mass media
O termo mass media é formado pela palavra latina media (meios), plural de medium (meio), e pela palavra inglesa mass (massa). Em sentido literal, os mass media seriam os meios de comunicação de massa (televisão, rádio, imprensa, etc.). Porém, esta denominação sugere que os meios de comunicação são agentes de massificação social, o que nem sempre está de acordo com a realidade social observável. Desta forma, será preferível falar de meios de comunicação social, conforme propôs a Igreja Católica durante o Concílio Vaticano II, ou de meios de difusão massiva.
A designação meios de comunicação social é vítima, igualmente, de uma certa ambiguidade no que respeita àquilo que designa. Tanto pode referir-se, apropriadamente, aos veículos através dos quais são difundidas mensagens a um público vasto e heterogéneo, como a rádio, os jornais e revistas ou a televisão, como pode referir-se, menos apropriadamente, aos órgãos de comunicação social (Expresso, RTP, TSF, etc.), às mensagens, à difusão das mensagens, aos jornalistas e aos órgãos jornalísticos no seu conjunto (a "comunicação social") e às restantes atividades profissionais de comunicação em sociedade (por exemplo, a publicidade ou as relações públicas).
Em relação aos meios de comunicação social em si, também podemos falar de uma definição ampla e de uma definição restrita. Adotando uma definição universalista, seriam mass media não apenas a imprensa, a rádio e a televisão, mas também todos aqueles a que as pessoas recorrem para comunicar e para transmitir ou conservar informação, como o cinema ou as cassetes áudio e vídeo. Definindo, restritamente, quais são os meios de comunicação social, encontraríamos unicamente aqueles que se encontram ao serviço da modelação do que é socioculturalmente considerado a atualidade em cada momento, sendo eles, sobretudo, os que veiculam conteúdos jornalísticos: imprensa, rádio, televisão e internet (devido ao jornalismo on line).
Cronologicamente, os jornais, as revistas e os livros de grande tiragem (sobretudo as edições de bolso) foram os primeiros meios de difusão massiva a aparecer. Seguiram-se-lhes o cinema e a rádio, a televisão, os discos e as cassetes áudio e vídeo e os CD e os DVD. A internet, devido à sua elevada interatividade, não deve ser considerada um mass medium, no sentido literal da expressão, embora seja um meio de comunicação em sociedade. Da mesma forma, instrumentos como o telégrafo, o telefone, o fax, a teleconferência e similares, que, geralmente, estabelecem comunicação entre dois interlocutores ou entre pequenos grupos de interlocutores, não podem considerar-se efetivos meios de comunicação social.
As novas tecnologias, a miniaturização dos equipamentos e a diminuição dos preços permitiram a erupção dos self media, os meios de comunicação usados por uma pessoa ou por um pequeno grupo de pessoas para comunicar com outra pessoa ou outro pequeno grupo de pessoas. Os jornais escolares de pequena tiragem, tal como os jornais on line e os jornais distribuídos por fotocópias, desde que sejam elaborados por uma pessoa ou por um pequeno grupo de pessoas que quer difundir mensagens para um número restrito de outras, podem ser considerados self media.
A importância dos meios de comunicação, para a sociedade, assenta principalmente em dois fatores.
Em primeiro lugar, e embora concorram, em termos de influência, com outros agentes mediadores, como a escola ou a família, os meios de comunicação suportam conteúdos que contribuem para os processos de produção e construção, de reprodução e reconstrução e de representação social da realidade e da cultura, desde logo porque têm um papel na prescrição dos comportamentos e atitudes aceitáveis e convenientes no meio social, porque fazem circular a informação, podendo promover o conhecimento, e porque estabelecem os parâmetros da normalidade e os referentes sociais sobre a realidade. Em segundo lugar, os meios de comunicação, enquanto artefactos técnicos e não apenas enquanto difusores de mensagens, terão tido também um papel relevante na determinação da história das civilizações, das sociedades e das culturas.
