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Negritude
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Os chamados movimentos da Negritude começaram por surgir nas Antilhas, no Brasil e nos EUA, fundamentalmente.
Nas Antilhas, as primeiras manifestações surgiram após uma violenta insurreição dos escravos negros, levada a cabo em 1791 pelo negro Toussant Louverture, que acabou por ser preso e mais tarde libertado. Foi exatamente esta a tentativa de dar voz aos negros oprimidos por um regime colonizador, neste caso francês, reivindicando uma sociedade negra livre.
No Brasil, cedo se fez ouvir um forte protesto poético anti-esclavagista. Foi exatamente neste país sul-americano de expressão portuguesa que surgiram as vozes do chamado afro-brasileirismo poético.
Nos EUA, uma vez que se apresentava como o espaço privilegiado para o aparecimento de correntes anti-esclavagistas, apareceram as primeiras manifestações culturais e literárias de um afro-americanismo, através das designações New Negro ou Black Rainaissance, embora este movimento literário cultural seja geralmente conhecido como Black Rainaissance, Renascimento Negro, tendo como centro ou sede o famoso bairro negro do Harlem.
Nos anos 20, este afro-americanismo começou a enviar as suas mensagens reivindicativas para Paris através da música - mais concretamente através do Jazz - com especial relevo para o famoso trompetista negro Louis Armstrong. Com o jazz veio também a poesia e depois o romance e, por influência deles, começaram as primeiras manifestações parisienses de estudantes negros-francófonos, desejosos de criarem uma literatura que falasse verdadeiramente do mundo negro.
Foi neste ambiente de bruscas mudanças éticas e estéticas que surgiu a revista Légitime Défense que, embora não tenha saído do primeiro número, foi decisiva para o aparecimento da Negritude.
Através desta revista dá-se o novo passo decisivo para a plena propaganda da Negritude, com o jornal Estudantil L'Étudient Noir, cujos Diretores eram Léopold Sédar Senghor, Aimé Césair e Léon Damas. Aqui começou a verdadeira reivindicação da africanidade específica, o sentimento de nostalgia da pátria africana e o forte desejo de modificar o destino de todo o povo negro colonizado, fazendo com que lutem por direitos de igualdade e humanidade.
Foram estes os mais puros motes de toda a literatura produzida por esta Negritude. De facto, nos seus temas principais e mais frequentes encontra-se: a revolta contra o sistema social, mais concretamente contra o racismo; o desajuste e injustiça da posição social, histórica e política e a revolta e violência contra as condições criadas em África pela colonização.
Em toda a produção literária deste movimento temos sempre patente o ódio, a raiva, a agressividade e o desejo de vingança e violência contra a descriminação social e racial, que provoca uma angústia existencial e um desejo de ultrapassar as contingências. Assim sendo, toda a poesia da Negritude estava reduzida ao papel de suporte ideológico e social - tratava-se, então, de uma Literatura comprometida, em que o seu principal objetivo era o de reabilitar a raça negra que até então tinha sido humilhada.
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Como referenciar
Porto Editora – Negritude na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-04-19 13:27:04]. Disponível em

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