Quarenta árvores em discurso directo

António Bagão Félix

As histórias que nos matam

Maria Isaac

O segredo de Tomar

Rui Miguel Pinto

2 min

O Meu Tio da América
favoritos

Comédia satírica francesa realizada em 1980 por Alain Resnais, Mon Oncle d'Amérique foi interpretado por Gérard Depardieu, Nicole Garcia, Roger-Pierre e Marie Dubois, entre outros. O argumento foi escrito por Jean Gruault com base em teses do professor Henri Laborit.

A narrativa cruza três histórias. Jean Le Gall (Roger-Pierre) é um executivo da televisão com uma ambicionada carreira literária e política. Uma noite, conhece uma jovem atriz, Janine Garnier (Nicole Garcia), e por ela deixa a mulher e os filhos. Janine é filha de militantes comunistas e foge de uma vida de pobreza para seguir o seu sonho do teatro. Mas a sua relação com Jean termina quando a mulher deste intervém usando a chantagem. A partir daí, Janine muda de profissão e de ambiente, tornando-se conselheira de um grupo industrial, onde conhece René Ragueneau (Gérard Depardieu), um católico que deixou o trabalho na terra para se dedicar à indústria têxtil. Tornou-se chefe de serviço, mas a crise económica e os jogos de ambição humana trouxeram-lhe uma série de humilhações profissionais. Mal preparado para as enfrentar, René acaba por tentar o suicídio.

Cada uma das personagens é associada a um ator ou atriz fétiche - Jean é fiel a Danielle Darrieux, Janine aprecia Jean Marais e René idolatra Jean Gabin - de quem vão surgindo sequências que têm ressonância nos destinos das respetivas personagens.

À medida que se desenrolam as três histórias, estas vão sendo pontuadas por intervenções de Henri Laborit (que se interpreta a si próprio) que demonstram determinadas leis do comportamento humano baseadas nos estudos que ele fez ao cérebro e à fisiologia animal. Essas teorias sustentam que os atos do indivíduo são determinados pelo condicionamento da infância. Cada um reage segundo pulsões de tipo primário: a da luta contra o rival ou da fuga do inimigo. Uma vez que uma pessoa é incapaz de escolher entre o afrontamento e a debandada, produz-se um fenómeno de inibição que pode conduzir a situações-limite como o suicídio.

Num dispositivo que funde documentário com ficção e usa histórias para ilustrar teorias do comportamento humano, esta é uma fascinante comédia que ganhou enorme prestígio entre os críticos e o público.
Venceu o Grande Prémio Especial do Júri do Festival de Cannes, seis Césares e foi ainda nomeado para o Óscar de Melhor Argumento Original.

Partilhar
  • partilhar whatsapp
Como referenciar
Porto Editora – O Meu Tio da América na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2025-05-23 05:27:41]. Disponível em

Quarenta árvores em discurso directo

António Bagão Félix

As histórias que nos matam

Maria Isaac

O segredo de Tomar

Rui Miguel Pinto