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João Roiz de Lucena
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São escassos os dados biográficos relativos a este poeta coligido no Cancioneiro Geral, que se presume seja neto de Vasco Fernandes de Lucena, cronista-mor do reino e guarda-mor da Torre do Tombo, sabe-se apenas que viveu entre os séculos XV e XVI. Além de uma composição amorosa dedicada a D. Joana de Mendonça, o Cancioneiro acolhe duas traduções: a tradução da epístola de Ulisses a Penélope, composta pelo poeta Aulo Sabino em resposta às Heroides de Ovídio, e a epístola de Enone a Páris, retirada das Heroides de Ovídio. A primeira tradução dialoga com a tradução efetuada por João Roiz de Sá da epístola de Penélope a Ulisses, também de Ovídio, apresentando, numa retrospetiva dos feitos do herói da Odisseia, a explicação dos motivos que o levam a tardar em voltar para junto da esposa, as suas expectativas e os seus temores, quanto ao seu destino, mas sobretudo quanto ao estado de coisas que encontrará quando regressar a casa. A tradução destas duas epístolas supostamente trocadas entre Ulisses e Penélope é reveladora, no momento da emergência do Humanismo do Renascimento, de um interesse acrescido pela cultura clássica sobejamente documentado no Cancioneiro, mas é também sintomática das inquietações partilhadas pelo homem português num contexto histórico de expansão ultramarina. Certamente declamada ou lida para um público que conhece o sofrimento e ansiedade provocados pela separação e pela ausência de familiares, estas epístolas terão surtido tanto mais efeito junto do destinatário quinhentista, porquanto primam pela análise psicológica dos sentimentos vividos pelos esposos separados:
"Triste de mim que crerei / qu'estás tu entr'essa gente / em convites - eu que sei? - / se te has tu castamente..." ("Resposta d'Ulisses a Penélope / Tirada do Sabino, de latim / em linguajem, por Joam / Rodriguez de Lucena"). Quanto à "Carta de Oenone a pares, / traladada do Ouvidio em / coprara per Joam R(o(dri- / guez de Lucena", apresentando o tema do amor traído, deleitaria seguramente um público cortesão que conhece as vicissitudes do amor cortês, inspirador de grande parte das composições do Cancioneiro que reiteram a volubilidade de quem é amado:
"Mas tu mais mudavel és / qu'as folhas secas qu'o vento / alça rijo d'antr' os pés / e logo noutro revés / as abaixa num momento."
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Como referenciar
Porto Editora – João Roiz de Lucena na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-09-11 02:04:12]. Disponível em

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