literatura sânscrita
As obras religiosas da Índia Antiga que sobreviveram contêm inúmeras trivialidades que as situam perfeitamente no seu contexto histórico: informações sobre como moer as especiarias, como subornar os funcionários do governo, como treinar um elefante, etc.
As fontes para o estudo da religião e da mitologia hindu antiga são diversas e, em determinadas situações, são desesperantes, pois cada uma delas nos proporciona informação abundante mas nunca coincidente.
O grande corpus de informação procede da produção em sânscrito e pali e, posteriormente, noutras línguas vernáculas: obras que raramente podemos datar, inclusivamente com uma aproximação de vários séculos, porque os seus autores não só se recusaram a mencionar os seus nomes ou o seu lugar de origem, mas também porque muitas destas obras foram, e continuam a ser, transmitidas integral ou parcialmente por via oral.
A origem do sânscrito é desconhecida mas crê-se que terá sido introduzido pelos guerreiros Arianos (ou Ários) que, provenientes das estepes da Ásia Central, invadiram o vale do Indo e estabeleceram os seus fundamentos religiosos, baseados em castas, que ainda hoje perduram na Índia atual.
No período Védico (1500-600 a. C.) foi composto o Rig Veda, o documento mais antigo da civilização indo-europeia, coleção de hinos numa forma arcaica do sânscrito, que se centravam no ritual védico. Através do Rig Veda conhecemos com segurança alguns aspetos da religião védica. Estas ideias desenvolvem-se extensamente nos Brahamanas, grupo de textos compostos por e para sacerdotes em língua sânscrita no século X a. C. Ainda que o objetivo destes textos seja o de influenciar os sacerdotes na mecânica do sacrifício, fazem referência constante a uma série de mitos que descrevem a origem do ritual e o significado secreto de atos rituais.
Enquanto que os sacerdotes compunham os Vedas, Brahamanas e Upanishads em sânscrito, os habitantes da Índia dedicavam-se ao que sempre tinham feito: contar histórias, apaziguar serpentes, tigres e demónios e fazer imagens de barro ou de madeira de espíritos e divindades potencialmente favoráveis. Este rico núcleo religioso foi recolhido em sânscrito, pela primeira vez, nas duas grandes epopeias da Índia: o Mahabharata e o Ramayana.
O Ramayana ocorre num tempo anterior e posterior ao relatado em Mahabharata, numa altura em que os Arianos se deslocaram para este, e descreve o comportamento das suas tribos e a sua vida política na área que é atualmente Ayodhya. Composto por cerca de 24 000 estrofes, foi escrito por Shri Valmiki e realça sobretudo a lealdade, a devoção e a amizade. É uma epopeia clássica: a história do rei Rama, cuja esposa, Sita, foi raptada pelo demónio Ravana, que a conduziu à sua ilha-fortaleza, tendo sido libertada por Rama com ajuda do macaco Hanuman. Esta obra é dominada não só pelo seu conteúdo poético mas também pelo seu conteúdo religioso.
O Mahabharata, mais antigo que o Ramayana, foi escrito pelo sábio Vyasa e, composto por mais de 90 000 estrofes, é considerado a obra literária mais extensa de todos os tempos. Constitui uma espécie de enciclopédia do hinduísmo, tal como se desenvolveu durante o longo período do Mahabharata, entre o ano 300 a. C. e 300 d. C. Ainda que relate uma história épica, a grande rivalidade entre os kauravas e os pandavas que culmina numa batalha em que todos acabam por ser destruídos, há capítulos e livros inteiros de mitos e contos populares, discursos filosóficos, discursos de pensamento social (dharma) e hinos de louvor aos deuses sectários, Vishnu e Shiva.
Os contos que aparecem na epopeia são amplamente desenvolvidos, codificados e assimilados num grande corpo de literatura sânscrita conhecida como os Puranas, os primeiros dos quais são, provavelmente, contemporâneos das Epopeias e cujo conjunto mais importante foi composto após o ano 455 d. C., ainda que todos eles originários de um corpo mais antigo de crenças. Os temas básicos dos Puranas são as lendas dos reis das dinastias lunares e solares e a descrição do ciclo constante da criação e destruição do Universo.
