Mosteiro dos Jerónimos
Um dos mais belos e imponentes monumentos da arquitetura manuelina, consagrado a Santa Maria de Belém e iniciado em 1502, sob o patrocínio régio de D. Manuel I, materializou-se na antiga praia do Restelo, com o propósito de albergar a comunidade dos frades da Ordem de S. Jerónimo.
O plano geral do Mosteiro dos Jerónimos é da autoria de Boitaca, arquiteto que se encontra ativo até 1516. Dentro dos cânones que caracterizaram o manuelino, Boitaca recorreu a uma decoração emblemática de esferas armilares e outros símbolos heráldicos reais, ou de cariz naturalista e realista - casos das cordas, de cabos, troncos e raízes.
Sucede-lhe à frente do estaleiro dos Jerónimos, a partir de 1517, o arquiteto João de Castilho, que imprime uma linha artística entre a tradição do gótico final e a inovadora corrente renascentista. Novas obras foram realizadas posteriormente, no reinado de D. João III, numa tendência artística já completamente de feição classicista.
Ao terramoto de 1755 escaparam algumas das principais dependências do mosteiro, tais como a igreja e a sua capela-mor, bem como o seu magnífico claustro. Menos sorte coube à parte conventual dos dormitórios, seriamente danificados nesse sismo e que seriam profundamente remodelados no século XIX, num atípico revivalismo neo-manuelino. Atualmente, esta área alberga o Museu Nacional de Arqueologia e, noutra secção, o Museu da Marinha.
A porta sul dos Jerónimos é um dos tesouros artísticos do edifício religioso e deve-se ao labor de João de Castilho. Portal extremamente elegante, nele se harmonizam a escultura de vulto renascentista - as imagens da Virgem sob o baldaquino central, a estátua do infante D. Henrique e as esculturas de um Apostolado, com a finura e o recorte rendilhado dos motivos geometrizantes do manuelino.
A porta axial, orientada a poente, é o mais grandioso conjunto escultórico dos Jerónimos. O escultor Nicolau Chanterene marcou a sua presença neste portal de Boitaca, povoando as suas molduras, arquivoltas e baldaquinos com belíssimas composições escultóricas alusivas à vida da Virgem e de Cristo. De cada lado do portal encontram-se as esculturas de vulto, em tamanho natural, dos patronos deste grandioso empreendimento - D. Manuel I e D. Maria -, ajoelhados e em oração. O quadro escultórico é completado por um grupo de apóstolos e santos, com destaque para as imagens do Infante Santo D. Fernando e S. Vicente, padroeiro de Lisboa.
O interior da igreja possui uma atmosfera de grande encantamento, acentuada pela serena luminosidade filtrada pelos vitrais das janelas. É dividido em três naves à mesma altura, separadas por altos pilares octogonais, preenchidos por exuberante e delicada decoração escultórica. A abóbada, de cruzaria ogival, apresenta um complexo e deslumbrante jogo de nervuras e chaves em pedra. Numa capela do altivo e magnífico transepto está exposto o túmulo de D. Sebastião.
A capela-mor, projetada por Diogo de Torralva e construída por Jerónimo Ruão, data do 3.o quartel do século XVI, constituindo-se como um monolítico e severo retângulo, influenciado pelas linhas da arquitetura militar classicista. Decorada no seu interior com sóbrios mármores policromos, nela repousam os restos mortais de D. Manuel I e de D. Maria, para além de D. João III e de D. Catarina. O retábulo é constituído por importantes pinturas maneiristas sobre a Paixão de Cristo, contendo ainda um soberbo sacrário lavrado em prata, datado da 2.a metade do século XVII.
O claustro dos Jerónimos é outra das magníficas dependências do mosteiro, quer pela sua original configuração, quer ainda pelos motivos ornamentais. Desenhando um octógono, o claustro surge com os seus tramos preenchidos por arcos abatidos e a cobertura do piso inferior constituída por abóbada de cruzaria, própria da linguagem gótica de Boitaca. Por seu lado, o andar superior contrasta harmoniosamente nas suas linhas mais classicizantes, idealizadas por João de Castilho. Estas variações entre forma e decoração gótico-renascentista conferiram-lhe uma surpreendente originalidade. A túrgida decoração manuelina assoma nas colunas e nos arcos claustrais, preenchidos por uma multiplicidade de motivos escultóricos (cruz de Cristo, esferas armilares e outros símbolos reais e de sentido religioso).
Local de recolhimento e oração para os monges de S. Jerónimo, este soberbo mosteiro constituiu-se, igualmente, como panteão régio, que os proventos do comércio da carreira da Índia permitiram materializar.
Juntamente com a Torre de Belém, foi classificado Património Mundial pela UNESCO em 1983.
O plano geral do Mosteiro dos Jerónimos é da autoria de Boitaca, arquiteto que se encontra ativo até 1516. Dentro dos cânones que caracterizaram o manuelino, Boitaca recorreu a uma decoração emblemática de esferas armilares e outros símbolos heráldicos reais, ou de cariz naturalista e realista - casos das cordas, de cabos, troncos e raízes.
