Morro da Pena Ventosa

Rui Couceiro

Pedra e Sombra

Burhan Sönmez

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Carlos de Matos Gomes

1 min

Névoa ou Sintaxe
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A terceira obra publicada por Liberto Cruz abre com uma epígrafe de Antero de Quental ("Em vão lutamos. Como névoa baça/ a incerteza das coisas nos envolve.)" que parece explicar o título da coletânea, cuja conjunção disjuntiva situa o poeta diante da alternativa entre a "névoa", sinónimo, de acordo com o verso de Quental, de uma "incerteza" que retira ao sujeito a capacidade de agir e de lutar, e a "sintaxe", compreendida, então, como reverso de "névoa", logo, como capacidade conferida à palavra de impor uma ordem discursiva, mas também de dar um sentido à luta e às "coisas". Esta palavra restauradora de sentido não equivale porém à de um discurso eminentemente lógico e racional como poderia fazer supor a "sintaxe", mas a uma palavra primordial, "primeira taça", "primordial fluido", "eterno canto eterno", "que a memória esmagou nos séculos" e que deve ser buscada no "fundo mais fundo das raízes" ("Poema Barroco"). Fernando J. B. Martinho (Tendências Dominantes da Poesia na Década de 50, 1996) situa a poesia de Névoa ou Sintaxe numa segunda fase da geração de 50, marcada por uma tendência neobarroca a que não é alheia a influência da poesia espanhola, e cujos traços estilísticos mais recorrentes na poética de Liberto Cruz corresponderiam à utilização de processos acumulativos, sob a forma anafórica ou enumerativa, do paralelismo sintático e de uma intensa adjetivação normalmente anteposta aos substantivos.
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Como referenciar
Porto Editora – Névoa ou Sintaxe na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-09-09 08:59:16]. Disponível em

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