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Os Maias
Romance em dois volumes, publicado em 1888 com o subtítulo Episódios da vida romântica, é considerado pelos críticos a melhor obra de Eça de Queirós e uma das obras-primas da literatura portuguesa. A primeira referência ao título Os Maias terá surgido numa carta ao editor Chardron, de 1878, como uma das obras a serem incluídas na série Cenas portuguesas ou Cenas da vida portuguesa, o que indica que a gestação do romance tenha durado cerca de dez anos. Vale principalmente pela linguagem em que está escrito e pela fina ironia com que o autor define os caracteres e apresenta as situações. É um romance realista (e naturalista) onde não faltam o fatalismo, a análise social, as peripécias e a catástrofe próprias do enredo passional.
A obra ocupa-se da história de uma família (Maia) ao longo de três gerações, centrando-se depois na última geração. Apresenta dois planos cruzados: o da intriga sentimental, com a história de amor incestuoso, marcada por ingredientes trágicos, entre Carlos da Maia e Maria Eduarda, desdobramento dos amores infelizes entre Pedro da Maia e Maria Monforte, e o da crítica social. A história é também um pretexto para o autor fazer uma crítica à situação decadente do país (a nível político e cultural) e à alta burguesia lisboeta oitocentista, por onde perpassa um humor (ora fino, ora satírico) que configura a derrota e o desengano de todas as personagens. Vincando nesta obra o conflito que o opunha ao país, Eça procede a um inquérito da sociedade portuguesa nos mais diversos domínios: o parlamentarismo, representado pelo conde de Gouvarinho e por Sousa Neto; o meio cultural, satirizado no episódio do sarau no Teatro da Trindade; o jornalismo corrupto, encarnado por Palma Cavalão; as consequências da educação beata e provinciana, espelhada em Eusebiosinho; o romantismo literário, tipificado em Tomás de Alencar; sendo João da Ega, o inseparável amigo de Carlos, o principal acusador dos males do país, mas estando ele próprio não isento de ridículos.
Sob o ponto de vista da evolução estético-literária de Eça de Queirós, o romance tem sido entendido como um momento de confrontação do Realismo-Naturalismo. De facto, se, por um lado, a composição de personagens como Pedro da Maia, Eusebiosinho ou até Carlos da Maia em criança, bem como a crónica social conducente ao diagnóstico pessimista da desgraça do país e da degenerescência da raça são de cariz naturalista, por outro lado, a ambiguidade do protagonista Carlos, o estatuto e as perspetivas do narrador e sobretudo o peso da fatalidade transcendente que parece surgir como a principal determinante do incesto, cuja progressão trágica é assinalada por uma série de presságios, constituem fatores de questionamento do Realismo-Naturalismo, sem que levem o autor a afastar-se definitivamente dele.
Sob o ponto de vista da evolução estético-literária de Eça de Queirós, o romance tem sido entendido como um momento de confrontação do Realismo-Naturalismo. De facto, se, por um lado, a composição de personagens como Pedro da Maia, Eusebiosinho ou até Carlos da Maia em criança, bem como a crónica social conducente ao diagnóstico pessimista da desgraça do país e da degenerescência da raça são de cariz naturalista, por outro lado, a ambiguidade do protagonista Carlos, o estatuto e as perspetivas do narrador e sobretudo o peso da fatalidade transcendente que parece surgir como a principal determinante do incesto, cuja progressão trágica é assinalada por uma série de presságios, constituem fatores de questionamento do Realismo-Naturalismo, sem que levem o autor a afastar-se definitivamente dele.
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Como referenciar
Porto Editora – Os Maias na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2024-12-05 11:17:33]. Disponível em
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