As fontes para o estudo da religião e da mitologia hindu antiga são diversas e, em determinadas situações, são desesperantes, pois cada uma delas nos proporciona informação abundante mas nunca coincidente.
O grande corpus de informação procede da produção em sânscrito e pali e, posteriormente, noutras línguas vernáculas: obras que raramente podemos datar, inclusivamente com uma aproximação de vários séculos, porque os seus autores não só se recusaram a mencionar os seus nomes ou o seu lugar de origem, mas também porque muitas destas obras foram, e continuam a ser, transmitidas integral ou parcialmente por via oral.
A origem do sânscrito é desconhecida mas crê-se que terá sido introduzido pelos guerreiros Arianos (ou Ários) que, provenientes das estepes da Ásia Central, invadiram o vale do Indo e estabeleceram os seus fundamentos religiosos, baseados em castas, que ainda hoje perduram na Índia atual.
No período Védico (1500-600 a. C.) foi composto o Rig Veda, o documento mais antigo da civilização indo-europeia, coleção de hinos numa forma arcaica do sânscrito, que se centravam no ritual védico. Através do Rig Veda conhecemos com segurança alguns aspetos da religião védica. Estas ideias desenvolvem-se extensamente nos Brahamanas, grupo de textos compostos por e para sacerdotes em língua sânscrita no século X a. C. Ainda que o objetivo destes textos seja o de influenciar os sacerdotes na mecânica do sacrifício, fazem referência constante a uma série de mitos que descrevem a origem do ritual e o significado secreto de atos rituais.
Enquanto que os sacerdotes compunham os Vedas, Brahamanas e Upanishads em sânscrito, os habitantes da Índia dedicavam-se ao que sempre tinham feito: contar histórias, apaziguar serpentes, tigres e demónios e fazer imagens de barro ou de madeira de espíritos e divindades potencialmente favoráveis. Este rico núcleo religioso foi recolhido em sânscrito, pela primeira vez, nas duas grandes epopeias da Índia: o Mahabharata e o Ramayana.
O Ramayana ocorre num tempo anterior e posterior ao relatado em Mahabharata, numa altura em que os Arianos se deslocaram para este, e descreve o comportamento das suas tribos e a sua vida política na área que é atualmente Ayodhya. Composto por cerca de 24 000 estrofes, foi escrito por Shri Valmiki e realça sobretudo a lealdade, a devoção e a amizade. É uma epopeia clássica: a história do rei Rama, cuja esposa, Sita, foi raptada pelo demónio Ravana, que a conduziu à sua ilha-fortaleza, tendo sido libertada por Rama com ajuda do macaco Hanuman. Esta obra é dominada não só pelo seu conteúdo poético mas também pelo seu conteúdo religioso.
O Mahabharata, mais antigo que o Ramayana, foi escrito pelo sábio Vyasa e, composto por mais de 90 000 estrofes, é considerado a obra literária mais extensa de todos os tempos. Constitui uma espécie de enciclopédia do hinduísmo, tal como se desenvolveu durante o longo período do Mahabharata, entre o ano 300 a. C. e 300 d. C. Ainda que relate uma história épica, a grande rivalidade entre os kauravas e os pandavas que culmina numa batalha em que todos acabam por ser destruídos, há capítulos e livros inteiros de mitos e contos populares, discursos filosóficos, discursos de pensamento social (dharma) e hinos de louvor aos deuses sectários, Vishnu e Shiva.
Os contos que aparecem na epopeia são amplamente desenvolvidos, codificados e assimilados num grande corpo de literatura sânscrita conhecida como os Puranas, os primeiros dos quais são, provavelmente, contemporâneos das Epopeias e cujo conjunto mais importante foi composto após o ano 455 d. C., ainda que todos eles originários de um corpo mais antigo de crenças. Os temas básicos dos Puranas são as lendas dos reis das dinastias lunares e solares e a descrição do ciclo constante da criação e destruição do Universo.
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Como referenciar
literatura sânscrita na Infopédia [em linha]. Porto Editora. Disponível em https://www.infopedia.pt/artigos/$literatura-sanscrita [visualizado em 2025-07-08 13:05:34].
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