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Marília de Dirceu
Os amores de Tomás António Gonzaga por Maria Joaquina Doroteia de Seixas, a quem deu o pseudónimo de Marília, levaram-no a compor líricas amorosas a que chamou de liras, dando origem a esta obra que o celebrizou como pré-romântico. Pela leitura das suas páginas comungamos na dor do pobre Dirceu, o poeta apaixonado, que sonhara um lar que o destino não lhe permitiu e desfrutamos da descrição de um ambiente exótico da vida brasileira aliado a uma intimidade pessoal e a uma sinceridade lírica que nos confundem.
Esta obra consta de duas partes distintas:A primeira é constituída por liras escritas antes de ser preso e nelas existem a alegria e a felicidade de alguém que canta o amor a todos os ventos. Dirceu idealiza um lar burguês e tranquilo ao lado de Marília, longe da vida barulhenta da jovem civilização brasílica entretida na extração do ouro, no desbravamento da floresta virgem, na preparação do tabaco ou da cana-de-açúcar.Os teus olhos espalham luz divina,A quem a luz do Sol em vão se atreve;Papoila ou rosa delicada e finaTe cobre as faces que são da cor da neve.Os teus cabelos são uns fios d'ouro,Teu lindo corpo bálsamo vapora.Ah! não fez o Céu, gentil pastora,Para glória de amor igual tesouro! Graças, Marília bela, Graças à minha estrela! (Lira I)
A segunda parte, escrita na solidão das masmorras, reflete a ilusão do regresso da liberdade, com algumas notas de pessimismo.Nesta triste masmorraDe um semi-vivo corpo sepultura,Inda, Marília, adoroA tua formosura.Amor na minha ideia te retrata:Busca, extremoso, que eu assim resistaÀ dor imensa, que me cerca e mata.(Lira XIX)
O valor de Marília de Dirceu advém-lhe não só da aura romântica que um amor feliz deixou perpassar em páginas repassadas de lágrimas e de desespero, mas também da beleza formal com que está escrito: a sua variedade estrófica, o ritmo marcado por versos curtos, as suas rimas e estribilhos projetam-se num estilo mais simples, insinuante e seguro do que os gostos ostensivamente eruditos da Arcádia e constituem o segredo de uma arte poética que serve um ideal de vida doméstica repassada de ternuras do coração. Todavia, o autor não pôde deixar de fazer uso de alguns elementos já decalcados na arte de poetar, como o maravilhoso do paganismo, essa farândola de deuses do velho Olimpo.
Esta obra consta de duas partes distintas:A primeira é constituída por liras escritas antes de ser preso e nelas existem a alegria e a felicidade de alguém que canta o amor a todos os ventos. Dirceu idealiza um lar burguês e tranquilo ao lado de Marília, longe da vida barulhenta da jovem civilização brasílica entretida na extração do ouro, no desbravamento da floresta virgem, na preparação do tabaco ou da cana-de-açúcar.Os teus olhos espalham luz divina,A quem a luz do Sol em vão se atreve;Papoila ou rosa delicada e finaTe cobre as faces que são da cor da neve.Os teus cabelos são uns fios d'ouro,Teu lindo corpo bálsamo vapora.Ah! não fez o Céu, gentil pastora,Para glória de amor igual tesouro! Graças, Marília bela, Graças à minha estrela! (Lira I)
A segunda parte, escrita na solidão das masmorras, reflete a ilusão do regresso da liberdade, com algumas notas de pessimismo.Nesta triste masmorraDe um semi-vivo corpo sepultura,Inda, Marília, adoroA tua formosura.Amor na minha ideia te retrata:Busca, extremoso, que eu assim resistaÀ dor imensa, que me cerca e mata.(Lira XIX)
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Como referenciar
Porto Editora – Marília de Dirceu na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-09-18 12:50:37]. Disponível em
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