto Editora – Iniciação Estética Seguida de Críticas e Crónicas na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-05-23 18:49:45]. Disponível em
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