Sucede-lhe à frente do estaleiro dos Jerónimos, a partir de 1517, o arquiteto João de Castilho, que imprime uma linha artística entre a tradição do gótico final e a inovadora corrente renascentista. Novas obras foram realizadas posteriormente, no reinado de D. João III, numa tendência artística já completamente de feição classicista.
A porta sul dos Jerónimos é um dos tesouros artísticos do edifício religioso e deve-se ao labor de João de Castilho. Portal extremamente elegante, nele se harmonizam a escultura de vulto renascentista - as imagens da Virgem sob o baldaquino central, a estátua do infante D. Henrique e as esculturas de um Apostolado, com a finura e o recorte rendilhado dos motivos geometrizantes do manuelino.
A porta axial, orientada a poente, é o mais grandioso conjunto escultórico dos Jerónimos. O escultor Nicolau Chanterene marcou a sua presença neste portal de Boitaca, povoando as suas molduras, arquivoltas e baldaquinos com belíssimas composições escultóricas alusivas à vida da Virgem e de Cristo. De cada lado do portal encontram-se as esculturas de vulto, em tamanho natural, dos patronos deste grandioso empreendimento - D. Manuel I e D. Maria -, ajoelhados e em oração. O quadro escultórico é completado por um grupo de apóstolos e santos, com destaque para as imagens do Infante Santo D. Fernando e S. Vicente, padroeiro de Lisboa.
O interior da igreja possui uma atmosfera de grande encantamento, acentuada pela serena luminosidade filtrada pelos vitrais das janelas. É dividido em três naves à mesma altura, separadas por altos pilares octogonais, preenchidos por exuberante e delicada decoração escultórica. A abóbada, de cruzaria ogival, apresenta um complexo e deslumbrante jogo de nervuras e chaves em pedra. Numa capela do altivo e magnífico transepto está exposto o túmulo de D. Sebastião.
A capela-mor, projetada por Diogo de Torralva e construída por Jerónimo Ruão, data do 3.o quartel do século XVI, constituindo-se como um monolítico e severo retângulo, influenciado pelas linhas da arquitetura militar classicista. Decorada no seu interior com sóbrios mármores policromos, nela repousam os restos mortais de D. Manuel I e de D. Maria, para além de D. João III e de D. Catarina. O retábulo é constituído por importantes pinturas maneiristas sobre a Paixão de Cristo, contendo ainda um soberbo sacrário lavrado em prata, datado da 2.a metade do século XVII.
O claustro dos Jerónimos é outra das magníficas dependências do mosteiro, quer pela sua original configuração, quer ainda pelos motivos ornamentais. Desenhando um octógono, o claustro surge com os seus tramos preenchidos por arcos abatidos e a cobertura do piso inferior constituída por abóbada de cruzaria, própria da linguagem gótica de Boitaca. Por seu lado, o andar superior contrasta harmoniosamente nas suas linhas mais classicizantes, idealizadas por João de Castilho. Estas variações entre forma e decoração gótico-renascentista conferiram-lhe uma surpreendente originalidade. A túrgida decoração manuelina assoma nas colunas e nos arcos claustrais, preenchidos por uma multiplicidade de motivos escultóricos (cruz de Cristo, esferas armilares e outros símbolos reais e de sentido religioso).
Local de recolhimento e oração para os monges de S. Jerónimo, este soberbo mosteiro constituiu-se, igualmente, como panteão régio, que os proventos do comércio da carreira da Índia permitiram materializar.
Juntamente com a Torre de Belém, foi classificado Património Mundial pela UNESCO em 1983.
Partilhar
Como referenciar
Porto Editora – Mosteiro dos Jerónimos na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-18 17:08:57]. Disponível em
Outros artigos
-
UNESCOOrganização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, organismo criado em 1946 para prom...
-
Património MundialEm 1962 foi assinado um Acordo Internacional com vista à preservação do Património Mundial, de âmbit...
-
ÍndiaGeografia País do Sul da Ásia. Faz fronteira com o Paquistão, a noroeste, com a China, o Nepal e o B...
-
D. Manuel IMonarca português, filho do infante D. Fernando, irmão de D. Afonso V, e de D. Brites, nasceu em 146...
-
LisboaAspetos geográficos Cidade, capital de Portugal, sede de distrito e de concelho. Localiza-se na Regi...
-
D. FernandoMonarca português, também designado por D. Fernando I e cognominado "o Formoso", foi o nono rei de P...
-
VirgemConstelação e sexto signo do Zodíaco, o seu período decorre entre 23 de agosto e 22 de setembro. Con...
-
Nicolau ChantereneEscultor francês que trabalhou em Portugal de 1517 a 1551, data provável da sua morte. Introduziu no...
-
MariaNascida cerca do ano 15 a. C., provavelmente em Jersusálem, pouco se sabe sobre a sua ascendência. P...
-
Igreja de S. Pedro (Santa Cruz das Flores)A atual igreja de S. Pedro, situada no concelho de Santa Cruz das Flores, na ilha das Flores, Açores
Partilhar
Como referenciar 
Porto Editora – Mosteiro dos Jerónimos na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-18 17:08:57]. Disponível em