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Jaime Cortesão
De seu nome completo Jaime Zuzarte Cortesão, nasceu em 1884 perto de Cantanhede, mas muito jovem a sua família se transferiu para próximo de Coimbra, onde iniciou os estudos. A sua vida de estudante universitário foi uma sucessão de experiências depressa abandonadas (passou por Grego, Direito e Belas-Artes) antes de se fixar em Medicina, que terminaria em Lisboa com uma tese que espelha já a sua multiplicidade de interesses (A Arte e a Medicina - Antero de Quental e Sousa Martins). A medicina não era, porém, a sua paixão; exerceu-a sem grande entusiasmo, e cedo se entregou a outras atividades, nomeadamente ao ensino (nos liceus e mais tarde nas Universidades Populares criadas durante a República), à literatura e à política. As suas tendências literárias e o seu interesse pela política, que sempre andaram a par, vincariam toda a sua vida de adulto em Portugal e no estrangeiro. Escritor (poeta, dramaturgo, contista, memorialista), colaborou na concretização de diversas publicações que marcaram a vida intelectual do primeiro quartel do nosso século (A Águia, Renascença, Seara Nova). As suas atividades políticas, iniciadas ainda durante a Monarquia, revestiram-se de grande riqueza e diversidade: participou ativamente na conspiração republicana que iria conduzir ao 5 de outubro de 1910, nas movimentações políticas conducentes à queda da ditadura de Pimenta de Castro em 1915, e opôs-se tanto ao sidonismo como ao salazarismo, o que lhe valeu por diversas vezes a prisão e finalmente o exílio; convidado para Ministro da Instrução, não aceitou o convite, mas foi deputado e, apesar da imunidade que essa qualidade lhe dava, ofereceu-se como voluntário para as forças expedicionárias na Primeira Guerra Mundial, assim dando consistência à sua posição política favorável à participação de Portugal no conflito; filiado na Maçonaria, acabou por se desvincular daquela organização ao cabo de vários anos de participação irregular nas suas atividades. Opositor do fascismo, combateu-o mesmo antes do 28 de maio, procurando, pela propaganda, evitar o seu acesso ao poder, sendo forçado a exilar-se após o golpe que instituiu a Ditadura Militar. O exílio levá-lo-ia a França e a Espanha, onde simultaneamente conspirava e efetuava as investigações históricas que já então constituíam o cerne das suas preocupações intelectuais. A queda da República Espanhola (1939) força-o a abandonar o país vizinho, fixando-se em França, de onde escapa novamente, desta vez regressando a Portugal, quando aquele país sofre a invasão nazi. Preso novamente, novamente se exila, desta vez para o Brasil, onde foi docente, jornalista e conferencista, destacando-se ainda como investigador da História de Portugal e da sua expansão e da História da formação do Brasil. No desenvolvimento desta fértil atividade intelectual, produz um vasto conjunto de obras inovadoras de grande fôlego, que lhe granjeiam reconhecimento internacional, tanto pelo rigor da investigação e pela clareza da exposição como pela solidez das teses defendidas. No fim da sua vida, visitou regularmente Portugal, tendo regressado definitivamente apenas em 1957. A sua avançada idade não lhe permitiu aceitar a proposta da Oposição ao Estado Novo de se candidatar à Presidência da República, em 1958, mas não o impediu de continuar a lutar contra o regime, tendo sido um dos autores de um Programa para a Democratização da República que só viria a público alguns meses depois do seu falecimento em 1960.
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Como referenciar
Porto Editora – Jaime Cortesão na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-04 16:04:08]. Disponível em
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