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Rebelião que deflagrou no Minho em abril de 1846, iniciada por um grupo de mulheres lideradas por Maria da Fonte, assim chamada por ser oriunda de Fonte Arcada.
A causa para a rebelião foram as leis da saúde de novembro de 1845 que, entre outras disposições, proibiam os enterramentos nas igrejas como sempre se fizera até aí, confinando-os aos cemitérios.
As mulheres minhotas protestaram pela primeira vez em 19 de março na aldeia de Santo André de Frades, concelho de Póvoa do Lanhoso, quando, após obrigarem o pároco a sepultar na igreja uma mulher recentemente falecida, as autoridades decidiram exumar o corpo no cumprimento da lei. Logo os sinos tocaram a rebate e um grupo de camponesas obrigou à fuga das autoridades, com risco das próprias vidas.
De uma forma aparentemente espontânea e genuinamente popular, os protestos foram-se repetindo até meados de abril, quando passaram a ser direcionados para os funcionários da Fazenda que faziam um levantamento de bens para efeitos do lançamento de impostos.
Num misto de anarquia e defesa de dignidade, houve, em Vieira do Minho, novos protestos, mas assumindo já o carácter de uma revolta; as mulheres assaltaram a Administração e destruíram os arquivos. A revolta depressa alastrou pelo resto do Minho e Trás-os-Montes.
Partiu então de Braga uma força de infantaria para restabelecer a ordem. Como reação, o movimento toma o aspeto de grupos de guerrilha. É na liderança destes grupos que surge uma série de clérigos como o padre Casimiro José Vieira, o padre João Cano, o padre Manuel de Agra, entre outros, que dão ao movimento popular um carácter político, visando a restauração do absolutismo de D. Miguel. Posteriormente, também os setembristas se colocariam do lado dos revoltosos.
Com o apoio das Câmaras, Costa Cabral nomeia o seu irmão, José Bernardo, comissário do Governo com poderes quase ilimitados sobre as autoridades civis e militares. À força que José Bernardo iria empregar responde o país com a formação de Juntas locais um pouco por todo o lado, as quais detiveram o poder por algum tempo à escala regional, recusando-se a obedecer ao governo central.
O duque da Terceira, presidente do ministério, perante tão conclusiva demonstração de força e apercebendo-se de que tinha todo o país contra si, convoca uma reunião do Gabinete, presidido pela rainha, em que propõe à monarca a demissão do governo como única forma de debelar a revolta.
A rebelião parece ser a resposta popular aos exageros da ditadura de Costa Cabral; mas, se assim foi, o povo só se inquietou quando se sentiu diretamente atingido, ou seja, com as leis da saúde e com os impostos. Não se trata, pelo menos inicialmente, de uma revolta de cariz político mas tão-somente de defesa de valores tradicionais e seculares.
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Como referenciar
Porto Editora – Maria da Fonte na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-22 20:15:02]. Disponível em

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