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Klaus Kinski
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Ator e realizador alemão, Nikolaus Günther Nakszynski, de seu verdadeiro nome, nasceu na cidade polaca de Gdansk, a 18 de outubro de 1926. Ainda criança, viajou com a sua família para Berlim. Em 1944, foi recrutado para o exército nazi que lutou na Segunda Grande Guerra, mas poucos dias depois foi feito cativo pelo exército aliado e conduzido para um campo de prisioneiros britânico. Findo o conflito, esteve internado alguns meses num sanatório. Em 1946, voltou a Berlim, tendo decidido enveredar por uma via artística, estreando-se nos palcos alemães nesse mesmo ano. Desde cedo, Kinski começou a ganhar uma reputação de ator brilhante e talentoso mas ao mesmo tempo temperamental e instável, imagem que iria pugnar a sua carreira futura. Estreou-se no cinema com uma figuração no filme alemão Morituri (1948) onde, ironicamente, desempenhou o papel de um prisioneiro de guerra. Nos anos 50, filmou bastante um pouco por toda a Europa e, em 1951, interpretou o seu primeiro filme em língua inglesa: Decision Before Dawn (1951), um filme de guerra realizado por Anatole Litvak onde fez de soldado. Kinski só se tornaria numa figura de primeiro plano no seu país natal quando foi um dos protagonistas do filme Ludwig II (1955) que conheceu grande sucesso na então Alemanha Ocidental. Recebeu convites para filmar em Inglaterra títulos produzidos por estúdios de Hollywood: foi dirigido por Douglas Sirk em A Time to Love and a Time to Die (1958) e contracenou com William Holden em The Counterfeit Traitor (Traidor Contrafeito, 1962). A sua primeira grande produção foi Doctor Zhivago (Doutor Jivago, 1965), onde recriou Kostoyed, um prisioneiro político russo. Na década de 60, Kinski filmou cerca de uma dezena de westerns-spaghetti entre os quais o célebre Per Qualche Dollari in Più (Por Mais Alguns Dólares, 1965) de Sergio Leone, onde ficou clássica a cena em que a personagem de Lee Van Cleef acende um fósforo na corcunda de Kinski. Depois de ter filmado uma série de filmes de terror baseados em contos de Edgar Wallace, Kinski iniciou uma colaboração com o realizador Werner Herzog que lhes abriria as portas da consagração internacional. O seu primeiro título em conjunto foi Aguirre, der Zorn Gottes (Aguirre, a Fúria dos Deuses, 1972), um filme de aventuras sobre um grupo de conquistadores espanhóis que, em meados do século XVI, partem em busca das sete cidades de ouro incas. Apesar das condições adversas em que o filme foi rodado em plena selva amazónica, traduziu-se num grande sucesso comercial. Com Herzog, Kinski ainda filmaria o thriller Woyzeck (1978), o desastre comercial Nosferatu: Phantom der Nacht (Nosferatu, o Vampiro, 1979) e o acidentado Fitzcarraldo (1982) onde Kinski e Herzog entraram em rota de colisão por este ter pensado em Jason Robards para o papel de protagonista. Cobra Verde (1988) foi o último filme de Kinski sob a direção de Herzog e foi marcado por intermináveis discussões entre os dois que assinalaram o fim da parceria. Já antes, Kinski tinha sido dirigido por Billy Wilder em Buddy, Buddy (Os Amigos da Onça, 1981) e por George Roy Hill em The Little Drummer Girl (A Rapariga do Tambor, 1984). Polémico por natureza, Kinski voltou a escandalizar quando em 1988 publicou a sua autografia Ich Brauche Liebe, onde atacou violentamente a indústria cinematográfica, considerando-se um mercenário pois só admitia aceitar interpretar um filme não pela qualidade deste, mas sim pelo valor do cachet. A sua única incursão na realização foi Paganini (1989), um desastre comercial devido à sua confusa e caótica teia narrativa. Foi também o seu último trabalho como ator. Morreu a 23 de novembro de 1991, vítima de uma síncope cardíaca na sua mansão californiana de Lagunitas.
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Como referenciar
Porto Editora – Klaus Kinski na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-03-28 09:22:58]. Disponível em
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