Haiti

João Pedro Marques

Quarenta árvores em discurso directo

António Bagão Félix

As histórias que nos matam

Maria Isaac

1 min

Michelangelo Antonioni
favoritos

Realizador italiano, nascido a 29 de setembro de 1912, em Ferrara, e falecido a 30 de julho de 2007, em Roma. Vulgarmente conhecido como o cineasta da incomunicabilidade humana e da afasia sentimental, começou a dedicar-se ao cinema em 1939.

Wim Wenders, que com ele colaborou em Al di Là Delle Nuvole (Para além das Nuvens, 1995), fez notar a possibilidade de tais noções derivarem daquilo a que ele chama a "técnica inumana" de Antonioni, aquela que usa o olhar técnico do zoom, através do qual a câmara pode ver e mostrar mais detalhadamente sem se aproximar do seu objeto - capacidade que o olho humano não detém.

No entanto, recorrendo frequentemente a planos longos para se abandonar ao itinerário das personagens, Antonioni conserva a essência subjetiva da monótona temporalidade humana. Neste sentido, ele, que desde criança manteve um interesse apaixonado pela pintura e pela arquitetura, faz crescer o filme da exploração dos seus espaços, utilizando-os, como em La Notte (A Noite, 1959), antes de serem preenchidos pelas personagens, que, quando surgem, são apropriadas como mais um elemento da paisagem global.

Basta-nos recordar Monica Vitti e Alain Delon em L'Eclisse (O Eclipse, 1962) ou Daniela Silverio e Christine Boisson em Identificazione di una Donna (Identificação de uma Mulher (1982) para sabermos que mesmo os corpos são filmados como paisagens enigmáticas, sendo Antonioni famoso como revelador da beleza dos homens e das mulheres que filma. Assim, Antonioni surge como cineasta das imagens que ocupam o Mundo porque mesmo o rumor da emocionalidade humana nos é dado através da secura abstrata da matéria dos corpos e dos espaços de que estes respiram.

Contudo, há na sua obra, nomeadamente em Blowup (História de um Fotógrafo, 1966), também a consciência dolorosa da cegueira a que as imagens conduzem, pois é nelas que podemos deixar de ver o Mundo, pelo que, afinal, nos vemos perante um cineasta da atração pelo indecifrável, que nunca chega às imagens. Ironicamente, quase reduzido à mudez em consequência de um enfarte, Antonioni corporiza justamente as isotopias fundamentais da sua obra cinematográfica: o esgotamento, a afasia, o incomunicável e o enigmático.

Partilhar
  • partilhar whatsapp
Como referenciar
Michelangelo Antonioni na Infopédia [em linha]. Porto Editora. Disponível em https://www.infopedia.pt/artigos/$michelangelo-antonioni [visualizado em 2025-06-24 17:19:51].

Haiti

João Pedro Marques

Quarenta árvores em discurso directo

António Bagão Félix

As histórias que nos matam

Maria Isaac