Por exemplo, em consonância com McLuhan, a aparição do papel e o aparecimento da tipografia teriam conduzido ao reforço das identidades nacionais, já que não só as ordens e as leis eram reproduzidas e difundidas com maior rapidez a todo um território, como também as pessoas desse território eram fácil e rapidamente informadas do que acontecia e dos seus direitos e deveres. Por seu turno, a emergência dos meios de comunicação eletrónicos, nomeadamente da televisão, que vence fronteiras e reintroduz a multissensorialidade na comunicação mediática, teria contribuído para a integração da Humanidade numa espécie de "tribo Glanetária", que habitaria um mundo transformado numa "aldeia global".
Será ainda importante destacar que os novos media digitais estão, de algum modo, a tornar obsoleta a antiga divisão dos media e a transformar a civilização, permitindo uma reavaliação da pertinência das teses mcluhanianas (ver Marshall Mcluhan). Vemos, por exemplo, que os vários media convergem no multimédia. A internet é um veículo multimédia por excelência, que suporta combinações de texto escrito, imagens (fixas e animadas) e som. A interatividade é outra das marcas de alguns destes novos meios, que permitem não só a capacidade de produção e de escolha, mas também, por exemplo, a capacidade de falar com desconhecidos. Com os novos media, sem fronteiras, de difícil controlo, em grande medida não institucionalizados e que "pertencem" aos participantes, estão mesmo a surgir novas formas de expressão e comunicação que têm influência nas relações sociais e nos processos de produção, reprodução, representação, construção e reconstrução da realidade e da cultura. A título de exemplo, poderíamos falar da netiqueta, as regras de etiqueta na internet, que, de algum modo, são ao mesmo tempo locais e universais. Isto leva-nos a um outro paradoxo da contemporaneidade: os meios de comunicação fomentam uma cultura global, mas também potenciam a preservação das culturas locais, ao ponto de se poder falar de uma glocalidade.
O apetite voraz das grandes multinacionais sobre os meios emergentes e os tradicionais tem levado à criação de grandes oligopólios transnacionais na área da comunicação. As fusões permitem a esses oligopólios controlar ao mesmo tempo importantes setores da produção de conteúdos, das telecomunicações e das novas tecnologias da comunicação multimédia. Esta tendência, embora permita o aproveitamento de sinergias dentro desses oligopólios, poderá desenhar-se como uma ameaça, ou não, à diversidade, à democracia e à polifonia, no seio das sociedades e das culturas.
De qualquer modo, convém chamar a atenção para o fenómeno e redobrar os esforços de vigilância sobre o meio social. Até porque, se, de algum modo, a comunicação social, nos meios tradicionais, tem evoluído no sentido da exploração de segmentos do público, fomentando alguma diversidade, também não será menos certo dizer que os conteúdos direcionados para cada público-alvo são crescentemente homogéneos (fenómeno paradoxal da segmentação da audiência e da homogeneização dos conteúdos). De qualquer forma, a elevada interatividade e a facilidade com que qualquer pessoa coloca conteúdos na net está a redefinir os papéis dos tradicionais mediadores na produção de conteúdos. É o que acontece, por exemplo, aos jornalistas. Não foi por acaso que o escândalo sexual Clinton-Lewinsky apareceu pela primeira vez na internet, onde, numa página de um repórter marginal ao sistema, o Drudge Report, se revelava que uma equipa de reportagem da revista Newsweek possuía informações comprometedoras acerca de um caso sexual envolvendo o presidente Bill Clinton, mas que questões editoriais impediam a sua publicação. Dias depois, toda a máquina mediática se debruçava sobre o assunto.
Os jornalistas e o jornalismo tinham sido ultrapassados no seu papel mediador entre as fontes e o público, tal como o foram quando o relatório do procurador Starr sobre o caso foi disponibilizado na internet, permitindo um acesso direto a milhões de pessoas. O relatório, porém, tinha 400 páginas. Talvez aos jornalistas (ou melhor, aos produtores de conteúdos) do futuro continue, assim, a estar reservado um papel de seleção e de análise dos acontecimentos e das problemáticas, porque informação e conhecimento são coisas distintas.
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